Em quatro anos, Casa da Mulher Brasileira atende 162 mil vítimas de violência

Equipamento em Fortaleza recebe vítimas de violência física, agressão verbal e psicológica, ameaças e crimes contra a dignidade sexual

A Casa da Mulher Brasileira do Ceará, inaugurada em 2018 em Fortaleza, atendeu cerca de 162 mil vítimas de violência no Estado durante os quatro primeiros anos de atividade. O equipamento reúne serviços como a Delegacia de Defesa da Mulher, Defensoria Pública, Ministério Público e Juizado Especial em um só lugar, facilitando o acesso de mulheres à Justiça.

Com construção iniciada em 2016, o espaço só foi inaugurado dois anos depois. Durante o evento de comemoração realizado nesta terça-feira, 31, a coordenadora da Casa, Daciane Barreto, relembrou os impasses para a inauguração relacionados ao Governo Federal, na época.

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O equipamento atendeu mulheres de diversos perfis e níveis socioeconômicos. No entanto, Daciane afirma que a maioria das vítimas tem entre 24 e 40 anos, mora na Regional 5 de Fortaleza, se autodeclaram pardas e 35% delas não possuem renda.

A dependência financeira do agressor ainda é um dos principais fatores que dificultam o rompimento do círculo de violência. Daciane afirma que os cursos capacitantes e as qualificações profissionais promovidas pela Casa são algumas das ações que ajudam a mulher a sair do ambiente de violação.

Celina Sena, 47, foi uma das mulheres que procuraram o equipamento há três anos. Segundo ela, os degraus da Casa foram os mais difíceis que já subiu. Depois de denunciar o agressor, Celina voltou ao local para atendimentos psicológicos e serviços judiciários e foi encaminhada para cursos profissionalizantes de cabeleireiro.

“Eu conheço mulheres que não deixam o marido com medo dos filhos passarem fome. Por isso esses cursos são importantes, é uma quebra realmente da violência doméstica. Há três anos quando eu cheguei, pensei que seria só um B.O., como ele, o agressor, disse para mim que não daria em nada. E hoje ele vê o que foi que deu. Hoje tenho a cabeça erguida”, conta.

Durante a programação, a empresa CAC Engenharia anunciou uma parceria com a Casa da Mulher Brasileira no projeto "As Marias", de capacitação de mulheres vítimas de violência para serem pintoras. A primeira turma, segundo o diretor da empresa Artur Cunha, já tem 20 mulheres e deve iniciar contratos, tanto com empresas parceiras quanto com o público em geral.

Solenidade de celebração dos quatro anos de atividade da Casa da Mulher Brasileira teve presença da vice-governadora Jade Romero (MDB)
Solenidade de celebração dos quatro anos de atividade da Casa da Mulher Brasileira teve presença da vice-governadora Jade Romero (MDB) (Foto: Alexia Vieira/O POVO)

Denúncia deve ser feita o quanto antes

 

Assim que a mulher chega no equipamento, Daciane explica que o primeiro contato é com a equipe psicossocial. A partir disso, a vítima é encaminhada para o serviço necessário. Segundo a delegada da Delegacia de Defesa da Mulher, Aline Medeiros, vítimas de ameaça, lesão, perseguição e violência doméstica, além de qualquer crime relacionado a dignidade sexual, são atendidas no local.

“Venha o quanto antes. Dentro da delegacia temos meios para viabilizar os seus direitos. Nós só podemos atuar quando a situação é comunicada, para que a gente possa instaurar medidas protetivas, um inquérito para investigar a situação e conferir sua segurança”, diz Aline para mulheres que estão passando por uma situação de violência.

Denúncias também podem ser feitas pelo Ligue 180. Os relatos denunciados por meio do serviço também são encaminhados para a delegacia. “O que mais a gente quer no momento que a gente tá passando pelo que eu passei é só ser acolhida, ser ouvida e que as pessoas acreditem”, diz Celina, que afirma ter encontrado esse acolhimento na Casa da Mulher Brasileira.

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