Subir R$ 1 na cesta básica eleva insegurança alimentar em 13 p.p.

Alta de R$ 1 na cesta básica eleva risco de insegurança alimentar em 13 pontos percentuais

A conclusão é de estudo realizado por pesquisadoras da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Elas também identificaram que, ao enfrentar redução de recursos para compra de alimentos, famílias ainda preferem consumir alimentos in natura
Atualizado às Autor Júlia Honorato Tipo Notícia

Um aumento de R$ 1 no valor da cesta básica pode aumentar o risco de insegurança alimentar em domicílios brasileiros em até 13 pontos percentuais, segundo artigo publicado no periódico científico Estudos Econômicos, na sexta-feira, 17.

O estudo foi realizado pelas pesquisadoras da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Aline Carolina Rodrigues, Maritza Rosales e Lorena Viena Costa.

As pesquisadores identificaram que pessoas que estão em situação de insegurança alimentar grave não sofrem tanto impacto da mudança nos preços de alimentos quanto as que, até o momento, estão seguras.

“No estrato mais grave, [a pessoa] já não tem acesso a quase nada”, explica Aline Caroline Rodrigues, uma das pesquisadoras, à Agência Bori.

As que estão em segurança apresentam uma probabilidade maior de entrar no grupo de risco, mas em nível inicialmente leve.

Mesmo com os prejuízos acontecendo de diferentes formas para cada grupo, Aline disse que as famílias que começam a apresentar riscos alimentares preferem alimentos in natura e que rendem mais porções, como arroz e feijão. Além disso, estes alimentos evitam a fome por mais tempo por serem mais nutritivos.

Relações entre o estudo e a situação atual do Brasil

No artigo, as pesquisadoras procuraram relacionar a variação do preço com a mobilidade dos domicílios entre as quatro categorias de segurança alimentar da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, fornecida pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).

Além disso, usaram uma classificação de tipos de alimentos para conectar com os outros dados da pesquisa, seguindo as diretrizes da Nova, divisão do Guia Alimentar para a População Brasileira. Ela é responsável por categorizar alimentos pelo seu nível e propósito de processamento.

O estudo foi realizado no início da pandemia, entre 2020 e 2021. Por isso, acredita-se que o cenário pode ser bem diferente pela mudança de hábitos alimentares desde então.

Em 2025, a cesta básica custa cerca de 50% do salário mínimo nos estados brasileiros. Em Fortaleza, por exemplo, foi registrada a maior queda no valor, de 6,31% entre os meses de agosto e setembro. Mesmo sendo a maior queda do País, continua sendo a 14º mais alta.

Além disso, o Brasil saiu do Mapa da Fome, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU), em julho deste ano.

Após estado crítico da fome no País em 2022, agora, está abaixo do patamar de 2,5% da população em risco de subnutrição ou de falta de acesso à alimentação necessária, segundo a organização.

Entretanto, cerca de um terço das famílias brasileiras estão em estágio leve, moderado ou grave de insegurança alimentar, segundo pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o cenário da alimentação no Brasil.

Sobre a relação positiva e negativa da situação socioeconômica, a pesquisadora Aline Caroline Rodrigues explica que “o aumento nos preços compromete a renda e faz com as pessoas tenham que fazer escolhas”.

Explica também que as escolhas da população estão refletidas na porcentagem da equivalência do valor da cesta básica em relação ao salário mínimo, que corresponde a cerca da sua metade.

A conclusão de que “a metade da renda dos brasileiros é comprometida com a alimentação” está relacionada com o objetivo do estudo, segundo Aline. Teve a meta de servir como dados para a elaboração de políticas públicas que focam na reparação da segurança alimentar dos domicílios.

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