Fila de cirurgias poderá ser acompanhada em tempo real por pacientes no Ceará

Com aporte de R$ 100 milhões, as cirurgias devem acontecer em regime de plantão 24h e em diversos municípios do Estado. Novo portal lançado pelo governo também busca facilitar o acompanhamento da lista de espera para os procedimentos

Há cinco anos, Antônio Nunes Cavalcante, 56, espera para fazer uma cirurgia ortopédica no ombro. Morador de Pereiro, município do Interior do Ceará, Antônio só consegue saber em qual lugar da fila de espera para o procedimento ele se encontra quando vem para Fortaleza e consulta a informação com o médico que o acompanha. “Toda vez que eu ia para a consulta, a cada seis meses, a fila não tinha diminuído ninguém.” 

De acordo com a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), cerca de 30 mil pessoas estão na fila para cirurgias eletivas na rede pública do Estado. O governo anunciou nessa terça-feira, 19, o aporte de R$ 100 milhões para acelerar a fila de cirurgias e zerar a espera de pacientes. O lançamento oficial do programa foi na manhã desta quarta-feira, 20, no Hospital Leonardo Da Vinci, em Fortaleza.

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Segundo o governador Camilo Santana (PT), as cirurgias devem acontecer em regime de plantão 24h e em diversos municípios do Estado. Das 30 mil previstas, 10 mil serão feitas por meio da contratação de entidades privadas ou filantrópicas. Um edital deve ser lançado ainda nesta semana, conforme o governador. 

Antônio conseguiu ser aposentado por invalidez por causa da lesão, que o impede de voltar a trabalhar na roça. No entanto, ele afirmou que os trâmites para a sua cirurgia, que será feita pela rede pública, demoraram ainda mais devido à pandemia da Covid-19.

A mesma situação aconteceu com milhares de cearenses desde março de 2020, quando as cirurgias eletivas precisaram ser suspensas até julho daquele ano, tanto para que os recursos da rede de Saúde fossem voltados ao combate à pandemia, quanto para a segurança dos pacientes pré-cirúrgicos. Em 2021, os procedimentos também precisaram ser suspensos por cinco meses.

Cirurgias de traumatologia e cardiovasculares são as principais áreas com demanda suprimida durante a pandemia. O programa ainda inclui procedimentos de otorrinolaringologia, ortopedia, ginecologia, cirurgia geral, pediatria, oftalmologia, neurologia, vascular e urologia.

“Se for mais [de 30 mil], nós vamos disponibilizar mais. Nosso objetivo é reduzir ou zerar. É claro que todo dia surgem mais cirurgias. A gente quer resolver essa demanda dos pacientes que estão aguardando e continuar a fazer as cirurgias que chegam todos os dias”, disse o governador.

Além de acelerar a fila das cirurgias, um novo portal lançado pelo governo busca facilitar o acompanhamento dessa lista de espera. A plataforma, que poderá ser acessada através do site Saúde Digital ou pelo aplicativo Ceará App, dará ao paciente a possibilidade de ver o seu local na fila, informações sobre exames e consultas pendentes relacionadas ao procedimento. O sistema deve ficar disponível para acompanhamento a partir desta quinta-feira, 21.

“Tão importante quanto a gente saber o número de cirurgias, é a gente saber a necessidade dessas pessoas. Porque dentro das cirurgias eletivas, existem aquelas que são mais prioritárias. Quando o governador falou de qualificação dessa fila, tem a ver com isso também: a gente saber aquelas pessoas que têm uma necessidade maior e precisam ser atendidas de uma forma mais rápida”, explicou o secretário da Saúde do Estado, Marcos Gadelha.

Para o presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Júnior Castro, a transparência sobre o andamento da fila pode ajudar pacientes do Interior do Estado a se planejarem com antecedência para as viagens necessárias para fazer os procedimentos.

“Esse sistema vai proporcionar à pessoa saber qual hospital ela vai ser referenciada. A gente vai poder se organizar com antecedência para o transporte e vai diminuir o absenteísmo. Porque a gente sabe que as cirurgias, às vezes, não são realizadas pela ausência do paciente, que por algum motivo não tem nem conhecimento que a cirurgia estava previamente marcada”, relatou Castro.

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