Voo 168: pesquisa busca entender reconfiguração familiar de parentes das vítimas

Psicóloga que perdeu pai no acidente do voo 168 da Vasp iniciará pesquisa com, pelo menos, 37 familiares de vítimas da tragédia em Pacatuba

Quase 40 anos após o acidente com o voo 168 da Vasp, no qual 137 pessoas morreram quando a aeronave chocou-se contra a Serra da Aratanha, em Pacatuba, será realizada uma pesquisa que busca entender como as famílias das vítimas se reconfiguraram após o acidente. A idealizadora do projeto é a professora doutora Layza Castelo Branco Mendes, psicóloga e filha de uma das vítimas do acidente. Aos 43 anos, Layza é professora do curso de Psicologia do Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Em junho de 1982, José Luiz Reis Mendes da Cunha, pai de Layza, estava no voo e acabou sendo uma das vítimas da tragédia, com apenas 31 anos. A realização da pesquisa por parte de Layza tem raízes na sua infância, vindas da precoce partida de seu pai. "A gente sabe que a motivação da pesquisa vem de atravessamentos na nossa própria história, seja atravessamentos de forma direta, como no meu caso é, que eu tenho uma clareza desse atravessamento", explica.

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A pesquisadora explica que o objetivo do projeto é entender como as famílias se reestruturam após a tragédia. "Por coincidência, completam-se 40 anos do acidente neste ano, eu pensei como temática da minha pesquisa compreender as reconfigurações familiares após o acidente. Essa é a temática central."

Por meio de uma conta no instagram, Layza já encontrou 37 parentes de vítimas que estavam no voo da Vasp. De acordo com a pesquisadora, já foi feito um contato inicial com essas pessoas. O plano da professora é que as entrevistas para a pesquisa tenham início a partir do mês de maio.

"No processo de luto, sempre há reconfiguração familiar em vários âmbitos. Por exemplo, meu pai era como se fosse a pessoa que mais resolvia coisas na família dele e na família da minha mãe. Na medida em que ele morre, minha mãe passou a ocupar esse lugar", relata.

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A pesquisadora reconhece que a reconfiguração de famílias é um processo que acontece a todo momento, mas que, no caso do acidente, essa readaptação é marcada pelo inesperado. "A peculiaridade das pessoas que vou entrevistar é que o estímulo para que elas tivessem que obrigatoriamente se reorganizar foi atragédia. A morte de pessoas de forma trágica e a morte de pessoas jovens, como naquele voo, traz necessidades de reorganizações e de vivências de luto diferentes", destaca.

O projeto deveria ter se iniciado ainda em 2021, mas, devido aos planos da universidade e à pandemia da Covid-19, ele acabou sendo adiado para este ano. A pesquisa será realizada na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

 

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