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Boneco do Gumball: irmã de criança com autismo procura por brinquedo para irmão e consegue 15

Ítalo tem 11 anos e é hiper focado no boneco Gumball, além de utilizá-lo nos momentos de estereotipia
12:27 | Ago. 28, 2020
Autor Catalina Leite
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Catalina Leite Repórter do OP+
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Tipo Notícia

Ítalo é um menino de 11 anos apaixonado pelos brinquedos da rede de fast food McDonalds. Colecionador, imagine qualquer objeto da empresa lançado nos últimos anos que ele provavelmente tem! Acontece que Ítalo também é uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e é hiper focado no boneco do gatinho Gumball (desenho animado O Mundo de Gumball), adquirido em uma das compras no McDonalds há três anos.

O hiperfoco é um padrão comportamental de pessoas com TEA, no qual elas ficam intensamente concentradas em determinado tema ou tarefa. No caso de Ítalo, ele fica centrado no boneco do Gumball e quase nunca o solta, conta a irmã Rafaela Saboia, 30, que mora em Fortaleza e visita o irmão em Aquiraz.

“Além disso, ele tem uma estereotipia de bater os dedos no boneco. Então às vezes ele quer passar o tempinho dele e ele fica rodando e batendo os dedinhos no boneco, fazendo a estereotipia dele”, conta. Por causa disso, o brinquedo está desgastado e quase quebrando. Como os brinquedos do McDonalds são limitados e por campanha, não era possível comprar outro na rede de fast food. Sem ele, a irmã ficou preocupada na reação que Ítalo poderia ter.

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Por isso, Rafaela decidiu arriscar e perguntar em um grupo no Facebook se alguém teria o mesmo boneco para vender. Esperando por um retorno que fosse, ela se surpreendeu: “Umas 15 pessoas se ofereceram!”. A mobilização foi tanta que alguns cearenses sugeriram que ela fizesse uma reserva de Gumballs, enquanto outros se ofereceram para enviar o brinquedo por motoboy, devido a distância entre as casas.

 

Veja os comentários da postagem de Rafael no grupo de Facebook "Aguém conhece alguém que…"
Veja os comentários da postagem de Rafael no grupo de Facebook "Aguém conhece alguém que…" (Foto: Reprodução/Facebook)

 

Ao O POVO, Rafaela contou que entregará o novo Gumball para Ítalo ainda neste fim de semana. Ela também está se programando para recolher alguns brinquedos para reserva.

Estereotipia

A presidente da Associação Fortaleza Azul (FAZ) Daniela Botelho explica que a estereotipia é um comportamento caracterizado por ações repetitivas sem um objetivo específico. “Importante salientar que muitas vezes esse comportamento é feito para sinalizar um incômodo, alegria ou auto regulação”, diz.

Ainda que não seja algo maléfico, intervenções terapêuticas procuram reduzir as estereotipias, já que elas “acabam prejudicando o contexto social no qual o autista está inserido”, diz Daniela. Crianças e adolescentes com TEA, por exemplo, costumam ser alvo de piadas por causa do comportamento, divulga a organização Autismo e Realidade.

“Exatamente por destoarem do comportamento da maioria, é muito comum que as estereotipias sejam o traço que chama a atenção dos pais e faz as famílias buscarem médicos ou psicólogos a procura de um diagnóstico”, escreve a organização.

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Transtornos do Espectro Autista (TEA)

“Autismo é um termo utilizado para descrever um grupo de desordens do desenvolvimento do cérebro”, diz Daniela. As principais características são prejuízos na comunicação social e no comportamento, mas cada autista as apresenta de maneiras diferentes. Além disso, o autismo pode ser definido em três níveis de necessidade de apoio: pouco apoio, apoio substancial e apoio muito substancial.

Pessoas com TEA são legalmente consideradas como pessoas com deficiência pela Lei 12.764/2012. Assim, elas têm todos os direitos concedidos às pessoas com deficiência. Infelizmente, muitas famílias ainda têm dificuldade de exercer seus direitos pela forma que a sociedade define o que é ou não uma deficiência. “Eu acho que isso é muito da dificuldade de não ver a deficiência. Como é neurológica, ela fica tipo mascarada”, opina Rafaela.

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Ainda, poucos ambientes e atividades são adaptados para atender adequadamente pessoas com TEA. “A FAZ vem ao longo de quase seis anos, fazendo ações de conscientização, buscando novas leis e exigindo o cumprimento das mesmas, levando os autistas para todos os lugares para que a sociedade conheça nossos filhos e aprendam a conviver com eles. Autistas são pessoas como você e eu e não devem ser excluídos”, reforça a presidente da FAZ.

Sinais do autismo

A FAZ lista os sinais do autismo para que famílias estejam atentas e procure um especialista para avaliação. Alguns dos sinais podem ser percebidos antes dos 3 anos de idade.

Emite poucos sons;

Não responde quando chamado;

Não interage com outras crianças;

Apresenta movimentos repetitivos;

Não parece gostar de carinho;

É extremamente quieto ou extremamente agitado;

Não mantém contato visual efetivo;

Não brinca de faz de conta.

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