Estudantes e professores da UFC se manifestam por melhores condições de retorno às aulas presenciais

Manifestação saiu da Reitoria e marchou até o Restaurante Universitário, na avenida da Universidade, onde estudantes esperavam em longa fila para fazer refeição. As condições de acesso ao RU foi uma das pautas levantadas no ato

Em manifestação na sede da Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), na Avenida 13 de maio, em Fortaleza, estudantes e professores da instituição pediam melhorias para a volta das aulas presenciais nesta quinta-feira, 17. O primeiro semestre de 2022 marca o retorno dos alunos aos campi da Universidade após dois anos de atividades remotas devido à pandemia. Demora na fila dos Restaurantes Universitários, dificuldades de acesso aos ônibus que fazem o trajeto entre os campi e a falta de cobrança de passaporte vacinal foram algumas das reivindicações.

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O grupo marcou a manifestação para às 11 horas na Reitoria, mas foi surpreendido por portões fechados. Alguns afirmam ter pulado as grades para conseguir entrar no local, enquanto outros acessaram por meio do portão do Banco do Brasil, que funciona dentro da Reitoria. A estudante do curso de Biblioteconomia, Maraya Melo, 21, repudiou o fechamento dos portões. Ela estava presente no ato e pediu por melhores práticas que ajudem na permanência universitária.

“Estamos passando por um absurdo completo no Restaurante Universitário. Está sendo limitado, não são todos os estudantes que podem ter acesso, precisa ser agendado. O sistema cai, ontem no primeiro dia de aula presencial os estudantes ficaram em filas gigantescas, tanto aqui no Benfica como lá no Pici. É um direito básico, a permanência universitária passa pelo restaurante universitário, para que a gente possa se alimentar e permanecer na Universidade”, afirmou Maraya.

A professora do curso de Publicidade e Propaganda e membro da diretoria do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc), Helena Martins, criticou a “postura negacionista” da Reitoria ao não cobrar o comprovante de vacinação contra Covid-19 da comunidade acadêmica.

FORTALEZA, CE, BRASIL, 17.03.2022: Alunos da UFC realizaram uma manifestação cobrando melhores condições de retorno das aulas e denunciando os porblemas do Restaurante Universitário (RU)  (Foto:Thais Mesquita/OPOVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 17.03.2022: Alunos da UFC realizaram uma manifestação cobrando melhores condições de retorno das aulas e denunciando os porblemas do Restaurante Universitário (RU) (Foto:Thais Mesquita/OPOVO) (Foto: Thaís Mesquita)

“A UFC lançou uma série de documentos, a três dias do início das aulas, completamente dúbios, que geraram indefinições relacionadas a qual o momento de apresentação do comprovante, quem vai cobrar, o que vai ser feito com quem não for vacinado... quais são os direitos dos professores e professoras e da própria comunidade em geral para se manterem na segurança?”, questiona Helena.

Helena explica que os estudantes relatam ainda uma redução na frota dos ônibus que ajudam no deslocamento dos alunos no campus do Pici e também entre os outros campi da Universidade em Fortaleza. O grupo de manifestantes pediu ainda a saída do reitor Cândido Albuquerque, a quem chamam de “interventor” devido a escolha dele para o cargo mesmo tendo sido ele o menos votado entre o corpo docente e discente.

FORTALEZA, CE, BRASIL, 17.03.2022: Alunos da UFC realizaram uma manifestação cobrando melhores condições de retorno das aulas e denunciando os porblemas do Restaurante Universitário (RU)  (Foto:Thais Mesquita/OPOVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 17.03.2022: Alunos da UFC realizaram uma manifestação cobrando melhores condições de retorno das aulas e denunciando os porblemas do Restaurante Universitário (RU) (Foto:Thais Mesquita/OPOVO) (Foto: Thaís Mesquita)

Alunos enfrentam mais de uma hora de espera em filas para almoçar

Após sair da Reitoria, os manifestantes seguiram em marcha para o Restaurante Universitário, localizado na avenida da Universidade. Lá, estudantes faziam uma fila para entrar no refeitório que ia até a rua Inácio Barroso, rodeando o quarteirão. Mesmo quem conseguiu agendar e chegou antes do horário marcado, como a estudante do mestrado Brysa Fernandes, 23, esperou mais de uma hora na fila. “Eu acho que não está sendo cumprido o agendamento. Eles não estão pedindo nada. Eu marquei das 11h30min às 12 horas, e eu vim antes já imaginando [a fila]. Mas já vai chegar 12 horas”, explica.

“Eles não pedem nem comprovante de agendamento, nem vacina, nada. Só aproxima o cartão e entra”, relata a estudante de Letras Fabiane Nobre, 20. Fabiane reclama ainda do aumento no preço do RU para alunos que comprarem nos guichês, presencialmente. Online, o valor da refeição continua sendo de R$ 1,10, já no guichê passará a ser cobrado R$ 3 a partir do dia 17 de abril. “Parece pouco, mas para a realidade de muitas pessoas não dá, fica muito complicado. E o pagamento online é apenas pelo Banco do Brasil e tem quatro dias úteis para cair, então, se eu tiver precisando me alimentar hoje eu não vou, tem que esperar quatro dias. É um descaso.”

