Um felino entre sultões: a gata turca enterrada em mesquita histórica
A gata Gli, que costumava receber os turistas na mesquita Hagia Sofia, morreu em 2020, mas ainda continua a fazer parte da história do lugarO visitante desavisado nas ruas de Istambul pode se surpreender com a predominância de gatos na Turquia, mas o carinho da população pelos felinos não é segredo. A fama dos animais é tanta que até rendeu um documentário em 2016, intitulado “Kedi”.
Como um país de maioria muçulmana, os turcos não são os únicos a perpetuarem o respeito aos gatos, ensinado pelo profeta Muhammad (Maomé), mas se tornaram representantes de felinos famosos na web.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Um deles, a gatinha Gli, continua a fazer história, três anos após a sua morte. Quer saber como? Confira a seguir.
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Um felino entre sultões: a gata que vivia na Hagia Sofia
A trajetória de Gli (“União do Amor”, em tradução ao português) está conectada com uma estrutura construída ao redor do ano 530 a.C. para se tornar a catedral de Constantinopla (atual Istambul): a Santa Sofia (Hagia Sofia ou Ayasofya).
O estabelecimento permaneceu em sua função inicial até 1453, quando foi alterado para uma mesquita seguindo a conquista da cidade por Mehmet I, o Conquistador, sultão do Império Otomano.
O espaço foi convertido novamente em 1934, desta vez em museu. A atribuição foi mantida até retornar para o seu status de mesquita em 2020, após um decreto do presidente turco Recep Tayyip Erdogan.
Enquanto ainda mantinha o seu posto de museu, a Hagia Sofia se tornou um lar para a gata Gli, nascida em 2004. Mas o “estrelato” da felina foi alcançado quatro anos depois, em 2008, ao ser acariciada durante a visita do presidente norte-americano Barack Obama.
As quatro patas de Gli percorreram os espaços da Hagia Sofia até 2020, quando a felina conhecida pelos turistas e pela população local faleceu aos 16 anos de idade. Ao lado de sua irmã, Kizim, a gata foi enterrada em um espaço no jardim da mesquita, sem acesso para os visitantes.
O perfil do animal, somando mais de 100 mil seguidores, continua a ser mantido no Instagram (@hagiasophiacat). As postagens incluem não somente cliques da celebridade felina que já partiu, mas outros gatos ao redor da mesquita agora também fazem a sua estreia na rede social.
Um felino entre sultões: relação da Turquia com os gatos
Em matéria desenvolvida pelo The Guardian, o jornal britânico já anunciava a Turquia como “uma nação fragmentada em divisões de identidade nacional, religião e etnia”, mas “unida por uma coisa: o amor pelos felinos”.
“Eu fiquei realmente boquiaberta com o tanto de gato que tem lá”, recorda a influenciadora digital Taynã Ginepri em sua última visita à Istambul. “Eles são muito bem amparados. Mesmo que sejam gatos de rua, eles são criados pela população”, completa.
“Meu cunhado estava comigo, ele ama gatos também, aí ele colocou no Google (sobre o motivo)”, indica.
Uma história popular relacionada com a tradição positiva aos felinos descreve o profeta Muhammad e o seu gato favorito, Muezza. Apesar da veracidade incerta, acredita-se que, em preparação à oração, o profeta começou a se vestir, mas encontrou o gato adormecido na manga de seu manto de oração.
Para não acordar o seu animal, a decisão foi cortar a manga com uma tesoura e manter Muezza em seu local de descanso.
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