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Dia Mundial Sem Carro: o prazer e a esperança de ver a bicicleta virar protagonista

O modal tem ganhado espaço em Fortaleza, mas depende de investimento contínuo

Há seis anos eu andei pela primeira vez de bicicleta com objetivo de me deslocar na Cidade. Por meio do então recém-inaugurado sistema de bicicletas compartilhadas, o Bicicletar, fiz um trajeto de cerca de três quilômetros e iniciei a saga que se estende até hoje. O modal passou a ser minha principal forma de transporte e me levou para lugares de Fortaleza que antes não imaginava chegar.

Falar de liberdade pode parecer clichê e é uma filosofia usada para veículos automotores em geral. Quem nunca ouviu que seria livre ao começar a dirigir um carro? Com a bicicleta, no entanto, é diferente. Em certo ponto, a magrela — como é carinhosamente chamada — chega a ser quase uma extensão do corpo.

A relação com o modal ocorre apenas através de força física e não necessita de nenhum intermediário, como combustíveis fósseis ou energia elétrica. Somado a isso, há o tamanho reduzido do veículo, que permite que ciclistas parem e estacionem em qualquer lugar. O conceito de liberdade da bicicleta ainda passa pela economia financeira e pela melhoria da saúde, com maior sintonia com o corpo.

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Poderia citar mais inúmeros benefícios do modal, mas eu quero que você mesmo descubra. O Dia Mundial Sem Carro, comemorado anualmente no dia 22 de setembro, tem o papel de promover esse incentivo. A primeira pedalada pode, sem dúvidas, ser um pontapé para não querer parar mais. É comum ouvir por aí relatos de ciclistas apaixonados por suas bicicletas, tanto que algumas têm até nome!

Andar por Fortaleza nos últimos anos têm sido um forte convite para montar em uma bicicleta e rodar pela Cidade. Ciclofaixas, ciclovias e estações de bicicleta compartilhada são cada vez mais comuns — e elas não se restringem a apenas uma área da Cidade. De acordo com levantamento do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), cerca de 48% da população de Fortaleza vivem a menos de 300 metros da rede cicloviária.

A maior expectativa daqueles que trafegam de bike na Capital é que essas mudanças não parem e a política cicloviária seja aprofundada no Município. Experiências internacionais, como Amsterdam, mostram que décadas de investimento são necessárias para que a tal “cultura da bicicleta” se consolide no local.

Baseado nesses seis anos de experiência andando na cidade, listo alguma das principais dicas para andar com segurança em meios urbanos. Confira:

1. Se você não tem bicicleta, use as compartilhadas. Por meio do Bilhete Único é possível usar gratuitamente (veja aqui como se cadastrar). Mesmo que o sistema não seja ideal para a correria diária, é possível dar os primeiros passos e até mesmo usar de forma esporádica. Vai para a casa de um amigo que fica perto de uma estação? Aproveita, deixa o carro em casa.

2. Para treinar, ande em praças e ruas calmas. Mesmo que você saiba andar de bicicleta, andar no trânsito de uma cidade movimentada pode ser desafiador à primeira vista. Ficar lado a lado com carros em alta velocidade não é um bom negócio caso você ainda esteja inseguro para pedalar. Se possível, peça ajuda a um amigo ciclista para encarar as ruas.

3. Planeje sua rota antes de sair de casa. Como tudo na vida, ciclismo também demanda planejamento e organização. Antes de sair, tente achar rotas que tenham malha cicloviária e não sejam tão movimentadas. Uma dica é acessar o mapa cicloviário colaborativo de Fortaleza, que é constantemente atualizado com novos trechos.

4. Quando não existir ciclofaixa, ocupe pelo menos um terço da faixa. Inevitavelmente, alguns trechos de um deslocamento serão feitos em ruas sem ciclofaixa. A dica, nesses casos, é ocupar a faixa da direita e não ficar tão próximo da calçada. A ideia de ocupar pelo menos um terço da faixa é “forçar” que os veículos troquem de faixa quando forem ultrapassar.

5. Sinalize tudo o que for fazer e fique visível. A adoção de uma direção defensiva no trânsito é fundamental para evitar acidentes. Indicar com as mãos quando vai dobrar ou trocar de faixa e ficar visível — por meio de lanternas e vestimentas refletivas — é fundamental para uma melhor comunicação com outros veículos que ocupam a via.

6. Não use o celular. A baixa velocidade da bicicleta pode fazer com que pareça possível usar o aparelho ao mesmo tempo em que está pedalando. Mas isso não é verdade. Ao dividir a atenção com o dispositivo, o ciclista pode acabar perdendo o foco do trânsito, ficando em situação mais vulnerável.

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