Carnaval 2023: artistas questionam programação da Prefeitura

Programação do primeiro final de semana do Ciclo Carnavalesco de Fortaleza foi anunciada antes da finalização do edital que selecionariam atrações para o período

As atrações que irão compor o primeiro final de semana de Pré-Carnaval de Fortaleza foram divulgadas sem que os editais para composição da programação do período, lançados em dezembro de 2022, tenham sido finalizados. Artistas e produtores questionam a contratação de atrações de forma “paralela” à chamada pública, enquanto a Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor) denomina a programação anunciada como “complementar” aos editais.

No início de dezembro do ano passado, a Prefeitura lançou três chamadas para concessão de apoio financeiro às agremiações de maracatu e blocos de rua, bem como de credenciamento de atrações artísticas para apresentações no Ciclo Carnavalesco oficial. Projetos inscritos nos editais, porém, ainda esperam divulgação oficial de fases previstas nas chamadas.

“A gente esperava as fases — habilitação, resultado preliminar, resultado final — e o que teve até agora foi, basicamente, nada”, compartilha Renata Monte, produtora do Bloco Mambembe, antigo Bloco das Travestidas, que já se apresentou em diversos Ciclos Carnavalescos. O grupo aponta que não teve “nenhuma resposta” da Secultfor até o momento.

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"Fluxo protocolar e necessário"

Após demanda do Vida&Arte, a secretaria afirmou em nota que os três editais do Ciclo Carnavalesco 2023 “seguem fluxo protocolar e necessário, para que seja amplo, isonômico e transparente”. “Todo o trâmite pode ser acompanhado no portal da Central de Licitações da Prefeitura de Fortaleza (CLFor). Cumprindo os prazos legais, atualmente, os editais estão na fase de habilitação jurídica”, segue o texto.

A produtora Renata Monte compartilha, porém, que um documento que continha o suposto resultado da habilitação de inscritos circulou pelo WhatsApp há cerca de duas semanas. Em paralelo, outro documento que trazia supostos pólos e datas do Ciclo também foi divulgado. Em resposta, a Secultfor lançou no dia 11 uma nota afirmando ter identificado a “circulação de publicações extraoficiais” e que “toda e qualquer notícia” seria publicada nos canais oficiais da Prefeitura e da pasta. No entanto, pesquisa no site e nas redes sociais da Secultfor mostra ausência de informes diretos e atualizados do processo da chamada pública.

A banda Os Alfazemas, outra presença tradicional do Carnaval de Fortaleza, também se inscreveu na chamada pública e, do mesmo modo, ressalta a falta de informações. “A gente se inscreveu, cumpriu prazos, comprovou tudo, mas não saiu o resultado final. Eles tão fazendo do jeito que eles querem fazer”, divide Adriano Uchôa, vocalista do grupo.

A falta de diálogo e transparência afetou, ele aponta, a agenda do período carnavalesco da banda. “Por mais que aparecessem propostas maiores, a gente dava prioridade ao Ciclo, achamos melhor fazer (apresentações) pelo edital para poder reencontrar a galera, nosso público”, afirma, citando a conexão d’Os Alfazemas com o pólo do Benfica. Só de propostas para apresentações privadas previstas para o próximo sábado, 21, o grupo negou no mínimo cinco para poder ter o calendário “limpo” para possíveis apresentações no Ciclo oficial da Prefeitura, compartilha Adriano.

“Esse impasse complica completamente a agenda e a circulação dos artistas. Você fica completamente amarrado. É óbvio que todo mundo quer participar do Ciclo Carnavalesco de Fortaleza, é sempre muito bom, mas está todo mundo esperando o resultado e perdendo contratos de outros shows”, dialoga Renata. “A gente se programou, investiu do nosso bolso em figurino, músico convidado, luzes extras, mas chegou em um nível de desorganização que se a gente não aceita do jeito deles, a gente fica de fora”, aponta Adriano.

"Não vamos ficar esperando mais”

Segundo as fontes, a produtora que é licitada pela Prefeitura para efetuar contratações entrou em contato com diferentes artistas e grupos, incluindo o Bloco Mambembe e Os Alfazemas, para contratação direta e independente do edital. Nos dois casos, os cachês oferecidos eram menores do que aqueles previstos no texto da chamada pública. Nela, está estabelecida uma escala de valores que pode ser de R$3 mil, R$4 mil e R$6 mil, conforme “pontuação” obtida no processo.

Na nota enviada pela Secultfor à reportagem, a pasta afirma que “promove programação complementar aos editais, com objetivo de entregar à Cidade uma festa que se espalha por diversos bairros durante cinco fins de semana”.

Os Alfazemas, compartilha Adriano, irão agora buscar “recuperar a agenda”. “Quando a Secultfor resolver o problema, eles entram em contato e, se sobrar algum dia, a gente vai fazer (o show). Não vamos ficar esperando mais”, desabafa o cantor. “O que a gente precisa é tentar entender o que está acontecendo, qual o motivo dessa falta de transparência. Não houve diálogo, pronunciamento. O que complica é o silêncio da Secultfor”, resume Renata.

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