Número de passageiros de ônibus em Fortaleza chega a 66% da demanda pré-pandemia

Com alta dos combustíveis, fortalezenses relataram ao O POVO decisão de trocar carro por ônibus. O transporte coletivo tem sido a forma de poupar cerca de R$ 400 por mês

O número de pessoas utilizando o transporte coletivo em Fortaleza vem crescendo nos últimos meses. O fluxo, ainda pequeno se comparado aos números de dezembro de 2019 e janeiro de 2020, acompanha a reabertura das atividades econômicas e a alta no preço dos combustíveis.

De acordo com a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), neste mês de outubro a frota de ônibus da Capital transporta, em média, 574 mil passageiros por dia. Em setembro, a maior média semanal foi de 550 mil passageiros diários.

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Os dados mais recentes consolidados pela empresa são de agosto. Naquele mês, 13,6 milhões de pessoas circularam nos ônibus. O número é o maior desde janeiro deste ano e equivale a 66% da demanda média entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020. “Não podemos precisar se o motivo é a alta dos combustíveis, mas o número de passageiros está crescendo”, indica Dimas Barreira, presidente executivo do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus).


“A gente vinha observando uma queda no número de passageiros ano após ano, por vários motivos — as pessoas se deslocando menos e utilizando aplicativos, por exemplo. O transporte público foi ficando para deslocamentos de grandes distâncias e pessoas que têm algum benefício na passagem”, analisa Barreira. “O ônibus é uma alternativa, e a gente está se esforçando para que continue sendo”, garante, apontando que as empresas também sentem impactos do aumento dos preços, mas que mantêm a frota necessária de veículos circulando.

Ao O POVO, fortalezenses relatam que a escolha pelo transporte coletivo vem do bolso. A estagiária jurídica Karla Queiroz conta que desde quando aprendeu a dirigir, em 2017, não andava mais de ônibus. Agora ela sai de casa, no bairro Jangurussu, de carro e deixa o veículo estacionado próximo ao terminal de ônibus da Messejana. De lá, pega dois coletivos para chegar ao Fórum Autran Nunes, onde estagia.

"Demoro mais tempo para chegar ao estágio do que gastaria se fosse de carro. Com isso, preciso acordar mais cedo e chego em casa mais tarde também”, relata. “O transporte coletivo de Fortaleza mudou muito e para melhor. Infelizmente, com a pandemia, algumas coisas tiveram que ser retiradas, como o ar-condicionado, que iria aliviar bastante nesse calor, mas a integração é algo que me ajuda muito”, aponta. Ela calcula estar economizando entre R$ 300 e R$ 400 com a nova rotina de deslocamento.

Karla Queiroz estaciona carro próximo ao terminal da Messejana e pega um ônibus para ir até estágio no Fórum Autran Nunes
Karla Queiroz estaciona carro próximo ao terminal da Messejana e pega um ônibus para ir até estágio no Fórum Autran Nunes (Foto: Bárbara Moira)

A economia também foi decisiva para o supervisor financeiro Denilson Antonino Chaves. Morador do município de Pacatuba, ele viaja de segunda a sexta-feira para o bairro Passaré, onde trabalha. “Estou trabalhando de carro já faz um ano e meio; de lá pra cá, a gasolina só aumenta.” Ele conta com um vale combustível fornecido pela empresa. “Levei para a diretoria que estava inviável continuar vindo de carro, então eles fizeram um ajuste e até que deu certo. Só que agora com o preço passando de R$ 7 por litro, não foi aprovado um novo reajuste.”

Para “não tirar o valor do combustível do próprio bolso”, há duas semanas Denilson passou a usar ônibus e metrô. “É um trajeto longo e cansativo, mas fazendo as contas economizo mais de 50% em relação ao que estava gastando”, avalia. “O bom do carro é a segurança e por ser mais rápido. Se a gasolina baixar, com toda certeza irei de carro. Se não, continuarei de metrô e de ônibus.”

De acordo com dados da Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), o número de passageiros nas três linhas que passam por Fortaleza cresce desde o início do ano, apesar do forte impacto pela segunda onda de Covid-19. Em setembro, 1,06 milhão de pessoas utilizaram esse meio de transporte. O número é 13% maior do que o registrado em janeiro deste ano.

A assistente administrativa Amanda Alves é outra fortalezense que mudou sua principal forma de transporte. “Utilizava o carro todos os dias, seja para trabalho ou lazer. Agora o carro é usado apenas aos fins de semana ou emergência”, expõe. Durante a semana, do Conjunto Esperança à Messejana são necessários três ônibus e, no mínimo, 1h30min para ela chegar ao trabalho.

“Semana passada, eu já estava indo de ônibus dia sim, dia não. Comecei fazendo teste, mas com o novo aumento não dá pra manter”, acrescenta. Ela contabiliza que gastava mensalmente R$ 500 para encher o tanque duas vezes. “Agora acredito que vou economizar entre R$ 350 e R$ 400 por mês.”

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