Gato Laranja: estudo detalha o animal como uma "anomalia genética"
Cientistas revelam que gatos laranja são resultado de uma mutação genética rara, tornando esses felinos uma verdadeira exceção na natureza
16:05 | Mai. 16, 2025
Eles são simpáticos, fotogênicos, quase sempre bagunceiros — e, agora, também cientificamente únicos.
Os gatos laranja, famosos por sua pelagem chamativa e por protagonizarem memes e vídeos nas redes sociais, estão no centro de uma descoberta genética que pode mudar a forma como entendemos a diversidade dos felinos domésticos.
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De acordo com um novo estudo conduzido por cientistas das universidades de Stanford (EUA) e Kyushu (Japão), esses gatos não são apenas diferentes na aparência — eles representam uma verdadeira “anomalia genética” no mundo animal, fruto de uma mutação raríssima que só ocorre em gatos domésticos.
Gato laranja: a descoberta por trás da cor
Durante décadas, pesquisadores se perguntaram por que os gatos de pelagem laranja seguiam padrões tão distintos em comparação com outros felinos.
A resposta estava no gene ARHGAP36, cuja ativação incomum em células da pele foi finalmente rastreada e descrita detalhadamente no novo estudo.
Esse gene, normalmente silencioso nos tecidos da epiderme, sofre uma mutação que o “ativa” em regiões específicas dos cromossomos sexuais, gerando o pigmento responsável pela vibrante coloração alaranjada.
O mais impressionante é que essa mutação genética é única entre os mamíferos. Outras espécies com pelagem laranja, como tigres ou alguns primatas, devem sua coloração a mecanismos genéticos completamente diferentes.
Nos gatos domésticos, o ARHGAP36 age de forma tão peculiar que especialistas o classificaram como uma “aberração” no sentido técnico da genética — um fenômeno raro, mas estável, que desafia os modelos tradicionais da hereditariedade da cor.
Gato laranja: por que a maioria são machos?
Uma das curiosidades mais comentadas sobre os “gatos ruivos” é que a imensa maioria deles é composta por machos — algo que também tem explicação genética.
O gene responsável pela cor laranja está localizado no cromossomo X, o qual, junto com o Y, determina o sexo do animal. Entenda:
- Machos, os quais têm somente um cromossomo X, expressam diretamente a mutação caso a possuam, resultando em um gato totalmente laranja.
- Já as fêmeas, com dois cromossomos X, precisam herdar a mutação em ambos para a pelagem ser completamente ruiva.
Quando uma fêmea herda apenas um cromossomo com a mutação, o outro (sem a mutação) interfere na pigmentação, criando padrões bicolores ou tricolores — como nos famosos gatos calicô ou escama de tartaruga.
É por isso que fêmeas laranja são muito mais raras — e, quando existem, geralmente são resultado de uma combinação genética improvável.
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Gato laranja: influência no comportamento
Na cultura popular, os gatos laranja ganharam fama de serem mais extrovertidos, desajeitados e até mesmo mais “bobos” que os outros.
De Garfield aos inúmeros vídeos virais de gatos ruivos aprontando pela internet, criou-se um imaginário coletivo sobre a personalidade desses bichanos. Contudo, os cientistas são cautelosos ao atribuir esses traços à genética.
Até o momento, não há evidências que liguem diretamente a mutação do ARHGAP36 ao comportamento.
O que pode influenciar a percepção pública é o fato de a maioria dos gatos laranja ser composta por machos — e machos tendem, estatisticamente, a serem mais territoriais, ousados e ativos.