Famílias realizam preparação de jazigos em cemitérios para o Dia de Finados

Cuidados com a limpeza do local e retoques na pintura dos túmulos demonstram a atenção e o carinho dos familiares

Faltando menos de uma semana para o Dia de Finados em todo o Brasil, é natural que a movimentação nos cemitérios passe por um aumento no fluxo. Isso porque muitas famílias dedicam uma parte do seu tempo para realizarem pequenos ajustes no túmulo de um ente querido.

Acompanhada de um ajudante e de algumas sacolas, a mestre de obras Rose Alves, 56, chegava ao cemitério São João Batista, no Centro de Fortaleza, em posse de vários itens para realizar a limpeza do túmulo onde está enterrado o marido, que foi vítima da Covid-19, em 2020.

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"Infelizmente, estamos passando por isso. Hoje, nós vamos fazer uma boa limpeza e deixar ele bem arrumado e bonito. Tem a tristeza, a dor da saudade, mas também tenho a obrigação de arrumar", explica a mestre de obras.

Dona Rose conta que conheceu o esposo aos 19 anos de idade, e que não irá abandoná-lo depois de tantos anos que passou ao lado do companheiro. "Meu esposo tinha 48 anos, isso é uma forma de manter viva essa saudade que não vai passar. É o grande amor da minha vida. A pessoa não deve receber benefícios só em vida, é preciso cuidar depois da partida", afirma.

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Com um sorriso no rosto, Rose se anima ao falar de todos os cuidados pensados para o jazigo do marido, antes do dia de finados. "Vou varrer, pintar e colocar umas flores. Trouxe balde, água, tinta, vassoura, colher de pedreiro, um pouco de cada coisa pra dar essa arrumada e deixar tudo limpo", comenta.

Em outro ponto do cemitério, o técnico de eletrônica Elias Rocha, 44, é mais um a zelar pelo espaço de um ente querido que já partiu. Ele conta que no próximo dia 2 de novembro completará um ano do falecimento de sua mãe.

"Desde os sete anos de idade eu frequento o cemitério, desde que o meu pai faleceu. Minha mãe e minha vó me traziam, ficou uma tradição de família. Quando elas faleceram, eu passei a cuidar do túmulo delas", comenta o técnico de eletrônica.

Enquanto realizava a pintura do túmulo da mãe, Elias conta que, anualmente, tem a preocupação de deixar o túmulo da família antes de datas especiais. "Me preocupo com a questão da limpeza, da organização e de sempre deixar tudo em ordem. Todos os anos, antes do Dia de Finados, já faço isso há uns 20 anos, e agora também estou tendo esse cuidado antes do Dia das Mães", ressalta.

Francisca Antônia, 55, era mais uma que portava baldes e outros itens de limpeza dentro do cemitério. Francisca conta que, além de cuidar do túmulo de sua família, ela se tornou responsável por realizar a limpeza em outros jazigos do local.

"Já realizo esse trabalho há uns 10 anos, não conheço quem está enterrado, só algum familiar que me contrata. Sempre venho três vezes por semana, cuido das plantas e deixo tudo limpinho, quando chegar o Dia de Finados tá tudo organizado", relata.

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Além de cuidar do espaço onde estão enterrados o pai, a mãe, irmãos e sobrinhos, Francisca explica que é responsável pelos túmulos de outras 15 famílias. Questionada se realizaria a tradicional visita ao cemitério no próximo dia dois, ela explica que não há como ir.

"No Dia de Finados, eu venho para visitar os da minha família, e também para trabalhar um pouco. É nesse dia que algumas famílias me entregam meu pagamento", diz.

O administrador do cemitério, Thiago Frota, relata que a movimentação no local já é maior do que a do último ano, mas que, devido à pandemia, ainda não é possível fazer uma estimativa de quantas pessoas irão até o local na próxima terça-feira, 2.

"Esse ano estamos bem repartidos em relação aos números, não temos ideia de como vai ser. Ano passado foi bem reduzido, esse ano não haverá esse controle de quantidade. Comparado ao ano de 2020, já está aumentando o movimento", finaliza.

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