Chacina dos Portugueses: relembre caso dos seis empresários enterrados vivos
Há 22 anos, seis empresários portugueses eram enterrados vivos em barraca de praia na cidade de Fortaleza; reveja os eventos da chacinaEm 24 de agosto de 2001, seis corpos foram encontrados em uma barraca na Praia do Futuro. As vítimas, empresários portugueses que visitavam Fortaleza, tinham sido espancadas e enterradas com vida, estabelecendo o nome “Chacina dos Portugueses” para o caso.
O desaparecimento dos turistas ocorreu após desembarque no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em 12 de agosto do mesmo ano. Mas a ausência do sexteto foi relatada ao então cônsul honorário de Portugal em Fortaleza, Carlos Pimentel de Matos, apenas no dia 16.
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O crime, que chocou a população brasileira e portuguesa, completou duas décadas em 2021 com os cinco responsáveis apontados pela Polícia Federal (PF) condenados a mais de 100 anos de prisão.
Entenda como a Chacina dos Portugueses foi articulada e os seus envolvidos.
Chacina dos Portugueses: articulação do crime
O mentor intelectual da chacina, Luiz Miguel Militão Guerreiro, planejou o crime ao lado dos demais acusados. Em entrevista ao O POVO em 2001, na época da chacina, Militão descreve seus comentários ao grupo, afirmando que amigos “estribados” de Portugal estariam visitando Fortaleza.
O planejamento começou cerca de 20 a 30 dias antes da chegada dos turistas, mas não incluía o assassinato até poucos dias. Segundo revelou, seria a “melhor solução” para evitar a descoberta do crime.
As vítimas foram guiadas do aeroporto até a barraca Vela Latina, na Praia do Futuro, alugada pelos acusados como uma boate durante a noite.
Militão, também de nacionalidade portuguesa, conhecia António Correia Rodrigues, um dos viajantes. O mandante chegou, inclusive, a morar com a família de Rodrigues por três meses, mas saiu sem explicações.
"Eu e meu cunhado (Rodrigues) conhecemos ele (Guerreiro) em uma construção. Ele era um funcionário muito extrovertido, nunca estava triste. No final do ano passado, ele se divorciou e pediu para viver em nossa casa. Fizemos um favor de amigo", disse José Antonio Matela, cunhado de Rodrigues, para a Folha de São Paulo.
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Chacina dos Portugueses: as vítimas
Os seis empresários — Joaquim Silva Mendes, Joaquim Manuel Pestana da Costa, Joaquim Fernandes, Manuel Joaquim Barros, Vítor Manuel Martins e António Correia Rodrigues — foram rendidos e agredidos, antes de serem enterrados debaixo do piso da barraca, na cozinha.
Militão, que efetuou saques e compras nas contas das vítimas, foi encontrado e preso no estado Maranhão, confessando a sua atuação no crime e indicando os demais associados.
Chacina dos Portugueses: os condenados
No total, cinco homens foram condenados pela morte dos portugueses, incluindo Militão. Foram eles: Leonardo Sousa dos Santos, Manoel Lourenço Cavalcante, José Jurandir Pereira Ferreira e Raimundo Martins da Silva Filho.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, peça da acusação contra os responsáveis pela chacina, o segurança Raimundo Martins, “de revólver em punho e mediante grave ameaça de morte, imediatamente, rendeu a todos os portugueses, determinando-os a deitarem ao chão, o que de pronto foi obedecido.”
Veja a seguir as condenações de cada réu pelo crime, condenados em julgamento durante fevereiro de 2002:
- Luiz Miguel Militão Guerreiro (considerado como mentor): condenado a 150 anos de prisão
- Leonardo Sousa dos Santos, Manoel Lourenço Cavalcante e José Jurandir Pereira Ferreira: condenados a 120 anos de prisão
- Raimundo Martins da Silva Filho (considerado o mais violento): condenado a 132 anos de prisão
Na legislação brasileira, a pena máxima para crimes hediondos é de 30 anos. Nesse caso, o número maior que o limite pode ser analisado na hora de conceder “benefícios” para o réu.
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Chacina dos Portugueses: resposta da mídia
Em 2019, o jornal português Correio da Manhã indicou que Militão, detido no Instituto Penal Paulo Sarasate, em Fortaleza, já havia planejado fugir três vezes e tinha tentado cometer suicídio. No local, acredita-se que era maltrado por outros reclusos.
Anteriormente, em 2010, o mentor do crime — que ficou popularmente conhecido como o “Monstro de Fortaleza” — publicou uma espécie de autobiografia, recontando os eventos do crime de acordo com a sua perspectiva em obra intitulada “Morrer na Praia do Futuro”. (Com informações do O POVO +)