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Poluição no Riacho Pajeú teria causado morte de peixes, diz especialista

Testes para avaliar a qualidade da água do riacho estão sendo realizados; segundo Agefis ainda não se sabe oficialmente o que causou a situação
14:11 | Jan. 13, 2020
Autor Lais Oliveira
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Lais Oliveira Estagiária do O POVO Online
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Tipo Notícia

Foi às margens do Riacho Pajeú que Fortaleza começou a se desenvolver. O Riacho que resguarda história da Capital corre hoje pelo subsolo da cidade, em galerias e canais. No último sábado, 11, centenas de peixes mortos foram encontrados no Pajeú. A Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) ainda investiga a causa da morte dos peixes, mas a poluição com lixo e esgoto é recorrente no local.

O professor Jeovah Meireles, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), estuda os impactos de intervenções humanas no meio ambiente e avalia que essa situação não é inesperada. “Não tem oxigênio para os peixes porque os fitoplânctons (algas) e bactérias, provenientes do excesso de esgoto que entram no canal, estão consumindo o oxigênio”, explica.

Em nota, a Agefis disse que prossegue com novas ações de fiscalização “para verificar se está ocorrendo o lançamento irregular de efluentes poluentes no riacho ou o que está provocando a mortandade dos peixes”. Enquanto isso, a Secretaria Municipal da Conservação e Serviços Públicos (SCSP) está mobilizando equipes para a retirada dos peixes mortos no local, com previsão de serem concluídas até esta terça-feira, 14.

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Ainda segundo a Agência, a Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) está recolhendo amostras da água do recurso hídrico para analisar a qualidade e as condições ambientais do riacho Pajeú. As análises não têm previsão para ficarem prontas.

Transtornos históricos

O Riacho Pajeú conta com 4,7 km oficialmente reconhecidos, desde a sua nascente no bairro da Aldeota, no quarteirão entre a avenida Silvia Paulet e a rua Bárbara de Alencar, até sua foz no litoral da região central da cidade, Poço da Draga. Durante o processo de urbanização da Cidade, 3.360 metros do riacho foram canalizados, em 1980.

Para o geógrafo Jeovah Meireles, desde então, o Riacho Pajeú que leva no nome o significado de origens tupis de "rio curandeiro", perdeu suas características naturais. “Ele se tornou um canal, não mais um riacho. Isso mostra a desconexão da gestão pública com seu sistema de controle da qualidade de vida da população. Estão canalizando os riachos, suprimindo as áreas de arborização e potencializando alagamentos”, critica.

O professor assinala que a política de canalização dos rios e riachos, aplicada em outros pontos de Fortaleza, tem se mostrado ineficaz no que diz respeito ao enfrentamento de inundações. Exemplo disso seriam os alagamentos comuns na avenida Heráclito Graça, por onde o Riacho Pajeú passa. A pouca cobertura florestal e o alto acúmulo de lixo nos canais são apontados pelo professor como principais motivos para o problema. Segundo ele, o ideal seria pensar em medidas que reintegrassem os elementos pluviais à paisagem natural da Cidade. 

Previsão para obras

Em setembro de 2019, a Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf) lançou edital de licitação com o objetivo de contratar empresa para as obras de drenagem e despoluição do Riacho Pajeú. O projeto é estimado em R$ 41,7 milhões.

O documento de licitação do projeto da obra especifica que no Centro, devido à obstrução da drenagem do Riacho Pajeú, os cruzamentos da avenida Heráclito Graça com a rua Solon Pinheiro e avenida Heráclito Graça com a rua Barão de Aracati são considerados pontos mais propícios a alagamentos na Cidade.

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