Mães de pessoas encarceradas fazem passeata por direitos dos filhos

Manifestantes também pediram segurança, lazer e cultura para jovens negros e periféricos

“Nós não temos muito o que comemorar”, disse Alessandra Félix, membro do coletivo Vozes, durante manifestação de mães de crianças e adolescentes internos do sistema socioeducativo e de presos do sistema carcerário.

Na véspera do Dia das Mães, neste sábado, 13, diversos coletivos e ativistas se reuniram no centro de Fortaleza para clamar por direitos para as pessoas privadas de liberdade.

A III Travessia, nome dado à marcha dos familiares de pessoas encarceradas, foi iniciada na Praça do Ferreira e seguiu até a praça Murilo Borges. A manifestação teve apoio ainda de coletivos de jovens, artistas das periferias de Fortaleza e do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca).

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"Para gente foi necessário deixar de ser mães convencionais. Passamos a ser mães institucionais e nos tornamos defensoras dos direitos humanos, porque são nossos filhos que estão lá. São eles que retornam para dentro das nossas casas e, quando eles retornam, a gente quer que eles consigam um trabalho, constituir família e seguir suas vidas”, afirma Alessandra.

Segundo a ativista, o movimento das mães cobra que o Estatuto da Criança e do Adolescente seja cumprido dentro das instituições socioeducativas e a Lei de Execução Penal seja aplicada nos presídios, garantindo o tratamento correto para os internos.

“O que a gente pede é a responsabilização, e não a punição. Muitas vezes, tanto os adolescentes quanto os homens e mulheres, retornam [do cárcere] piores ou sem nenhuma perspectiva de vida. A gente reivindica que os espaços de privação de liberdade cumpram a sua responsabilidade”, diz.

Durante a concentração, membros dos coletivos leram uma carta que pede segurança para as periferias, lazer e cultura para os jovens negros. Os presentes também amarraram fitilhos na estrutura do relógio localizado no centro da Praça do Ferreira, simbolizando jovens assassinados na Capital.

Nayma Lima,18, participante dos coletivos Alium Resistência e Piraroots, explica porque os coletivos de jovens decidiram se juntar às mães no ato.

“É importante que todos esses coletivos aprendam sobre isso. É uma forma de pedir que a gente não tenha esse tipo de coisa na nossa favela. É uma perda muito grande um jovem morrer. Uma das coisas que a gente pede aqui é paz”, diz.

“A primeira coisa que eu vi aqui na praça foi uma mãe com um cartaz com a frase ‘e se fosse seu filho?’. A gente não queria que houvesse essa pergunta. Eu não queria ter que imaginar isso para minha mãe. Enquanto jovem negro e periférico, a gente tem essa realidade atravessada”, afirma o artista Mazé, que se apresentou após o ato na praça Murilo Borges.

Também estava presente o movimento Mães e Familiares do Curió, formado após chacina que matou 11 pessoas em 2015, na maioria jovens, na Messejana. Em junho, após oito anos dos crimes, ocorrerá o primeiro júri popular que julgará os policiais acusados de participar dos assassinatos.

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