Pitcairnia limae: planta rara, endêmica e com risco de extinção é descoberta em Ipu

Ceará registra quatro espécies classificadas como "criticamente em perigo" (incluindo a Pitcairnia limae), 20 "em perigo" e 15 "vulneráveis"

08:42 | Set. 08, 2025

Por: Kaio Pimentel
Planta Pitcairnia limae, espécie rara, endêmica e com risco de extinção da flora do bioma Caatinga, foi encontrada na Área de Proteção Ambiental (APA) Bica do Ipu, no Ceará (foto: Reprodução/ Allan e Ant Marinho - Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema))

A espécie rara, endêmica e com risco de extinção da flora do bioma Caatinga, sob nome científico Pitcairnia limae, foi encontrada na Área de Proteção Ambiental (APA) Bica do Ipu, no município homônimo, a 332,77 km de distância de Fortaleza, no Ceará.

Estado possui quatro espécies classificadas como "criticamente em perigo", 20 "em perigo" e 15 como "vulneráveis".

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A listagem das floras ameaçadas de extinção da Portaria do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) do Brasil, de 7 de junho de 2022, classifica Pitcairnia limae a planta como "criticamente em perigo" (CR), abrindo margem para risco extremamente alto de extinção na natureza.

A informação foi obtida com ação de vistoria e de monitoramento no final de agosto, nas trilhas da Unidade de Conservação (UC) estadual, gerida pela Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema).

De acordo com o gestor da UC, Danilo Melo, responsável pela descoberta, já havia relatos da ocorrência dessa espécie na Serra da Ibiapaba, mas não constava registro oficial dentro da APA.

"Estou emocionado e orgulhoso por poder identificar e contribuir para os estudos e pesquisas de uma espécie tão rara, que até então eu conhecia apenas por fotografias, em um planejamento do qual participei representando a Coordenadoria de Biodiversidade (Cobio/Sema) no Plano de Ação Nacional (PAN) da Caatinga promovido pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro”, orgulha-se.

Ceará abriga quatro espécies como "criticamente em perigo", incluindo a Pitcairnia limae

Segundo a Sema, o Ceará possui quatro espécies classificadas como "criticamente em perigo", 20 "em perigo" e 15 como "vulneráveis".

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"As Unidades de Conservação são fundamentais para a proteção dessas espécies, pois são territórios legalmente protegidos, onde atividades destrutivas são restringidas ou totalmente proibidas”, justifica o biólogo Christopher Morais, da Célula de Políticas de Flora da Coordenadoria de Biodiversidade da Sema.

A Sema afirma colaborar com o planejamento do PAN para a Conservação da Flora Ameaçada de Extinção da Caatinga Ceará-Piauí, também conhecido como PAN Flora da Caatinga.

A área abrange mais de 40 mil km², envolvendo partes dos estados nomeados, desde a porção sul da Serra da Ibiapaba até o litoral, sendo delimitada pelos rios Acaraú (a leste) e Parnaíba (a oeste).

A iniciativa integra o escopo do Projeto Estratégias de Conservação, Restauração e Manejo para a Biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal, financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF Terrestre).

Conforme a Secretaria, uma equipe técnica do Jardim Botânico realizará visitas de pesquisa em três Unidades de Conservação do Estado: APA da Bica do Ipu, Cânion do Rio Poti e Parque das Carnaúbas, em breve. Data não foi informada.

Este é o primeiro PAN dedicado exclusivamente à flora do bioma Caatinga e é coordenado pelo Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), por meio da Coordenação de Projetos de Estratégias para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Centro Nacional de Conservação da Flora (COESC/CNCFlora).