Tarifa de Trump sobre o aço: entenda como o Ceará pode ser impactado

Tarifa de Trump sobre o aço: entenda como o Ceará pode ser impactado

Exportações cearenses tendem a ser fortemente impactadas pelo aumento das tarifas anunciadas pelo presidente norte-americano

Após o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, decretar que vai colocar tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio que entrarem no País, o Ceará pode enfrentar um cenário ameaçador e ser um dos locais mais afetados pela medida, considerando que os EUA são o principal destino das suas exportações (46,4%), com destaque para o aço.

Dados do sistema aberto Comex Stat, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) do Governo Federal, mostram que, em 2024, o Ceará exportou US$ FOB 441,2 milhões em ferro fundido, ferro e aço aos EUA, mas faltam informações sobre os meses de outubro e de dezembro do ano passado na plataforma.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

Os dados mais recentes do Ceará em Comex, produzido pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), em outubro, indicam exportações cearenses de US$ 591,4 milhões aos Estados Unidos. No geral, ferro e aço exportaram US$ FOB 536,2 milhões no acumulado do ano, mas não houve detalhamento de quanto era a fatia dos EUA.

O POVO demandou o Mdic, a Fiec e o Instituto Aço Brasil para obter mais dados e entrevistas, bem como informações de quanto é o valor da tarifa cobrada em produtos de aço e alumínio brasileiros que vão hoje aos EUA. O órgão governamental disse que não comentará a medida até haver um decreto oficial norte-americano. Os outros não se pronunciaram.

Impacto da tarifa sobre o aço

No primeiro mandato de Trump, havia uma discussão para taxar em 25% o aço e em 10% o alumínio vindos de fora dos EUA, algo que não se concretizou na prática para o Brasil e outros países, que conseguiram uma espécie de isenção por meio de cotas. Especialistas comentaram que a alíquota depende de cada produto atualmente.

O especialista em comércio internacional, Augusto Fernandes, explicou que a primeira vez que os EUA usaram essa estratégia não havia tanta preocupação para inflação e preços, diferentemente do contexto atual. Se houver impactos das tarifas, toda a cadeia será afetada na sua visão, pois tudo está interligado.

“Um produto não é produzido isoladamente, e os países que se relacionam nesse setor estão conectados. Não posso estrangular um elo da cadeia sem comprometer o restante do processo produtivo. Tanto as importações americanas podem ser comprometidas quanto as exportações brasileiras”, prevê o especialista.

O diretor do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará (Simec), Ricardo Petral, acredita que o presidente norte-americano quer pressionar maior produção interna de aço e alumínio para não depender do mercado internacional. Todavia, ressalta que a indústria dos EUA precisa do exterior para concretizar projetos.

“Os Estados Unidos dependem do mercado externo. Se simplesmente sobretaxarem e encerrarem a importação, o que vai acontecer? Haverá pressão da indústria americana, e os preços internos vão subir. Sobretaxar uma caneta ou um automóvel é uma coisa. Sobretaxar matéria-prima é outra. O impacto é muito maior”, avaliou Ricardo.

A estratégia do governo norte-americano é forçar países como o Brasil a baixarem suas tarifas para que eles também reduzam as suas, de acordo com o economista e doutor em relações internacionais pela Universidade de Lisboa, Igor Lucena. “Foi isso que Trump afirmou na última reunião: ele vai trabalhar em cima da reciprocidade.”

Guerra comercial

O Brasil pode optar por aumentar tarifas e entrar em um momento de guerra comercial com Trump ou pode ceder e baixar as tarifas, esperando que os EUA também reduzam as suas, conforme Igor, que também enxergou uma alternativa na busca por outros mercados consumidores para as exportações brasileiras e cearenses do aço e do alumínio.

De toda forma, Igor estima que a taxação vai impactar muito o Brasil, principalmente o Ceará. “Diferentemente da maioria dos estados do Nordeste, onde o principal parceiro comercial é a China, o principal parceiro comercial do Ceará são os Estados Unidos. Então, isso para a gente é mais sensível do que para outros estados”, ressaltou.

Os eventuais desafios vêm em um momento de baixa anual de 28,6% nas exportações cearenses para os EUA, segundo o último Ceará em Comex. Algo que Ricardo Portal, do Simec, enxerga como reflexo de um cenário de certa estagnação no mundo, mas essa mudança política nos Estados Unidos deve reaquecer o setor. (Com Agências)

Trump taxa o aço: Saiba quais são as empresas brasileiras mais afetadas l OP NEWS

Mais notícias de Economia

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

empresas trump

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar