Vítimas da chacina da Grande Messejana são homenageadas sete anos depois

Ato foi realizado no Cuca Jangurussu por meio de intervenções artísticas e espaço de fala para familiares e amigos das vítimas

A madrugada entre os dias 11 e 12 de novembro de 2015 jamais será esquecida pelas famílias das 11 vítimas assassinadas na chacina da Grande Messejana. Sete anos depois, a luta por respostas ainda segue viva. Na manhã desta sexta-feira, 11, um ato foi realizado, no Cuca do Jangurussu,  em homenagem aos que perderam a vida.

"Estar aqui não é fácil, é como se a gente estivesse vivendo aquela noite sangrenta. São sete anos de espera e de luta", declarou Ana Costa, 47. Com a voz embargada, ela conta que teve o seu marido, José Gilvan Pinto Barbosa, 41, assassinado durante as primeiras horas daquela madrugada. A matança registrada há sete anos aconteceu nos bairros Messejana, Curió, Lagoa Redonda e São Miguel.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

"Vivemos porque ainda temos sonhos e acreditamos neles. Minha fala é de indignação, estou indignada porque esse povo ainda não foi para júri", desabafa. Ana não é a única que espera o julgamento dos 34 réus (policiais) envolvidos no caso. Unidas pela dor, Maria Suderli, 58, diz que luta para manter a memória do filho viva.

"Nos apoiamos umas nas outras, isso é uma constante, não é uma coisa isolada. Esse é um ato de memória para que não caia no esquecimento, infelizmente, temos relato de outras pessoas que também passaram por isso", conta Suderli, que perdeu o filho Jardel Lima dos Santos, que tinha apenas 17 anos.

Ana e Maria estiveram presentes no Cuca Jangurussu, onde um mural foi iniciado como forma de concretizar a luta por justiça, além de servir como homenagem a todas as vítimas. O grupo Rimadores 085 também esteve no local declamando alguns versos onde externavam a revolta pelo ocorrido.

O nome das 11 pessoas que perderam a vida também ecoou na manhã desta sexta-feira. Cada um dos nomes citados foi acompanhado de um pedido de justiça. Maria de Jesus, 48, também teve um filho morto durante aquela madrugada. Ela conta que, até hoje, não consegue explicar o ocorrido.

"Será que é crime um jovem andar na periferia dentro de um ônibus? Estamos mantendo viva uma memória, eles tinham sonhos e muitas histórias". Renayson Girão da Silva, 17, morreu por volta das 4h da manhã do dia 12. O jovem era filho de Maria de Jesus.

Mente livre Cuca fresca

A homenagem realizada após sete anos da chacina do Curió faz parte da programação da Rede Cuca, por meio da campanha "Mente livre, Cuca fresca", que acontece anualmente durante o mês de novembro.

De acordo com Paola Abreu, Coordenadora de Direitos Humanos e Cidadania da Rede Cuca, as ações fazem alusão ao mês da consciência negra, celebrado no próximo dia 20. "Trabalhamos temáticas que envolvem racismo, intolerância religiosa, o extermínio da juventude negra e periférica, além de outros assuntos durante todo este mês", explica.

Abreu destaca que a homenagem realizada é um ato de sensibilização comunitária com todas as famílias e amigos que perderam alguém para a chacina. A expectativa é de que o mural seja finalizado até o fim deste mês.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Chacina do Curió Chacina Grande Messejana Mortes

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar