Documentos apontam problemas de degradação em todas as bacias hidrográficas do Ceará

Ao todo, o Estado possui 12 regiões com cenários de poluição, desmatamento, extração mineral entre outros. Pesquisa da Cogerh, em parceria com a UFC, lançou planos de ações para, em até 30 anos, diminuir ou resolver os impactos

Todas as bacias hidrográficas do Ceará apresentam problemas de degradação nas suas estruturas em categorias relacionadas a questões ambientais, qualidade da água e quantidade de água. Os diagnósticos constam nos Planos de Recursos Hídricos das regiões hidrográficas do Ceará publicados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), em parceria com o Programa Cientista Chefe, no último dia 19.

Depois de três anos de pesquisas, 12 documentos detalharam a situação atual das regiões hidrográficas do Curu, Serra da Ibiapaba, Sertões de Crateús, Litoral, Coreaú, Salgado, Banabuiú, Alto Jaguaribe, Região Metropolitana de Fortaleza, Médio Jaguaribe, Baixo Jaguaribe e Acaraú. Entre os pontos graves estão o desmatamento, poluição dos recursos hídricos, queimadas, ocupações irregulares, especulação imobiliária, extração mineral, secas e cheias.

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A coordenadora técnica da Cogerh no plano da bacia do Curu, Samiria Maria Oliveira, explica que os diagnósticos foram feitos a partir de oficinas de trabalho, seminários, questionários e entrevistas em campo. “Com base em levantamentos técnicos e das percepções e vivências dos Comitês das Bacias Hidrográficas, a gente conseguiu identificar os principais conflitos de uso, problemas ambientais e a demanda e oferta hídrica de cada região”, disse.

Além dos diagnósticos, que considerou os aspectos físicos, ambientais, oferta e demanda das regiões, bem como os aspectos socioeconômicos, os planos também tiveram etapas de prognósticos, que apresentou a descrição dos cenários prováveis e as estimativas da oferta e das demandas de água no futuro, e a etapa de programas e ações para cada região hidrográfica.

Nesta etapa, são definidas e estimados custos das ações para aprimorar formas de abastecimento humanos, para tornar eficiente o uso das águas em diferentes atividades produtivas, capacitar os principais atores sociais, minimizar os problemas relacionados aos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, bem como questões gerenciais e ambientais que afetam o campo dos recursos hídricos.

Segundo o cientista chefe de Recursos Hídricos, professor Assis Filho, os diagnósticos foram discutidos nos Comitês de Bacias e, em seguida, foram montados os prognósticos e planos de ações. “Com esses documentos, a gente tem ideia dos principais gargalos e principais dificuldades que a bacia pode ter. Identificar que tipo de ação a gente tem que ter para reduzir as secas, cheias e melhorar a questão da qualidade de água da bacia e as questões ambientais”, destaca

Conforme o diretor de Planejamento da Cogerh, João Lúcio Farias, com os diagnósticos apresentados, os planos de ações serão colocados em prática e destacou como as ações vão funcionar diante do cenário de seca. “A gente espera que o próprio plano seja apropriado pelo próprio Comitê. A preocupação agora é a implementação dos planos, que estão previstos para 30 anos”, disse. 

Ainda segundo João Lúcio, os planos vamos trabalhar de forma integrada com os planos de seca. Além disso, os planos devem ter uma revisão a cada quatro ou cinco anos com objetivo de atualizar os cenários. Atualmente, nos documentos, os pontos mais demandados pelos representantes dos Comitês de Bacias são acerca de questões ambientais e estruturais na região.

“Pontos como construção de reservatórios, adutoras, e também as questões ambientais estão contemplados nos planos para cada região”, garantiu o diretor.

A aprovação dos Planos das Regiões Hidrográficas aconteceu durante seminário realizado nos dias 17 e 18 de abril e contou com a participação dos membros dos Comitês de Bacias do Ceará.

Nos encontros, foram discutidos diretrizes e aprovação das fases dos planos, incluindo diagnóstico, prognóstico e planos de ações.

O processo de desenvolvimento dos planos durou cerca de três anos, começando ainda durante a pandemia, com encontros, discussões e debates realizados principalmente de forma virtual.

