No Brasil, 1,4 milhão de trabalhadores são entregadores ou motoristas de aplicativo

Há cinco anos, esse número girava em torno de 870 mil. Os dados são de um estudo inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre o impacto da Gig Economy no mercado de trabalho

No Brasil, aproximadamente 1,4 milhão de trabalhadores estão em atividades no setor de transporte de passageiros e de mercadorias por aplicativo. Há cinco anos, em 2016, esse número era de 870 mil. Alta de 60%. Os dados são de um estudo divulgado nesta quinta-feira, 7, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que mostra o impacto da Gig Economy no mercado de trabalho brasileiro.

 

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A Gig economy é um termo que caracteriza relações laborais entre funcionários e empresas que contratam mão de obra para realizar serviços esporádicos e sem vínculo empregatício (tais como freelancers e autônomos), principalmente por meio de aplicativos.

De acordo com o estudo do Ipea, realizado com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Continua) e na Pnad Covid-19, hoje, no Brasil, até 31% do total estimado de 4,4 milhões de pessoas alocadas no setor de transporte, armazenagem e correio, estão trabalhando como autônomos nos serviços de aplicativos.

A cada ano, as dificuldades do mercado de trabalho têm empurrado mais profissionais para essa área. A pesquisa mostra que, se no primeiro trimestre de 2016, o número de motoristas de aplicativo no Brasil era de cerca de 840 mil pessoas, no primeiro trimestre de 2018, esse quantitativo atingiu 1 milhão de trabalhadores e chegou ao ápice no terceiro trimestre de 2019, com 1,3 milhão de pessoas.

Por conta da pandemia de Covid-19, houve redução ao longo de 2020, mas o número logo se estabilizou nos dois primeiros trimestres de 2021 em 1,1 milhão de pessoas ocupadas em transporte de passageiros no regime de conta própria. Alta de 37% em relação ao início da série, em 2016.

Já para o transporte de mercadorias na Gig economy, o número passou de 30 mil trabalhadores em 2016 para 278 mil no segundo trimestre de 2021. Expansão de 979,8% no período.

Além disso, a pesquisa do Ipea mostra que, em média, entre o primeiro trimestre de 2016 e o segundo de 2021, 5% das pessoas ocupadas nas atividades de transporte de passageiros e de mercadorias, por conta própria, o faziam como um trabalho secundário. O ápice dessa porcentagem foi no terceiro trimestre de 2019, antes da pandemia, quando 7,4% dos trabalhadores faziam dupla jornada com outra ocupação principal.

Mercado de trabalho


O estudo, assinado pelos pesquisadores Geraldo Góes, Antony Firmino e Felipe Martins, mostra que mesmo antes da pandemia, houve uma “explosão das plataformas por aplicativos”, a exemplo da ascensão da Uber, entre outras. E que um número maior de pessoas com empregos não tradicionais (como autônomos e trabalhadores temporários) tem crescido continuamente devido ao avanço tecnológico que facilita mais contratações de curto prazo.

“A Gig economy relacionada aos habilitados para aplicativos cresceu exponencialmente nos últimos anos, em que os empregos temporários por aplicativos servem como uma rede de segurança em tempos de crise econômica”, afirmam os pesquisadores no estudo.

Por outro lado, eles reforçam que a pandemia aumentou a vulnerabilidade tanto das pessoas que já estavam empregadas na Gig economy antes, quanto daquelas que entraram durante esse período, tendo deixado formas mais convencionais de emprego.

Como consequência deste último movimento, no curto prazo, os pesquisadores destacam que houve a redução da renda, por essas pessoas serem muito afetadas quando da redução da demanda por seus serviços, mas também um aumento da vulnerabilidade social caracterizada pela ausência de seguro-desemprego, auxílio-doença, contribuição previdenciária pelo empregador etc.

Já no longo prazo, o estudo sinaliza que os efeitos podem ser ambíguos devido ao comportamento estratégico das empresas dentro e fora do setor. “Mas é possível observar dois mecanismos em ação: a demanda na Gig economy pode diminuir à medida que a situação econômica geral piora em decorrência da pandemia; e as empresas podem recorrer a formas de trabalho mais baratas e flexíveis”, pontua o estudo.

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