Manifestantes ocupam prédio do Centro de Referência LGBT de Fortaleza

A ocupação acontece no Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ e tem como principal pauta a retomada das atividades do Centro, que estão em déficit desde a transição de gestão municipal e também devido à pandemia

Atualizada às 17h52min de quinta-feira, 1/07

Manifestantes em apoio à pauta LGBTQIA+ ocuparam na tarde desta segunda-feira, 28, o prédio do Centro de Referência Janaína Dutra, localizado no bairro Jacarecanga, em Fortaleza. A ocupação acontece no Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ e tem como principal pauta a retomada das atividades do Centro, que estão em déficit desde a transição de gestão municipal e também devido à pandemia, segundo o ativista político Ari Areia.

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Ele afirma que a ocupação irá vigorar até que os movimentos sociais presentes tenham uma reunião com a Prefeitura de Fortaleza sobre o funcionamento do Centro de Referência e a aplicabilidade de políticas públicas voltadas às vulnerabilidades da população em questão. Outras duas reivindicações são a execução de planos orçamentários direcionados às pessoas LGBTQIA+ e a nova formação do Conselho Municipal LGBT de Fortaleza.

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Ari explica que, desde a mudança de gestão municipal, a equipe do Centro de Referência não foi integralmente estruturada, por isso o atendimento apresenta limitações às demandas da população. Em nota, a Prefeitura de Fortaleza, através da Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), declarou que os atendimentos no Centro funcionam normalmente, com coordenação, assistente social e psicóloga à disposição. Processo de contratação de advogados está em andamento.

Durante a assembleia ocorrida ao longo desta tarde, foi celebrada uma missa ecumênica em homenagem às vítimas da LGBTfobia de 2020. Participaram do momento as seguintes entidades religiosas: Igreja Apostólica Filhos da Luz, Coletivo Girassóis, Igreja Batista Soul Livre, Diversidade Católica Fortaleza, Juventude Franciscana, Igreja da Comunidade Metropolitana e Igreja Betesda.

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“É preciso ter uma rede de proteção a essas pessoas que não se resuma a fazer eventos em calendários comemorativos. Sim, a gente sabe fazer festa. A gente não precisa do poder público para fazer festa, a gente precisa que o poder público se comprometa a interromper ciclos de morte. A gente adoraria ter com quem contar. Hoje não tem”, argumenta Ari. Ele destaca que o ocorrido de hoje é a primeira vez que o movimento LGBTQIA+ ocupa um prédio público na história da Capital cearense.

O ativista aponta outras problemáticas no Centro de Referência LGBT, como a atuação do serviço apenas na Jacarecanga. Em sua visão, o atendimento deve ser descentralizado nas regionais. Ele também reflete que o horário de atendimento, das 8 às 17 horas, não atende ocorrências do período noturno e da madrugada. “A maioria dos casos que a gente atende na organização que eu mantenho é pela madrugada. É jovem que é espancado pelo pai, na madrugada. É travesti que sofre tentativa de homicídio, na madrugada”, diz.

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A busca por direitos vai além do Centro de Referência, conforme o ativista. A pandemia de Covid-19 intensificou problemáticas ligadas às pessoas LGBTQIA+, como demandas emocionais, psicológicas, de insegurança, de moradia e de alimentação. “Assim, casas de acolhimento, de abrigamento surgiram nesse período. O movimento social foi atrás de juntar cesta básica para poder distribuir para as pessoas que estão em situação de fome. E aí, nesse período de seis meses, na pior pandemia dos últimos cem anos, a gente não pôde contar com equipamentos de referência que deveriam suprir isso, né? Para nós, assim, é muito, é muito pesado”, destaca ele.

Orçamento

De 2018 até o último dia 26 de junho, a Prefeitura de Fortaleza executou zero por cento do orçamento destinado ao programa “Promoção e Defesa da Cidadania e dos Direitos Humanos da População LGBT”. É o que aponta levantamento do coletivo Flor no Asfalto, atuante no bairro Lagamar, em Fortaleza. Segundo nota pública divulgada nesta segunda-feira, os orçamentos iniciais destinados ao programa apresentaram redução.

A execução orçamentária da Capital, em termos de demanda da população LGBTQIA+, tem sido acompanhada pelo coletivo anualmente desde 2008, conforme informa Rodrigo Paulino, integrante do projeto. Neste estudo mais recente, foi constatando que “houve zero por cento de execução do programa. O orçamento existe. Mas as ações nunca são executadas, além de sofrerem cortes consideráveis”, explica Rodrigo.

Com informações da repórter Alice Sousa

ERRAMOS: Diferente do que foi publicado anteriormente, a Igreja Cristã Maranata não participou da missa ecumênica em homenagem às vítimas da LGBTfobia de 2020.

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