Respostas da UFC

A Universidade Federal do Ceará (UFC) explicou que o sistema que faz a marcação das refeições está em fase experimental e "eventuais ajustes técnicos estão sendo realizados para aperfeiçoar o serviço". Ressalta ainda que todos os estudantes estão sendo atendidos, mesmo os que tiveram problemas com o agendamento.

Segundo a instituição, a abertura do Restaurante Universitário (RU) a toda a comunidade universitária na quarta-feira, 16, deu início à fase 2 do Protocolo de Reabertura do RU. Sobre os problemas de entrega das refeições, relatados quarta e quinta-feira, a Universidade informa que foi realizado registro de notificação junto à empresa responsável pelo serviço.

"A referida empresa começou a prestar serviços à UFC em janeiro deste ano, mas, até ontem (16) estava atendendo apenas a uma demanda residual, composta por estudantes moradores das residências universitárias. Diante do ocorrido, a Universidade está tomando as providências administrativas para garantir a prestação dos serviços a contento", informou em nota.

A UFC também diz compreender a importância e o valor dos serviços oferecidos pelo RU para milhares de discentes. Além disso, reafirma o compromisso com a garantia de alimentação "de alto padrão de qualidade, dentro da sua política de democratização do acesso ao ensino superior, onde a alimentação se inclui como item fundamental do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES)".

A Universidade esclarece ainda que, neste momento, só dispõe de um ônibus para o transporte intercampi. "Por isso, foi necessário ajustar o serviço de acordo com a capacidade da frota. Dada à impossibilidade legal, estabelecida pelo Ministério da Economia, de aquisição de novos veículos pelas instituições federais, a UFC Infra estuda a viabilidade orçamentária para contratação de aluguel de ônibus para atender à demanda de transporte intercampi", afirma.

Como medidas de prevenção contra a Covid-19 nos ônibus da Universidade, a instituição aponta que eles funcionarão com janelas abertas, sendo exigido o uso de máscara pelos passageiros. De acordo com a Superintendência de Infraestrutura e Gestão Ambiental (UFC Infra), a higienização dos veículos será realizada uma vez a cada turno (manhã e tarde), com a limpeza de maçanetas, corrimãos e outras superfícies em que haja contato direto dos usuários.

Em Fortaleza, são ofertadas duas linhas de ônibus intracampus no Campus do Pici. Uma delas leva os passageiros desde a entrada principal do campus até o Centro de Ciências enquanto a outra percorre o trajeto do Centro de Ciências ao Instituto de Educação Física e Esportes (IEFES).

Já o transporte intercampi, segundo a UFC, terá duas linhas nesta volta às aulas: Pici-Porangabuçu-Benfica, das 9 às 17 horas, e Labomar-CEAC, das 8 às 18 horas. Ambas são linhas expressas, sem paradas nas vias da cidade. A tabela atualizada dos horários de saída, além dos pontos de embarque e desembarque, pode ser vista no site da UFC Infra.

Os campi da UFC no Interior em Sobral e Quixadá também retomarão os serviços de transporte de estudantes. A Universidade informou que, em Quixadá, o funcionamento será das 9h30min às 15h30min. Em Sobral, será das 11 às 19 horas, a partir do dia 21 de março.

Sobre o passaporte vacinal, a UFC informa que no momento da matrícula foi perguntado ao aluno sobre sua imunização. A Universidade afirma que 97% disseram que sim e, portanto, "a Administração Superior da UFC confia na boa fé de sua comunidade, ao mesmo tempo em que garante àqueles que não estão vacinados ou que fazem parte do grupo de risco de terem um atendimento específico no retorno presencial", traz a nota.

Ao O POVO, a UFC detalhou que esses 97% referem-se a 7.381 dos 7.545 estudantes que responderam à enquete sobre vacinação. Ao todo, a enquete foi respondida por 29% dos 25.463 alunos matriculados, em 2022.1, em todos os cursos de graduação presencial da Universidade.

O POVO também questionou a UFC sobre a fiscalização do uso de máscara como forma de prevenção contra a Covid-19 no ambiente universitário. Em nota, a assessoria da Universidade afirmou que: "De acordo com o Plano de Retomada das Atividades Presenciais da UFC, seguindo as normas do Governo do Estado do Ceará, é obrigatório o uso de máscaras nas dependências da Instituição, exceto por pessoas que tenham dificuldade para usá-las devido a alguma enfermidade, atestada por um médico".

Apesar de o uso ser obrigatório, não haverá fiscalização da adesão ou não à medida sanitária. "A UFC está convencida da responsabilidade e do comprometimento da comunidade universitária no sentido de seguir os Protocolos Institucionais de Biossegurança e as normas complementares para o retorno seguro às atividades presenciais, garantindo o devido grau de segurança, sem necessidade de fiscalização", finaliza a nota.

Atualizada às 17h05min

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