Mais de 95 quilos de lixo são retirados do Poço da Draga em menos de 2 horas
A ação aconteceu em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente. O Grupo de Interesse Ambiental (GIA) comemora, em 2021, 16 anos de atuação em defesa das áreas verdes e de praias de Fortaleza e Região Metropolitana
Armados de luvas e sacolas, sob a guarita de protetor solar, 20 pessoas, entre voluntários do Grupo de Interesse Ambiental (Gia) e moradores da Praia de Iracema, acordaram cedo neste sábado, 5, com a missão de limpar a extensão da área do Poço da Draga.
Reunidos no coreto em frente à ponte, as pessoas se dividiram em três equipes lideradas por um morador. Em uma hora e meia, foram colhidos 95,38 quilos de lixo da região do Estaleiro (46,77 kg), no início do Poço (27,37 kg) e no entorno das barracas (21,24 kg). Até mesmo uma rede de dormir foi retirada das areias pelos voluntários.
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“É muito absurdo pensar o que nós descartamos, a forma como é feito esse descarte, sem nenhuma preocupação com o meio ambiente”, aponta a presidente do Gia, Cláudia Bezerra.
O grupo nasceu em Caucaia, em 2005, a partir de uma ação de uma estudante. Neste ano, havia-se a discussão de que o lixo de Fortaleza iria para a cidade da Região Metropolitana e, segundo a presidente, a jovem criou um movimento que impediu que esse fato acontecesse. A partir daí, o grupo nasceu e realiza ações de limpeza, conscientização ambiental e de formação voltadas para o meio ambiente.
A maior quantidade de lixo foi de coco. Mas foram recolhidos ainda um ferro de geladeira, três pneus de carro, latinhas de cerveja e de refrigerante, garrafas plásticas, bitucas de cigarro (que encheram uma garrafa de um litro e a metade de outra), embalagens de quentinhas.
Três moradores da comunidade, Maria de Fátima Silva, 60, Ana Cristina Rodrigues de Oliveira, 53, donas de casa, e João Carlos Goes da Silva, 36, lideraram os grupos de limpeza e dizem estar com um misto de sentimentos: feliz pela limpeza e triste pela situação de como estava a praia e que, muito em breve, ela estará da mesma foram novamente.
“Aqui (na praia) é como se fosse o quintal da gente. E é ruim você ver o quintal cheio de lixo, deixa a gente triste. Isso de limpar traz uma sensação de que é nosso de novo. E que não é em vão (a limpeza)”, aponta Cristina.
O aposentado João Borges, 66, e a mulher dele, a dona de casa Liduína Sousa, 53, tomavam banho de mar debaixo do espigão do Poço da Draga e observavam a coleta realizada pelos voluntários. Eles moram próximo ao Mercado São Sebastião, no Centro, e sempre que dá vontade de dar um melhor no mar, vão para aquela região.
"Aqui é tranquilo, não tem muita gente e o mar é desse jeito que você está vendo, tranquilo feito uma lagoa", brinca ele. Para o casal, a limpeza realizada na praia nem deveria ser necessária se a população recolhesse o lixo. "O trabalho dessas pessoas é tão importante porque proporcionam que nós venhamos aqui para nadar no mar", conta ela.
Um dos voluntários, o agrônomo Fabiano Holanda, 24, diz que realiza a ação por acreditar que todos - ele, nós e a natureza - sejamos uma coisa só. "Quando a gente pensa nisso, de como limpar e, principalmente, não sujar novamente vai nos fazer bem porque faz bem para a natureza, nos sentimos muito mais humanos", ensina.
O grupo planeja realizar uma live de formação em conscientização ambiental na próxima segunda-feira, 7, às 19h30min, transmitidas pelo Instagram, Youtube e Facebook do Gia Ambiental. Na live, serão discutidas as relações entre as mudanças climáticas, desmatamento e queimadas.