Prefeitura de Fortaleza promete tablets e auxílio de R$ 150 para alunos da EJA

Um pacote de investimento de R$ 30 milhões na Educação de Jovens e Adultos (EJA) foi anunciado pela Prefeitura de Fortaleza nesta segunda-feira, 23. A verba deverá ser utilizada para a aquisição de tablets e para o pagamento de um auxílio de R$ 150 mensais para cada aluno. A ajuda de custo ainda precisa ser aprovada pela Câmara Municipal.

De acordo com o prefeito José Sarto (PDT), a meta de matrículas da EJA para o ano letivo de 2023 é de 10 mil. Cerca de 4.500 alunos já se matricularam.

As aulas, que se iniciam na sexta-feira, 27, também terão um currículo reformulado para acrescentar qualificações com foco no empreendedorismo e na inclusão digital dos alunos, em parceria com o Sebrae e a Secretaria do Desenvolvimento Econômico. Além disso, a nova EJA deverá ter atividades presenciais e virtuais.

“A qualificação será totalmente integrada aos componentes curriculares. Vamos trabalhar a inclusão digital junto com a matemática, junto com a alfabetização dos estudantes. O empreendedorismo e o Projeto de Vida, tudo vai ser associado ao currículo para que fique interessante para aquele estudante que precisou abandonar a escola na etapa certa da vida, que para voltar agora a gente precisa que faça sentido”, afirma a secretária municipal da educação, Dalila Saldanha.

Apesar das mudanças no currículo, Dalila afirma que a carga horária das turmas continuará a mesma. Isso ocorre devido às necessidades específicas dos alunos da EJA, que geralmente trabalham durante o dia e só podem assistir às aulas à noite.

Alguns conteúdos a mais planejados pela Prefeitura serão disponibilizados digitalmente.

Auxílio pode aumentar procura por vagas

Os alunos terão de atingir uma taxa mínima de frequência para continuar recebendo os R$ 150 mensalmente, de acordo com a secretária. A frequência mínima será estabelecida pela lei enviada à Câmara Municipal. Além disso, os estudantes deverão cumprir com todas as atividades propostas.

O valor foi pensado para que os estudantes possam arcar com passagens de ônibus, materiais de apoio, dentre outras despesas. “Esse índice de pessoas com baixa escolarização coincide de forma muito forte com quem também não tem renda”, afirma Dalila.

Esses fatores influenciam na vulnerabilidade dos próprios alunos da rede. Conforme informado pela secretária, cerca de 15% das mães de alunos da rede pública municipal não têm o ensino fundamental completo.

Durante a pandemia, a distribuição de cestas básicas foi uma das condições que manteve os estudantes da EJA na escola. “Depois da pandemia temos alunos que vieram mesmo por causa da cesta básica, durante a pandemia esses alunos não se afastaram”, afirma a professora Maria de Jesus Vaz de Sousa, que trabalha com turmas de EJA em Fortaleza há 21 anos.

“Acredito que vai aumentar número de matrícula. Público da EJA tem, o que está faltando são políticas públicas, é incentivo, é acolhida. Precisamos de metodologia para acolher idosos e jovens”, diz a educadora. Segundo ela, as novas propostas curriculares não foram discutidas com os professores.

Em 2021, o número de matrículas na EJA (9.472) teve redução de 14,6% comparado a 2020 (11.093). No ano letivo de 2022, foram 5.539 matriculados, menor 41,5% do que no ano anterior.

Segundo a Prefeitura, a diminuição tem a ver com a melhoria da distorção idade-série, dado que acompanha o percentual de estudantes que têm idade acima da esperada para o ano em que estão matriculados. A pandemia também é um fator levado em consideração pela gestão.

Para se matricular, é preciso ir a qualquer escola mais próxima da residência do aluno para ser direcionado a um dos polos do EJA da Capital. Qualquer pessoa com mais de 15 anos que não concluiu o ensino fundamental pode participar. As matrículas continuam mesmo após o início das aulas.

Atualizada às 14h18min

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