Projeto busca tornar turismo em Icapuí mais responsável ambiental e socialmente

O crescimento da demanda turística para a região ligou uma alerta de especialistas da ONG Aquasis para a necessidade de coordenação das atividades

A Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) está desenvolvendo um projeto, em parceria com a Fundação O Boticário, para tornar o turismo de Icapuí, município localizado a 205,3 quilômetros de Fortaleza, mais ambientalmente responsável e socialmente justo. A ideia é que os turistas possam, entre outras atividades, apreciar a observação da fauna — sem intervir na ecologia dos animais — e participar de experiências com a comunidade local, como a preparação de uma refeição ao lado de uma marisqueira.

Felipe Braga, educador socioambiental do Projeto Aves Migratórias do Nordeste na Aquasis, aponta que o aumento da demanda turística na região fez com que a ONG se atentasse para a necessidade dessa coordenação. “Vimos que o turismo estava desordenado e precisava de um regulamento. Nós queremos que esse turismo seja responsável”, enfatiza. Com o término das análises diagnósticas de atividades desenvolvidas nas comunidades, a ONG deve iniciar formações para que os membros da comunidade possam conduzir as atividades propostas, como a observação de aves e peixes-boi.

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A reação da comunidade, conforme Felipe, está sendo positiva, já que o projeto está ajudando a evidenciar as potencialidades locais e é construído de forma participativa. “Quando o turista vier para cá ele vai saber onde funciona cada coisa. Vai saber onde vende labirinto, onde vende palha...”, detalha. O projeto, intitulado como “Conhecer para Conservar”, é desenvolvido também em parceria com secretarias da gestão municipal de Icapuí, assim como com o auxílio de associações comunitárias.

Com duração até o final de 2023, o projeto ainda pretende criar uma plataforma online para que os turistas possam encontrar as experiências locais com mais facilidade. “Vamos elaborar guias voltados à conduta responsável, instalar placas e criar uma plataforma digital, pensando na melhor orientação aos visitantes e na facilidade de comunicação entre turistas e prestadores de serviços locais”, esclarece Felipe em nota assinada em conjunto com Thais Chaves, educadora socioambiental do Programa de Mamíferos Marinhos da Aquasis.

Os especialistas esclarecem que Icapuí tem uma extensão costeira de aproximadamente 46 quilômetros e é o maior conjunto de falésias da América Latina. “Pela diversidade de ambientes, é uma área de alta importância biológica, pois abriga muitas espécies ameaçadas, que encontram fontes de alimentação e áreas de descanso nessa região. Por exemplo, as dunas e falésias ajudam a reabastecer o aquífero que alimenta nascentes de água doce que jorram no mar e servem como fontes de água para o peixe-boi se hidratar”, argumentam.

A região ainda é uma área prioritária de conservação por abrigar um conjunto de ecossistemas que propiciam a ocorrência da biodiversidade ameaçadas, como espécies de aves como o Maçarico-de-Papo-Vermelho (Calidris canutus), Maçarico-rasteirinho (Calidris pusilla), Batuíra-bicuda (Charadrius wilsonia), Maçarico-de-costas-brancas (Limnodromus griseus) e população nativa de peixe-boi-marinho (Trichechus manatus manatus). Atualmente, há três Áreas de Preservação Ambiental (APA) no território de Icapuí, sendo duas municipais (Manguezal da Barra Grande e Praia de Ponta Grossa) e uma estadual (Berçários da Vida Marinha).

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