Estudantes cearenses são premiados em concurso de redação pela Fundação Demócrito Rocha

Mais de 50 mil redações participaram do Concurso de redações. A primeira colocada foi Emily Maria de Sousa Silva, de Juazeiro do Norte

Alunos da rede pública do Ceará foram premiados na manhã desta quarta-feira, 22, pela participação no concurso “Redação Enem: chego junto, chego a 1.000!”. Em evento que marcou o encerramento da edição de 2023, os 23 estudantes classificados na etapa regional foram premiados cada um com um smartphone. A cerimônia ainda contemplou com notebooks os autores dos três melhores textos, vencedores da etapa estadual.

O concurso é uma das ações do Enem Mix, uma iniciativa em parceria da Fundação Demócrito Rocha (FDR) com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc). A ação anual tem como objetivo preparar estudantes da rede pública estadual para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

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A ação é direcionada a estudantes do terceiro ano do ensino médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O tema é escolhido por meio de sorteio, com base em inforreportagens do O POVO.

A cerimônia de encerramento e premiação do concurso aconteceu no Espaço O POVO de Cultura & Arte, em Fortaleza. Na ocasião, estiveram presentes a secretária da Educação do Ceará, Eliana Estrela, e a presidente do O POVO, Luciana Dummar. Também compareceram alunos e professores das 23 escolas estaduais.

O tema da redação final do Concurso de 2023 foi "O impacto da inteligência artificial na educação brasileira”. A produção vencedora deste ano foi escrita por Emily Maria de Sousa Silva, 18, aluna da Escola Estadual de Educação Profissional Raimundo Saraiva Coelho, de Juazeiro do Norte.

Emily comenta que recebeu bastante auxílio e incentivo de suas professoras. A estudante relata que o material publicado pelo O POVO, sobre o tema do concurso, também foi de grande ajuda para o seu bom desempenho.

“Nos textos motivadores, tivemos acesso a várias obras que serviram de base para a construção da minha redação e, consequentemente, do bom resultado final. Mas, principalmente, acho que o concurso de redação me ajudou no Enem, pois já havia feito redações que se encaixaram no tema que abordado neste ano”, comenta a estudante.

Emily conta estar confiante com seu desempenho na redação do Enem de 2023, que aconteceu no último dia 5 de novembro. Para o futuro, ela espera poder ingressar na universidade no curso de medicina.

A professora Gervaní Magalhães descreve o sentimento de ver o trabalho de sua aluna prestigiado. “A Emily receber esse prêmio coroa um trabalho feito durante três anos. Além de ser um incentivo para outros alunos. Para que eles também possam perceber que são capazes de escrever bem e desenvolver suas habilidades”, comenta a educadora.

O concurso “Redação Enem: Chego Junto, chego a 1.000” foi lançado em agosto de 2023 e contou com 4 temas a mais do sorteado. Ao todo, foram contabilizadas 53.081 redações participantes.

A presidente da Fundação Demócrito Rocha, Luciana Dummar, destaca a qualidade das produções realizadas pelos alunos. “Você vê que ali tem muita leitura envolvida, você observa que eles estão lendo e lendo jornal. Quando eu observo mais de 50 mil inscritos num concurso de redação, eu vejo que nós estamos fazendo a nossa parte. Isso faz toda a comunidade, não só comunidade da educação, observar que o Ceará está no caminho certo e precisamos avançar cada vez mais”, comenta.

Já a secretária da Educação do Estado do Ceará, Eliana Estrela, ressalta que os esforços são para garantir que cada vez mais estudantes ingressem no ensino superior. “Não se trata apenas de ranking, mas sim de olhar para tudo isso e perceber o quanto realmente avançamos. Quero fazer um reconhecimento especial aos professores, gestores das escolas e a todos os servidores, pois são fundamentais para que todo esse processo aconteça e para unir nossa juventude”, pontua a secretária.

Confira a redação vencedora do concurso “Redação Enem: chego junto, chego a 1.000!”

Com o tema "O impacto da inteligência artificial na educação brasileira”, a produção feita por Emily Maria De Sousa Silva, 18, recebeu nota 1.000. Durante todo o Concurso, a aluna acumulou o total de 3 mil pontos.

