"É uma vitória da nossa periferia", diz Mãe do Curió após condenação de PMs

Mães de vítimas da chacina ressaltam que, apesar do resultado esperado por elas no primeiro julgamento, ainda faltam outros dois processos

O sentimento de paz pôde ser parcialmente reconhecida pelas Mães do Curió depois do tão esperado fim do julgamento dos quatro primeiros policiais militares acusados pela da Chacina da Grande Messejana, no qual os PMs foram sentenciados a 1.103 anos e oito meses de prisão.

Admitindo o sabor de dever cumprido, Edna Carla Cavalcante, mãe do Alef Souza Cavalcante — uma das 11 pessoas mortas na madrugada do dia 12 de novembro de 2015,, afirma que não está tudo resolvido. Isto porque, "ainda tem os outros", como completa. Dois julgamentos, marcados para agosto e setembro, decidem o veredito de outros 30 policiais.

Segundo Edna, esta foi uma resposta dada a todos. "Essa é uma vitória não só do movimento 'Mães do Curió'. É da nossa periferia. É do nosso povo. É libertar os jovens das mortes. Essa vitória é do Alef, do Jardel, do Pedro, do Gilvan, do Renayson, do Alisson, do Vlamir, do Elenildo, Marcelo, Patrício, mas também de vocês, do nosso povo. Eles precisavam dessa resposta."

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Para ela, não é justo que as pessoas continuassem "pagando a bala que matou seus filhos e pagasse o salário dessas pessoas". Os policiais condenados foram também expulsos da Corporação, segundo decisão do Tribunal do Júri.

"Não queremos o mal da Polícia. O que nós queríamos era a condenação de quem praticou este crime bárbaro. E conseguimos. A Justiça tramou, e, pela primeira vez no Ceará, estamos vendo policiais sendo condenados e saindo presos, e também sendo exonerados dos seus cargos", assume.

"Era por isso que a gente chorava e que a gente gritava. Porque os nossos filhos, e todos os seus sonhos, foram enterrados. E os nossos sonhos também foram enterrados.", conta, em tom emotivo.

Maria de Jesus, mãe de Renayson Girão da Silva, foi sucinta. Ela agradeceu toda a colaboração dos órgãos competentes na investigação e todos os movimentos envolvidos, e também que fez o que prometeu ao filho antes de enterrá-lo. "Quando enterrei meu filho, prometi que correria atrás da Justiça. E deu certo. Valeu a pena. Obrigada", agradeceu.

Já Ana Costa, viúva de José Gilvan Pinto Barbosa, espera que os próximos juris tenham o mesmo final. "Nos próximos, iremos manter a calma, assim como nesse, permanecer tranquilas e esperando o mesmo resultado. A gente não quer o mal, queremos que o nosso Estado tenha uma polícia acolhedora e amiga da sociedade, e principalmente do povo periférico".

*Com informações do repórter Lucas Barbosa*

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