Área em situação de seca no Ceará atinge menor patamar em quatro meses

O Ceará registrou, entre novembro e dezembro de 2022, a menor área territorial vivendo sob situação de seca desde agosto do mesmo ano. A informação consta no Monitor das Secas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). De acordo com o painel, o Estado tem 21,6 mil km² de seu território com quadro de escassez hídrica decorrente de falta de chuvas. Esse é o menor patamar em quatro meses. 

Durante o período analisado, o percentual de área atingida pela seca recuou de 28% para 15%, mantendo o Ceará na categoria estável. Outras cinco unidades da Federação estão na mesma situação de estabilidade: Distrito Federal (4%), Rio de Janeiro (20%), Santa Catarina (28%) e Rondônia 62%).

Conforme o levantamento, cinco estados nordestinos ficaram livres do fenômeno em dezembro: Alagoas, Maranhão, Pernambuco, Piauí e Sergipe, todos com 0%.

O Monitor acompanha a situação hídrica das regiões. O Sudeste tem situação mais preocupante, sendo classificada como área de seca extrema. No Sul, com a irregularidade das chuvas desde o fim do ano passado, o quadro é apontado como grave. No Centro-Oeste e seca é moderada, enquanto no Nordeste e no Sul o cenário é descrito como como fraco. 

O painel indica o Ceará entre os 13 estados brasileiros com diminuição na área com seca. Além da "Terra da Luz", também estão nesta condição a Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte, São Paulo e Tocantins.

Em três estados a presença do fenômeno aumentou: Rio Grande do Sul, Rondônia e Santa Catarina. Nos casos do Acre e do Rio de Janeiro a área com escassez se manteve estável.

Segundo o Monitor, a diminuição da área com escassez hídrica no Ceará está ligada ao bom volume de chuvas registrado em dezembro, o primeiro mês da pré-estação chuvosa. As precipitações, conforme destaca boletim emitido pela ferramenta, foram mais expressivas no leste e oeste do Estado, impactando positivamente no quadro hídrico cearense a curto e longo prazo. 

A situação melhorou um pouco em janeiro, quando o Estado acumulou 110 mm de chuvas. O índice é 11,4% acima do volume esperado para o mês, cerca de 98,7 mm. Das oito macrorregiões do Estado, apenas a Ibiapaba teve chuvas abaixo da média, encerrando o mês com desvio negativo de 24%. Nas demais, os acumulados positivos variaram de 3,3% (Jaguaribana) a 30,2% (Litoral de Fortaleza). 

Estiagem avança no início de 2023

Apesar das chuvas registradas no começo de 2023, a estiagem avança no Interior do Estado em áreas onde as precipitações foram em menor intensidade. Em janeiro, duas cidades cearenses tiveram situação de emergência decretada pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, vinculada ao Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional: Monsenhor Tabosa e Independência, ambos localizados na Mesorregião dos Sertões. 

Com o quadro de escassez hídrica, as prefeituras de ambos os municípios passam a ter prioridade junto ao Governo Federal na liberação de verbas destinadas a ações de abastecimento emergencial, como a Operação Carro-Pipa, por exemplo, que leva água potável às localidades mais secas do semiárido nordestino.

O programa é financiado pelo Governo Federal e executado pelo Exército Brasileiro. De acordo com a instituição, pelo menos 138,6 mil cearenses dependem da água distribuída pela operação para realizar atividades básicas, como cozinhar, tomar banho e se alimentar. No total, são 28 municípios atendidos e 332 pipeiros contratados. 

O município com maior número de pessoas atendidas é Parambu, no Sertão Central e Inhamuns, com pouco mais de 17 mil cadastros. Em seguida aparece Tauá, na mesma região, com 14,4 mil beneficiários. Cada família inscrita tem direito a receber o equivalente a 20 litros de água por pessoa ao dia. A distribuição, geralmente, ocorre quinzenalmente ou a cada mês. A água é armazenada em cisternas ou caixas de grande porte.

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