Segundo dia de provas: candidatos do Enem relatam ausências e "descumprimento de normas" da Covid

Após cinco horas de prova, estudantes repercutem tensão do segundo dia de exame, marcado por alta abstinência este ano

José Valdo tem 18 anos e tenta, pela segunda vez, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para Medicina. “Este ano a prova estava bem mais conteudista, principalmente a parte de matemática e ciências - e de humanas também -, enquanto a do ano passado estava mais subjetiva”, avaliou, após quase cinco horas de prova. As questões deste domingo, 24, foram para as áreas de matemática e ciências da natureza, com 45 perguntas cada. 

A mudança também foi percebida em outros aspectos. “Talvez eu já imaginava que iria sentir mesmo, se não fosse a pandemia, mas, com a pandemia, as coisas pioraram bastante e eu senti bem mais dificuldade para estudar”, revelou. 

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O estudante fez a prova na mesma unidade onde estuda, em um colégio da rede privada de Fortaleza, na Washington Soares. “Hoje faltou menos, mas, no primeiro dia faltou bastante gente”, percebeu. Quanto à sala, não pode evitar comparações.

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“O distanciamento que eles fizeram para fazer o Enem não é nem um pouco parecido com o distanciamento que eles usam para fazer as aulas”, afirmou. A falta de aferição de temperatura na entrada da sala fez o estudante considerar as medidas adotadas no local como algo “meio desorganizado”.

Em outra unidade disponibilizada para a realização do exame, no Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7), Déborah Duarte, de 36 anos, jornalista, fez como candidata a uma vaga para Direito. É o que quer, após sair o resultado e poder concorrer a uma vaga no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). “Consegui entrar em uma faculdade particular, na Universidade de Fortaleza (Unifor), mas estou tentando novamente para ver se consigo na universidade pública”.

“Hoje a prova foi mais difícil, e como eu fiquei muito tempo sem estudar também, né? Trabalho, tenho filhos, e tudo, aí realmente o tempo de estudo ficou bem menor. E, pra mim, realmente, a prova foi bem mais complicada”, justificou.

Em relação ao primeiro dia de provas, domingo passado, 17, ela considerou que a recepção foi melhor. “Já gostei mais, e teve a redação, que facilitou. Mas aí vamos ver. Não tenho aquela obrigação de ter que fazer para passar”, ponderou. “Hoje eu achei a prova cansativa. São muitos textos; as questões são enormes, (então foi) muito cansativo e difícil”, descreveu.

Além do uso da máscara, notado como uma exigência que foi fiel no local onde realizou a prova, com a troca, segundo Déborah, durante o período de prova, “eles estavam sempre preocupados em colocar álcool em gel…”, “isso tudo foi bem direitinho mesmo”, observou.

“Foi um dia bem tranquilo", também notou a assistente principal de coordenação da UNI7, Juliana Carneiro. Em sua análise do andamento desse segundo dia de provas, “nada anormal”. O que se comprovou foi o alto índice de abstinência já confirmado anteriormente, no domingo passado.

“O número de ausências foi um pouco maior, no primeiro dia, quase 50% de faltas, mas, até agora, tudo transcorrendo bem; os alunos também bem conscientes, outros, ainda não respeitando as normas sanitárias, mas foi muito tranquilo, sem nenhuma alteração”, afirmou.

Na Universidade Estadual do Ceará (Uece), campus Itaperi, a abstenção de candidatos também foi percebida pelo estudante Rafael Gomes, 18 anos.

"Nossa, faltou muita gente, eu até contei. Só tinham 18 pessoas na minha sala, acho que ainda cabia mais umas dez, mesmo seguindo o distanciamento", declarou.

O estudante de escola pública afirmou que os protocolos de segurança sanitária estavam sendo seguidos no local. "Estava sendo cumprido sim, pelo menos na minha sala, o distanciamento estava certo. Além disso, antes de entrar, eles passavam álcool em gel nas nossas mãos".

Mesmo sendo aluno da rede pública, Rafael conta que os pais tiveram que utilizar recursos da família para ajudar nos estudos do filho.

"A preparação desse ano foi complicada por ter isso no modelo EAD (ensino à distância). Assim é bem mais difícil pegar a matéria. Tive que pagar um curso de preparação para ajudar nos meus estudos, mas ainda sim foi difícil", finaliza.

com informações do repórter Gabriel Borges

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