Outra participante, a aluna Luna De Oliveira Gomes, 17, da Escola Estadual de Educação Profissional Professora Alda Façanha, do município de Aquiraz, também atingiu 3 mil pontos durante o Concurso.

Como critério de desempate, foi analisado que Emily obteve a nota máxima com os três corretores figurando duas vezes em primeiro lugar na correção individual. Ela cometeu apenas um erro na Competência 1. Já Luna, embora tenha obtido o mesmo número de pontos da primeira colocada, obteve dois segundos lugares na correção individual e, no critério de desempate, cometeu dois erros na Competência 1.

O terceiro lugar ficou com Karla Emanuelle Ribeiro De Lima, 17, da Escola Estadual de Educação Profissional José Vidal Alves, de Canindé. Ela obteve um total de 2.960 pontos.

Confira a redação, na íntegra, de Emily Maria De Sousa Silva:

     Segundo a “Lei da Inércia”, do cientista inglês Isaac Newton, a tendência dos corpos, quando nenhuma força é exercida sobre eles, é permanecer em estado natural. De maneira análoga, é possível perceber, metaforicamente, que as questões relacionadas aos impactos da Inteligência Artificial na educação do país permanecerão inalteradas enquanto não houver ações efetivas sobre essa temática. Desse modo, é essencial analisar não só as causas do uso inapropriado da IA, por parte dos estudantes, mas também as consequências e as possíveis soluções para essa problemática.

  Sob essa perspectiva, evidencia-se, inicialmente, que a falha das instituições de ensino intensifica o problema, dado que a escola é pautada em um viés conteudista, focada na formação de mão de obra para o mercado de trabalho e, por isso, não aborda a instrução autônoma do sujeito. Nesse sentido, o contato dos estudantes com debates sobre o uso crítico, inteligente e ético das plataformas digitais é precarizado, justamente, pela carência de orientação profissional. Destarte, essa reflexão pode ser confirmada pela “Pedagogia do Oprimido”, de Paulo Freire, na qual denuncia a postura negligente do sistema educativo que valoriza uma vertente tecnicista e não emancipatória do educando, o qual, em razão disso, não aprende como utilizar tais plataformas no auxílio do processo de aprendizagem em disciplinas, como a Biologia, na criação de um sistema humanizado de estruturas ósseas e de outros métodos de adaptação do ensino.

  Por outro lado, é preciso, também, apontar que a utilização inadequada das IA’s nos colégios poderá trazer diversos prejuízos sociais, inclusive o desemprego de professores. Segundo o jornal “O Povo”, o texto “Recomendação sobre Ética da Inteligência Artificial, publicado em 2021 pela UNESCO, orienta que as IA’s devem ser debatidas nas escolas para que haja melhor alfabetização informacional da população. Todavia, o que se observa no cenário escolar atual vai de encontro a esse documento, pois, a medida que o alunado recorre, desenfreadamente, a esses recursos tecnológicos, como o “Chat GPT”, para fazer mecanicamente seus trabalhos acadêmicos, há a preocupação de que, futuramente, esse “aprendizado de máquina” possa gerar um ensino ineficiente e a substituição dos profissionais da educação, sobretudo os docentes. Sendo assim, o uso inconsequente desse método pode afetar alunos, professores ou até mesmo outros profissionais, como os de medicina, pois as consultas médicas são erroneamente feitas por pesquisas na internet.

  Depreende-se, portanto, a adoção de medidas que venham diminuir os impactos negativos da inteligência artificial na educação do Brasil. Para isso, cabe ao MEC - órgão responsável pela criação de políticas públicas educacionais - promover a capacitação de professores sobre o uso adequado das IA’s nas escolas. Essa ação deve ser implementada por meio de minicursos, cursos de extensão ou de pós-graduação, a fim de as ferramentas digitais estarem inseridas nas aulas, que serão mais dinâmicas, atrativas e, por sua vez, desenvolverão nos alunos as habilidades necessárias para utilização consciente da internet em trabalhos e pesquisas. Feito isso, a IA tornar-se-á benéfica para os discentes e para os docentes, os quais serão, também, protagonistas no ensino-aprendizagem.

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