Em 5 anos, 45 cirurgias em bebês ainda no útero materno foram realizadas no Ceará

Em 5 anos, 45 cirurgias em bebês ainda no útero materno foram realizadas no Ceará

A Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac) é a única a oferecer o procedimento pelo SUS no Estado

Desde 2019, 45 cirurgias de correção intrauterina de mielomeningocele (MMC) foram realizadas na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac), no Ceará.

O procedimento é realizado com o bebê ainda no útero da mãe para corrigir a malformação grave do tubo neural. A condição é responsável por gerar paralisia, hidrocefalia e outras complicações neurológicas, caso não tratado.

A técnica proporciona uma manutenção da gravidez até o seu final. Além disso, uma maior qualidade de vida dos bebês após o nascimento, principalmente em aspectos motores.

Neste ano, oito cirurgias já foram realizadas, afirma Herlânio Costa, chefe do Serviço de Cirurgia e Medicina Fetal da Meac-UFC/Ebserh. Ele acrescenta que a equipe ainda tem a capacidade para realizar duas ou mais por mês.

A Meac, instituição pioneira no procedimento, é unidade do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Além disso, é a única que o realiza o procedimento pelo SUS no Estado, até o momento. Enquanto no resto do País, não é uma cirurgia amplamente ofertada, estando restrita a centros habilitados.

Cirurgia de correção intrauterina de mielomeningocele (MMC): o que é, como funciona e como é tratada

A técnica serve para corrigir a má formação da coluna vertebral no ventre materno durante a gestação. O útero materno fica “a céu aberto”, segundo Herlânio Costa, por incisão, para ter acesso ao feto.

Uma equipe multiprofissional de especialistas em medicina fetal e neurocirurgia pediátrica são requisitos cruciais para a realização segura e efetiva da cirurgia.

Para ser feita, as membranas fetais, responsáveis pela proteção do feto, devem estar devidamente abertas. É necessário para permitir a correção da coluna do bebê de forma semelhante ao que seria feito após o nascimento.

As membranas são reparadas e o líquido amniótico, também responsável pela proteção do feto e reserva de nutrientes, é reposto no final da cirurgia.

A indicação é para ser feita entre a 19ª e a 26ª semanas de gestação. “Quanto mais precoce a cirurgia, melhores os resultados neurológicos”, diz o Herlânio Costa.

Também ressaltou a importância da identificação precoce da condição, garantindo tempo para o encaminhamento da grávida a centros com especialistas capacitados.

Um ultrassom morfológico realizado no primeiro trimestre da gravidez, entre 11 e 14 semanas, pode indicar sinais indiretos ou alguns casos da condição. Já o diagnóstico definitivo ocorre após a 15ª ou 16ª semana de gestação.

Entretanto, a identificação é muitas vezes tardia, principalmente, pelo ultrassom realizado entre a 20º e a 24º semana de gestação, no segundo trimestre. Isso faz com que a programação da cirurgia seja dificultada para ser feita antes da 26º semana, aumentando o risco do procedimento.

A cirurgia ainda não possui tanto conhecimento pela população ou pelos profissionais de saúde. A sua disponibilidade em centros de referência ou os seus benefícios ao ser feita antes do nascimento são tópicos importantes, mas poucos conhecidos.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar