854 ovos de tartaruga-de-pente eclodiram em praias de Fortaleza nesta semana

Praias de Fortaleza detém 47 ninhos de tartaruga-de-pente sendo monitorados pela 1ª Companhia de Salvamento Marítimo (1ªCSMar), do Batalhão de Busca e Salvamento (BBS), em parceria com o Gtar-Verdeluz

Duas praias de Fortaleza foram cenários para 854 eclosões de ovos de tartaruga-de-pente nesta semana. Na manhã dessa terça-feira, 3, 190 ovos eclodiram na Praia da Sabiaguaba e outros 75 na Praia do Futuro. Nesta quinta-feira, 5, um total de 589 ovos também eclodiram na Praia do Futuro. O nascimento dos filhotes foi monitorado por equipes do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) e pelo Grupo de Estudos e Articulações sobre Tartarugas Marinhas (Gtar-Verdeluz).

No total, 47 ninhos de tartaruga-de-pente são monitorados na Capital pela 1ª Companhia de Salvamento Marítimo (1ªCSMar), do Batalhão de Busca e Salvamento (BBS), em parceria com o Gtar-Verdeluz. A Praia da Sabiaguaba detém 20 destes ninhos, enquanto a Praia do Futuro abriga 27. A espécie é ameaçada de extinção em decorrência do comércio da carne e dos ovos desses répteis, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza.

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"A gente monitora os ninhos e já faz uma previsão de nascimento de cada um. A gente localiza, demarca e usa fita zebrada como proteção para que as pessoas não pisem para não compactar a areia. Tudo é planilhado pelo Gtar-Verdeluz, com mapas, e o nascimento vai sendo monitorado. Algumas ninhadas nascem e saem à noite. Quando a gente chega, estão só as cascas dos ovos, mas os rastros continuam, indicando que foi recente”, explica o soldado Ruy Paulino, da 1ªCSMar.

O monitoramento e a vistoria dos ovos são ações que garantem que filhotes de tartaruga-de-pente cheguem até o mar de forma natural. Os trabalhos impedem que interferências externas danifiquem os ninhos ou impeçam o nascimento dos filhotes. Os monitoramentos são feitos semanalmente, em horários diurnos, nas praias do Futuro, do Serviluz e da Sabiaguaba, com vistorias realizadas em trechos de areia dos locais.

A bióloga Alice Frota, coordenadora geral do projeto Gtar-Verdeluz, explica que todas as espécies de tartaruga marinha no Brasil estão ameaçadas de extinção em algum nível. As razões variam: "Pegar o casco para ornamentos, pegar os ovos para consumo, poluição das áreas de alimentação oceânicas. De forma mais recente, predação por animais domésticos abandonados nas praias, passagem de veículos por cima dos ninhos e iluminação artificial", esclarece.

Outras ações humanas acabam contribuindo para impedir a eclosão dos ovos. Alguns frequentadores das praias acabam retirando placas de sinalização dos locais onde são acopladas e também cavam os ninhos de tartaruga-de-pente por curiosidade. A espécie, encontrada em mares tropicais e subtropicais, possui a carapaça e o plastrão nas cores marrom e preto, e possui quatro escudos em ambas laterais do casco, de acordo com a bióloga. 

Alice também explica que a média de tempo de incubação da tartaruga-de-pente no Ceará é de 58 dias. Após o nascimento, a bióloga recomenda que banhistas e curiosos que passem por perto não toquem ou segurem os filhotes. "Nós mesmos evitamos ao máximo mexer nos filhotes, pois isso os estressa. Em caso de perceber que o filhote não está indo para o mar e, sim, para alguma fonte luminosa, pode nos contatar através dos telefones disponibilizados, que iremos ajudar na situação", pontua.

Filhotes de tartarugas são normalmente atraídos para o mar por meio de alguma fonte luminosa, como a Lua, por exemplo. Fotografias com flash daqueles que desejam registrar o momento, além de postes de iluminação podem atrapalhar o processo. Os números de contato do Gtar-Verdeluz são os (85) 99690 1269 e (85) 98721 2426. Os bombeiros também podem ser acionados para ocorrências com os ovos ou os filhotes pelo número (85) 3101 1078.

O que fazer quando encontrar uma tartaruga marinha?

O Grupo de Estudos e Articulações sobre Tartarugas Marinhas (Gtar-Verdeluz) faz algumas recomendações para quando tartarugas marinhas adultas forem avistadas em trechos de praia por banhistas e frequentadores.

  • Ligue para o Gtar-Verdeluz (85) 99690 1269. Siga as instruções dadas pelo telefone;
  • Fotografe de uma distância segura, de cima do casco, a parte traseira e a cabeça da tartaruga. Uma caneta ou uma sandália podem ser usadas para referenciar o tamanho;
  • Localize onde foi o registro. Ex.: localização do Google Maps ou WhatsApp, além do nome da barraca de praia ou da praia;
  • Faça uma medição do comprimento e da largura do casco da tartaruga com as palmas das mãos;
  • Em caso de animais vivos, isolar a área, oferecer sombra, manter o animal na areia com tecidos úmidos sobre o casco, manter o ventre virado para baixo e nunca molhar a cabeça do animal;
  • Em caso de ninhos e eclosões, isolar o trajetp do ninho até o mar (permitir a caminhada dos filhotes é muito importante). À noite, guiar os filhotes com lanterna para o mar.

Crime ambiental

Coletar ovos, perseguir, capturar ou matar tartarugas-marinhas são ações que configuram crime ambiental, de acordo com a Lei nº 9.605/98. 

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