Mestres de Capoeira são acusados de abusos sexuais contra crianças e adolescentes

Alunos eram aliciados com promessas de viagens internacionais e se tornavam vítimas de abusos constantes

Denúncias de abuso sexual contra mestres de Capoeira do grupo Cordão de Ouro — um dos maiores do País, que mantém sede em Fortaleza, são apuradas pelo Ministério Público do Ceará (MPCE). Um procedimento criminal que tramita em sigilo no órgão investiga se as lideranças do grupo teriam forçado relações sexuais com alunos, entre eles crianças e adolescentes, sob a promessa de viagens ao exterior a ascensão na carreira. O caso foi revelado pela Agência Pública, que listou ao menos 15 vítimas dos professores. Os abusos teriam acontecido, além de Fortaleza, em São Paulo (SP) e Taubaté (SP).

Segundo a promotora de justiça do MPCE, Joseane França, ouvida pela Pública, ao menos cinco alunos fizeram denúncias contra professores de capoeira na Capital cearense. As vítimas, hoje adultas, dizem ter sofrido abusos na infância, quando tinham entre 10 e 11 anos. França ainda revelou existir um suposto esquema conhecido como “carimbo de passaporte”, no qual os alunos precisavam se submeter a relações sexuais com os abusadores para participarem de competições internacionais e regionais.

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Para não comprometer o andamento das investigações e evitar exposição das vítimas, o Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc), responsável pelo caso, não divulgou o nome dos investigados. Em nota encaminhada ao O POVO, o MP diz que o “Nuinc não informa fatos relacionados aos objetos dos procedimentos instaurados, em respeito ao sigilo decretado”.

Segundo a reportagem da Pública, o mestre Marcos Antônio Lopes de Souza, mais conhecido como Espirro Mirim, uma das lideranças do grupo em Fortaleza, estaria entre os alvos do Procedimento Investigatório Criminal (PIC) aberto pelo Nuinc. Ele foi denunciado pelo capoeirista Rildo da Silva, 50, ex-aluno do mestre que diz ter sido abusado ao longo de 17 anos. O POVO não conseguiu localizar Marcos Antônio até o fechamento desta matéria.

Investigados serão afastados do grupo

Em nota veiculada nas redes sociais, o grupo Cordão de Ouro diz que desconhece a existência de investigação sobre possíveis abusos sexuais cometidos por seus integrantes e que se coloca à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos. Afirma, ainda, que “os supostos envolvidos estarão com suas atividades suspensas até o final das apurações” e que o grupo “não se responsabiliza por atos praticados por seus integrantes no âmbito pessoal”. A nota também afirma que, caso as suspeitas sejam comprovadas, os responsáveis devem ser punidos “de forma exemplar”.

Fundado em setembro de 1967, na Bahia, o Cordão de Ouro é um dos maiores e mais antigos grupos de capoeira do Brasil. Com o crescimento ao longo dos anos, expandiu sua atuação para o exterior e hoje mantém sede em pelo menos 31 países.

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