Para a criação dos documentos, a Cogerh informou, ao O POVO, na última quinta-feira, 25, que os recursos utilizados nos Planos de Região Hidrográfica está em um projeto que produziu o piloto dos planos de secas em recursos hídricos. O valor alocado para os Planos de Região Hidrográfica foi de R$ 1,7 milhões.

Confira os diagnósticos de cada região

Bacia do Curu
- Ocupações irregulares
- Queimadas
- Desmatamento
- Extração mineral (areia, argila e outros) nas margens de rios
- Assoreamento dos reservatórios
- Destinação inadequada dos resíduos sólidos
- Lançamento inadequado de efluentes urbanos

Bacia da Serra da Ibiapaba
- Poços irregulares
- Assoreamento
- Uso indiscriminado de agrotóxico
- Destinação inadequada de lixo
- Degradação das nascentes
- Especulação imobiliária
- Desmatamento
- Ocupação irregular de áreas de proteção ambiental

Bacia de Crateús
- Queimadas
- Desmatamento
- Degradação das nascentes
- Destinação dos agrotóxicos
- Resíduos sólidos
- Assoreamento dos reservatórios
- Secas

Bacia do Litoral
- Secas
- Assoreamento
- Construção de pequenos açudes
- Despejo dos resíduos sólidos
- Destinação inadequada dos agrotóxicos
- Mineração
- Eutrofização
- Degradação das nascentes
- Especulação imobiliária
- Desmatamento
- Queimadas

Bacia do Coreaú
- Existência de poços irregulares
- Uso indiscriminado de agrotóxico
- Destinação inadequada dos resíduos sólidos
- Uso de agrotóxico em vazantes
- Extração mineral nas margens de rios
- Degradação das nascentes
- Queimadas

Bacia do Salgado
- Construção de poços irregulares
- Assoreamento dos reservatórios
- Construção de pequenos açudes a montante dos principais reservatórios da bacia
- Lançamento inadequado de efluentes urbanos
- Destinação inadequada das embalagens dos agrotóxicos
- Extração mineral
- Especulação imobiliária
- Crescimento desordenado de comunidades e núcleos urbanos
- Ocupações irregulares e desmatamentos nas Áreas de Preservação Permanente (APP)
- Desmatamento
- Queimadas

Bacia do Banabuiú
- Secas
- Incertezas hidrológicas quanto a Disponibilidade hídrica nos anos seguintes
- Contaminação da água subterrânea
- Queimadas
- Destinação inadequada dos resíduos sólidos
- Lançamento inadequado de efluentes urbanos
- Disputas entre abastecimento humano e irrigação abastecimento humano
- Criação de animais nas margens dos corpos hídricos
- Transferência de água entre açudes e a transferência de água entre bacias

Bacia do Alto Jaguaribe
- Secas
- Cheias
- Poços irregulares
- Assoreamento
- Irrigação
- Pecuária
- Lazer
- Furto
- Piscicultura
- Comunidades tradicionais
- Carcinicultura
- Transferências entre açudes e transferências entre bacias
- Conservação de nascentes
- Propriedades particulares

Bacia do Acaraú
- Assoreamento dos reservatórios
- Incertezas  hidrológicas
- Poços abandonados e irregulares
- Barragens irregulares 
- Pequena açudagem

Bacia da Região Metropolitana
- Poços irregulares
- Excesso de poços
- Poços abandonados
- Desmatamento
- Queimadas
- Ocupação das APPs
- Secas e Cheias
- Assoreamento dos reservatórios
- Incertezas hidrológicas quanto à
disponibilidade hídrica nos anos seguintes
- Crescimento descontrolado da demanda
pelo uso da água
- Lançamento inadequado de efluentes
urbanos
- Extração mineral
- Erosão do solo e desertificação

Bacia do Médio Jaguaribe
- Secas
- Incerteza hidrológica,
- Desmatamento
- Assoreamento
- Erosão
- Barragens irregulares
- Uso excessivo de
agrotóxicos
- Mineração
- Eutrofização

Bacia do Baixo Jaguaribe
- Secas
- Incertezas hidrológicas quanto a disponibilidade hídrica nos anos
seguintes
- Destinação inadequada dos resíduos sólidos
- Uso indiscriminado de agrotóxico
- Ocupações irregulares
- Desmatamentos nas Áreas de Preservação Permanente (APP)
- lançamento inadequado dos efluentes, destinação inadequada dos resíduos sólidos e contaminação de águas subterrânea

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