Pássaro ameaçado de extinção ganha nova chance graças a ONGs cearenses

Com a reprodução em cativeiro, a expectativa é que, em cinco anos, o número de pássaros aumente para que possam ser devolvidos à natureza; uru, ameaçado de extinção, foi descrito pela primeira vez no Ceará

A Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) conquistou mais uma vitória para a conservação ambiental no Ceará. Desta vez, os empenhos foram em benefício do pássaro uru, classificado como Criticamente em Perigo de extinção.

Em uma viagem para o estado do Paraná, realizada em parceria da Aquasis com outros projetos de conservação de aves, exemplares do Uru foram enviados para uma instituição especializada na conservação de aves. A expectativa é que, no local, a espécie aumente de número através do processo de reprodução assistida em cativeiro.

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O uru é uma ave nativa da região Nordeste. Contudo, o baixíssimo número de exemplares na natureza, principalmente no Ceará, onde foi descrita para a ciência pela primeira vez, preocupou os pesquisadores.

De acordo com a Aquasis, o declínio populacional do uru é decorrente de fatores como a perda de habitat, resultante do avanço da urbanização em áreas sensíveis, a caça predatória para consumo humano, além da introdução de predadores e doenças. A extinção da ave é estimada para ocorrer em cerca de dez anos.

Ave será reproduzida em cativeiro
Ave será reproduzida em cativeiro (Foto: Ciro Albano/Reprodução)

Dessa forma, a Aquasis, com o auxílio de equipes de projetos de conservação de outras aves, tomaram a iniciativa para driblar esse destino. A primeira etapa era conseguir exemplares suficientes para um possível processo de reprodução em cativeiro. Depois de várias tentativas, com a utilização de armadilhas especiais, instaladas na serra de Baturité, seis espécimes de uru foram capturados.

Após isso, com o auxílio de doadores privados, uma foi comitiva formada por representantes dos projetos Cara-suja, Oásis Araripe e Aquasis. O objetivo era levar os animais à cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, onde fica o Parque das Aves, instituição especializada na conservação de pássaros da Mata Atlântica.

"Esperamos que, nos próximos cinco anos, essas aves tenham aumentado em cativeiro ao ponto de serem, em parte, conduzidas de volta para repovoar áreas da serra de Baturité. Isso depende muito da reprodução delas em cativeiro e, paralelamente, que possamos preparar melhor os ambientes para recebê-las de volta, diminuindo suas ameaças", explica Fábio Nunes, gerente do Projeto Cara-suja, da Aquasis.

Equipe em prol da conservação das aves viajou até Foz do Iguaçu, no Paraná
Equipe em prol da conservação das aves viajou até Foz do Iguaçu, no Paraná (Foto: Acervo Aquasis/Reprodução)

"Ainda existe um longo caminho para salvar essa ave da extinção, mas esse foi realmente um primeiro e importante passo. Estamos animados em empregar esforços para que essa ave continue tendo o seu direito de existir", continua Fábio.

Em 2010, a Aquasis já havia realizado um trabalho similar para o aumento de espécimes de outra ave regional ameaçada de extinção. Após mais de oito décadas sem notícias, a ONG redescobriu, na região de Quixadá, uma população do ameaçado periquito cara-suja. Com a utilização da estratégia de ninhos artificiais, o cara-suja teve sua população aumentada em dez vezes em apenas uma década.


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