Curso sobre enfrentamento à violência contra a mulher forma 185 detentos

Cerimônia de entrega de certificados ocorreu nesta terça-feira, 14, em Aquiraz. Curso da Fundação Demócrito Rocha foi ministrado para detentos da Unidade Prisional Irmã Imelda

A Fundação Demócrito Rocha (FDR), em parceria com a Unidade Prisional Irmã Imelda, em Aquiraz, ofertou o curso "O papel do homem no enfrentamento à violência contra a mulher" a mais de 100 detentos. Em comemoração à conclusão da formação, foi realizada uma cerimônia de entrega de certificados na manhã desta terça-feira, 14, no presídio.

No local estiveram presentes autoridades representantes de instituições como a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), da Casa da Mulher Brasileira, do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, entre outros.

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Em dezembro de 2021, houve a formação da primeira turma de internos. Instigados pela aceitação, a equipe da unidade prisional decidiu continuar o projeto em 2022. Ao todo, 185 internos concluíram o curso, número que representa 100% da unidade.

Ilana Ferro, diretora da penitenciária, conta que descobriu o trabalho da FDR por meio de uma postagem nas redes sociais. "De imediato busquei fazer contato com a Fundação e eles foram muitos gentis em nos disponibilizar a plataforma virtual para que a gente pudesse trazer o curso sobre violência contra a mulher aqui para a unidade", narra.

Todo o curso ocorre de forma virtual e possui quatro módulos. Ao final de cada módulo, a equipe multidisciplinar da penitenciária (professores, psicólogos, enfermeiros e outros profissionais) faz uma roda de conversa com os internos para começar a sondar se houve a compreensão dos temas. "Eu creio que isso vai impactar na vida de muitas mulheres porque a violência doméstica é algo velado e, como profissionais da segurança pública, temos a obrigação moral e ética de fazer esse trabalho para os que estão aqui detidos aqui", completa Ilana Ferro.

Para o secretário da administração penitenciária, Mauro Albuquerque, formações dessa natureza deveriam ser obrigatórias em todo o sistema prisional do Brasil. "Aqui é o primeiro lugar em que se faz um trabalho nesse sentido. E ocorreu de forma maciça, ou seja, atingiu 100% da população carcerária", disse.

Gerente pedagógica da Fundação Demócrito Rocha, Viviane Verde Leal, fez questão de ressaltar o compromisso da instituição com a sociedade ao oferecer cursos com temas sensíveis. "Nós acompanhamos essa demanda por meio dos e-mails e das mensagens que nos enviam. Pretendemos dar esse olhar aprofundado, não apenas superficial e trazer essa formação para dentro da unidade, com um trabalho contínuo", afirma a pedagoga.

Mudança de conduta

Escolhidos como representantes da turma, os internos Geovane Paiva e Edmilson Coelho expressaram, de formas distintas, o que o curso somou para a vida deles. "Eu fico muito feliz por ter tido essa oportunidade. Com o curso pudemos refletir sobre o quanto nós homens somos machistas e sobre como nós queremos impor a nossa vontade com violência. Essa responsabilidade de chegar junto das unidades prisionais é muito importante", disse Geovane.

Já Edmilson Coelho recitou uma poesia e cantou uma música, ambas de sua autoria, em homenagem às mulheres. 

 

O curso

O curso "O papel do homem no enfrentamento à violência contra a mulher" é uma formação oferecida pela Fundação Demócrito Rocha por meio de plataforma virtual. Possui metodologia multifacetada, desde textos até podcasts.

O debate é iniciado a partir do universo de garantia dos direitos humanos e avaliação dos papeis institucionais – com ênfase na escola e nos sistemas de segurança e justiça –, as normas vigentes, os conceitos e construções da masculinidade no mundo ocidental e os impactos produzidos pelas mudanças nas relações de gênero.

Os módulos foram construídos para profissionais do direito, assistentes sociais e psicólogos do Suas (Sistema Único de Assistência Social) e SUS (Sistema Único de Saúde), policiais civis e militares, profissionais de delegacias e serviços especializados em atendimento a mulheres em situação de violência, o poder Executivo municipal, estadual e federal, sistemas de segurança e justiça, homens e mulheres que estão na dinâmica social nas suas mais diferentes esferas desde a família até o mundo corporativo.

Os quatro módulos do curso são:

Módulo 1: Violência de Gênero e modelos de masculinidade – Impactos das masculinidades tóxicas

Módulo 2: A construção dos modelos de masculinidade – Infância, corpo e escola

Módulo 3:  Violência contra a mulher e relações de poder - Relações dependentes e possessões

Módulo 4: Homens na sociedade ocidental – Os impactos produzidos pelas mudanças nas relações de gênero

O público-alvo do curso é formado por homens a partir dos 16 anos, profissionais da segurança pública, professores e demais profissionais da educação, líderes comunitários, agentes de saúde, gestores públicos, profissionais da saúde e os demais interessados sobre o tema. Ao todo, o curso possui 48 horas/aula.

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