Ceará encerra primeira quinzena de abril com chuvas abaixo da média

Baixo volume de precipitações não é novidade. Nos últimos dez anos, apenas em dois o mês de abril não teve acumulados pluviométricos abaixo do esperado

A primeira quinzena de abril foi encerrada com chuvas abaixo da média no Ceará. Segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o Estado acumulou nos últimos 15 dias 91,6 milímetros (mm) de precipitações. O volume representa menos da metade da normal climatológica prevista para o mês, que é de 188 mm. No geral, o índice de pluviometria está 51,3% abaixo do esperado para o período mensal. O cenário pode mudar, no entanto, caso a segunda quinzena seja mais chuvosa.

Terceiro mês da estação chuvosa cearense – que vai de fevereiro a maio – , abril não costuma registrar bons acumulados de precipitações. Nos últimos dez anos, por exemplo, as chuvas só não ficaram abaixo da média para o período em 2018 e em 2019. De acordo com o meteorologista da Funceme, Vinícius Oliveira, os baixos indicadores pluviométricos medidos no mês refletem tendência histórica no ciclo chuvoso do Ceará.

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“Abril, historicamente, no Ceará, é menos chuvoso se comparado aos dois primeiros meses da estação chuvosa. Se a gente tiver que dividir, podemos colocar fevereiro e março como um bimestre que costuma registrar maiores acumulados enquanto abril e maio apresentam índices menores, pois são meses em que ocorre o fechamento desse ciclo de chuvas”, explicou Oliveira.

Das oito macrorregiões cearenses, nenhuma acumula chuvas dentro ou acima da média em abril. Até agora, a área mais escassa do Estado é o Sertão Central e Inhamuns, onde foram registrados 65,1 mm, cerca de 57,7% a menos do que o previsto. Na sequência, vem a região Jaguaribana, com 78,3 mm, perfazendo diferença negativa de 56,6% em relação à média.

Os indicadores são um pouco melhores no Litoral de Fortaleza, que acumula 159,1 mm, no Litoral do Pecém (135 mm) e no Maciço de Baturité (135,4 mm). Ainda assim, as regiões apresentaram desvios negativos de 38,7%, 34,4% e 37,8%, respectivamente, em relação à normal climatológica do mês. Para que o cenário seja revertido, a segunda metade do mês precisará registrar bons acumulados.

O cenário meteorológico de abril contrasta com o do mês anterior. Em março, o Ceará teve volume de precipitações acima do esperado. No período, foram registrados 265,6 mm de chuvas, superando em 30,6% a normal climatológica do mês (203,4). No recorte regional, não foi diferente. Todas as macrorregiões encerraram o período com volumes acima da média. A mais chuvosa foi o Cariri, que registrou 369 mm, quase 70% a mais do que o índice médio (218,4 mm).

Entre fevereiro e abril, o Ceará acumula 421,6 mm de precipitações. Tomando como referência a normal climatológica do trimestre, que é de 510,1 mm, o volume está 17,4% abaixo da média. É preciso considerar, no entanto, que ainda restam mais 15 dias do mês de abril para que haja o encerramento do período trimestral. No ano passado, nesse mesmo intervalo, o Estado registrou 438,1 mm.

Situação dos açudes

Ainda que o acumulado da estação chuvosa esteja abaixo do esperado, até aqui, as chuvas registradas nos últimos três meses deram um alívio para a situação hídrica do Estado. No começo de fevereiro, início do ciclo chuvoso, o volume médio de água nos reservatórios cearenses era de 21,1%. Nesta sexta-feira, 15, chegou a 32,4%, índice que tira o Ceará do estado de alerta para escassez hídrica, atingido quando o volume é inferior a 30%.

No mesmo período, o número de açudes sangrando saltou de dois para 25. Já os que estão na iminência de transbordar, com volume acima de 90%, aumentaram de três para 35. Por outro lado, a quantidade de reservatórios com aportes abaixo de 30% da capacidade diminuiu de 67 para 59. Os dados estão disponíveis no Portal Hidrológico do Ceará, gerenciado pela Funceme em parceria com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).

De acordo com o painel, há variações expressivas entre a situação das doze bacias hidrográficas do Estado. Enquanto a do Acaraú apresenta volume confortável (78,4%), Banabuiú enfrenta cenário perto do colapso, com apenas 7,72%. No geral, são sete bacias com níveis acima de 30% e cinco com indicadores abaixo desse patamar, ou seja, em estado de alerta.

Com volume de 17,37%, a bacia do Médio Jaguaribe, que abriga o açude Castanhão, maior reservatório hídrico do Ceará, acumula o terceiro menor percentual de aporte em relação à capacidade total. Fica atrás apenas das bacias do Curu (16,71%) e de Banabuiú (7,72%). Também enfrentam cenários preocupantes as bacias do Baixo Jaguaribe (20,63%) e a dos Sertões de Crateús (22,74%).

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