Mulher que morreu ao cair do Edifício São Pedro era grafiteira e tinha 23 anos

Artistas locais e amigos lamentaram morte da estudante e grafiteira Renata Nakayama, de 23 anos, conhecida como "JAP". Uma homenagem à jovem está sendo programada

A grafiteira que morreu ao se desequilibrar e cair do Edifício São Pedro, na Praia de Iracema, em Fortaleza, nessa segunda-feira, 19, foi identificada como Renata Nakayama e tinha 23 anos. De acordo com os amigos, a jovem era gastrônoma e cursava o primeiro semestre do curso de Nutrição.

Renata assinava seus grafites como "JAP" e costumava divulgar sua arte nas redes sociais. Também grafiteira, Noemi Carneiro diz que os artistas do grafite na Capital lamentam a perda da colega. "No momento estamos de luto, e só buscamos respeito e apoio. Mas para todos ela sempre vai ser lembrada por ser calma, cheia de atitude e por sempre tá representando o movimento", conta.

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Uma homenagem à Renata está sendo programada para ocorrer no próximo domingo, 25. Os amigos grafiteiros devem realizar uma intervenção artística na rua Pedro Lopes, no Guajerú, em Fortaleza. 

O Projeto Ruela, um dos grupos de grafite da Capital, também manifestou pesar pela morte da artista com a tag #JAPVive. "O Graffiti CE chora pela partida da nossa querida JAP. Pra sempre na memória os vários momentos juntos que tivemos na cidade. Nós fizemos parte da sua história e você fará para sempre parte da nossa", diz mensagem publicada nos stories.

A comunicadora Jade Beatriz, 19, conhecia JAP do Festival Concreto, em 2020, e ressalta o talento da amiga. "Vou lembrar dela pintando todas as paredes de Fortaleza, com amor", diz. Para Jade, o grafite ainda é muito criminalizado e merecia ser mais valorizado como uma expressão de liberdade artística urbana.

"O grafite é usado em forma de protesto, é uma arte que sempre vem no tom de causar alguma reflexão. Mas as pessoas ainda o criminalizam por ser algo que se opõe ao que é imposto — no caso no Brasil, a fome, a miséria, o desemprego, genocídio da população negra e indígena, a falta de vacina pra população pobre e por aí vai", pontua.

Acidente

 

Não era a primeira vez de Renata grafitando no Edifício São Pedro. No Instagram, o último registro que ela publicou é no local. O tenente Gerdean Alves, do Corpo de Bombeiros Militar do (CBMCE), esteve na ocorrência e diz que não foi possível identificar o andar exato do qual Renata caiu.

"Visualizamos aparentemente que o suporte de madeira em que ela se encontrava cedeu", explica. Apenas um amigo estava com a jovem no momento do acidente. Segundo o tenente, o amigo fazia uma foto de Renata no momento em que o piso onde a grafiteira se apoiava desabou. 

O Edifício São Pedro tem sido alvo de saqueadores e funcionários de segurança privada que atuavam no prédio denunciam sofrer ameaças de morte. O sócio do edifício afirma que espera que a Prefeitura de Fortaleza autorize a construção de um novo empreendimento de 20 andares para dar lugar à atual edificação.

Em nota, a Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor) informa que é dever do proprietário, conforme estabelece a Lei 9.347/2008, manter o edifício em bom estado de conservação, assim como realizar reformas e restauros no bem.

A pasta ainda diz que o bem tombado, ou em análise de tombamento, pode ser reparado ou restaurado, mediante prévia e expressa autorização da Coordenação de Patrimônio Histórico-Cultural da Secultfor. "Intervenções de arte urbana podem ser analisadas e autorizadas, desde que não impactem a ambiência e a visibilidade do bem tombado", acrescenta.


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