Projeto pode repetir erros de obras anteriores, diz arquiteto

O professor e arquiteto Romeu Duarte comentou sobre o projeto divulgado pela Prefeitura de Fortaleza nesta terça-feira, 24 de janeiro, em entrevista à Rádio O POVO CBN

22:07 | Jan. 24, 2023

PROJETO virtual no espigão inclui plataforma para saltos no mar (foto: Prefeitura de Fortaleza/ divulgação )

Em entrevista à Rádio O POVO CBN, na tarde desta terça-feira, o professor e arquiteto Romeu Duarte comentou sobre o projeto de requalificação de 2 km da Praia de Iracema, divulgado pela Prefeitura de Fortaleza nesta terça-feira, 24 de janeiro, e apontou erros em obras anteriores na mesma área que podem se repetir na concepção da nova intervenção.

A obra, que deve ser iniciada em abril deste ano e tem prazo para conclusão de até quinze meses, vai implementar intervenções paisagísticas no calçadão da Praia de Iracema, além de um novo mirante e uma plataforma de salto na praia do Poço da Draga. No entanto, o professor do curso de Arquitetura da Universidade Federal do Ceará (UFC) destacou que a requalificação mantém uma tendência que se provou mal sucedida no passado: a atribuição de muitas funções a um só espaço.

“Nós (Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB Ceará) sempre achamos ‘over’, para usar uma expressão atual, essa coisa de você encher de funções um espaço que não precisa necessariamente dessas funções,” comentou. Ele citou como exemplo a ocupação de lugares que tem como objetivo a contemplação com atividades de comércio e serviço.

“Quando a Ponte dos Ingleses foi restaurada há alguns anos e lá foram colocadas sorveterias e restaurantes, tudo aquilo que foi colocado lá fracassou,” colocou Romeu Duarte, que também é colunista do O POVO. Ele acredita que nas futuras obras de revitalização na Praia de Iracema tendem a repetir o mesmo erro.

Para ele, muitas vezes esses comércios e serviços são colocados nesses locais como fachadas ativas, para proporcionar mais vigilância e segurança, mas “o que esses espaços precisam na verdade é de segurança garantida da polícia, da guarda municipal”.

“Não dá para você fazer arquitetura e urbanismo trancado dentro de casa e idealizando as coisas,” critica o professor. Para ele, os profissionais que trabalham com urbanismo em Fortaleza precisam andar pela cidade e ver o que está acontecendo nos espaços.