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Frequentadores denunciam desmatamento no Parque do Cocó; Sema afirma tratar-se de ação de proteção

A Secretaria do Meio Ambiente do Ceará confirma o corte de sete árvores, mas explica ação como parte de um programa de conservação de recursos naturais
17:26 | Jul. 21, 2020
Autor Gabriela Almeida
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Gabriela Almeida Repórter O POVO
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Tipo Notícia

Frequentadores do Parque do Cocó — Área Adahil Barreto, localizado no bairro Dionísio Torres, em Fortaleza —, afirmam que agentes do Estado estão cortando árvores do local desde o último sábado, 18, para a construção de um viveiro que desmataria área arborizada do equipamento. A Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema) confirma o corte de sete árvores, mas explica ação como parte de um programa de conservação que respeitaria a fitofisionomia da vegetação do Parque.

O arquiteto Marcílio Bizarria, um dos frequentadores que está à frente das denúncias, apresentou ao O POVO fotos e gravações que mostram uma retroescavadeira desmatando a região. Quando perguntados sobre o motivo da operação, os homens que coordenavam o trabalho, de acordo com Bizarria, afirmaram que o local desmatado daria espaço a um viveiro de plantas e mudas. 

Segundo o denunciante, a ação ocorre na parte do parque localizada na Rua Esmeralda, na altura do número 79. “Ninguém é contra a construção de viveiro, mas precisa desmatar uma área já arborizada para fazer isto? Não haveria alguma outra área dentro do parque para implantar?”, questiona Marcílio.

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Doris Santos, coordenadora de biodiversidade da Sema — pasta do Governo do Ceará responsável pela manutenção e atividades dos parques estaduais, afirmou que foram cortadas sete árvores da região, mas que processo está ligado ao Programa Ceará Mais Verde, que busca conservar e proteger os recursos naturais e a biodiversidade do Estado.

A construção do viveiro, segundo Doris, respeita a fitofisionomia da vegetação que ocorre no Parque. O projeto ainda produziria anualmente cerca de 50 mil espécies nativas de mangue e mata de tabuleiro, contribuindo para as “ações de reflorestamento, recuperação de áreas degradadas e arborização”.

A coordenadora alegou também que as árvores cortadas eram espécies exóticas — não naturais à flora local — como coqueiros e mangueiras, que deveriam ser manejadas do Parque. Em referência à escolha da área para a realização do projeto, Doris garantiu que o local proposto para o viveiro é o menos impactante à biodiversidade do parque.

Caso a ser investigado

João Alfredo Telles, presidente da Comissão de Direito Ambiental da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), afirmou ao O POVO que encaminhou a denúncia feita por frequentadores ao Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caomace), órgão do Ministério Público Estadual (MPCE).

O caso, de acordo com nota emitida  pelo Centro, espera agora para ser encaminhado a Secretaria Executiva das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente da Comarca de Fortaleza, para que sejam adotadas medidas mediante ação.

O parque foi integrado ao Cocó em 2018, após passar por reformas. Desde o inicio do isolamento social, provocado pelo novo coronavírus, o equipamento seguia com atividades suspensas, mas retornou com algumas nessa segunda-feira, 20, quando a fase 4 do plano de retomada econômica passou a valer em Fortaleza. 

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