Em protesto, ambientalistas defendem Lagoa do Cauípe e apontam impactos negativos das termelétricas

De acordo com os organizadores, a ação reuniu quase 100 pessoas em um "toxic tour". Ação lembrou ainda intervenções realizadas na Lagoa do Cauipe

Grupos de ambientalistas e representantes do povo indígena Anacé protestaram na região do Pecém, em Caucaia e São Gonçalo do Amarante. A ação aconteceu nesse sábado, 30, em defesa da Lagoa do Cauípe e do território tradicional. O movimento faz parte da campanha Fora Termelétrica, composta por Instituto Verdeluz, Jovens pelo Clima, Ceará no Clima e Famílias pelo Clima.

"Estamos defendendo o clima do planeta, por isso somos contra as termelétricas, e é importante perceber como os impactos das termelétricas se acumulam com outros impactos a nível regional, como os impactos das obras na Lagoa do Cauípe", explica Beatriz Azevedo, ambientalista e advogada do Instituto Verdeluz. "Para defender o clima, precisamos sobretudo apoiar a luta dos povos indígenas", enfatiza.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

De acordo com os organizadores, a ação reuniu quase 100 pessoas em um "toxic tour" pela região de termelétricas a fim de conscientizar sobre os impactos socioambientais negativos gerados pela instalação e funcionamento das termelétricas no litoral cearense. O tour foi finalizado em um ato na Lagoa do Cauípe, onde uma faixa de 10 metros foi aberta pelos ativistas, com o texto: "SOS CAUÍPE".

Também presente, Alexandre Costa, professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e especialista em mudanças climáticas, aponta que as termelétricas consomem 800 litros de água por segundo para resfriar as caldeiras e emitem 1 milhão de toneladas de gás carbônico por ano.

Lagoa do Cauípe

Desde janeiro, a Lagoa do Cauípe tem estado em pauta. A Prefeitura de Caucaia deu início a serviços de desassoreamento e drenagem do entorno. Fotos e vídeos enviados ao O POVO mostravam máquinas pesadas trabalhando no local, retirando areia e abrindo um caminho entre a lagoa e o mar. 

Em 21 de março, o Ministério Público Federal deu entrada com uma Ação Civil Pública junto à Justiça Federal para suspender e paralisar os trabalhos. O pedido do MPF seguiu com uma tarja amarela de “urgente” pedindo a “interrupção definitiva e reparação integral do dano ambiental". Entre os argumentos expostos, o Ministério Público diz que o projeto é realizado dentro de uma área de preservação ambiental - APA do Lagamar do Cauípe, existente desde 1998. A lagoa é inserida dentro de território indígena e o MPF também aponta que não houve consulta aos representantes da aldeia dos anacés. 

No último mês, uma liminar judicial da 1ª Vara Cível da Comarca de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, determinou a suspensão imediata das obras de desassoreamento e dragagem na Lagoa do Cauípe. A decisão é do dia 5 de abril e até o dia 15 as intervenções não haviam parado

Antes disso, em 2017, o movimento socioambiental e povo Anacé entraram com Ação Popular em face do Governo estadual contra a retirada de água do Lagamar do Cauípe para abastecer o Complexo Industrial Portuário do Pecém (CIPP). Conforme os ambientalistas, "há uma relação entre o uso intensivo de água pelas termelétricas e a luta pela proteção da água no Cauípe".

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

lagoa do cauipe termeletricas instituto verdeluz

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar