Interrupção das águas do São Francisco não afeta volume do Castanhão, diz SRH
De acordo com a pasta, suspensão da transferência das águas do Velho Chico para o Ceará já era prevista para o segundo semestre
Há mais de quatro meses sem receber as águas da transposição do Rio São Francisco, o açude Castanhão, maior reservatório hídrico do Ceará, encerra setembro com a menor carga hídrica já registrada em 2021 (10,03%). Em maio, último mês de bombeamento das águas do Velho Chico para o açude, o volume era de 12,28%. Apesar da redução, a Secretaria Estadual dos Recursos Hídricos (SRH) diz que a suspensão do bombeamento das águas da transposição ao Ceará tem pouca relação com os números atuais.
De acordo com a pasta, a maior parte do volume hídrico do Castanhão provém das chuvas registradas entre fevereiro e maio, período conhecido como quadra chuvosa. “As águas do São Francisco são um complemento, mas não significa muito no todo”, acrescentou a SRH em nota enviada ao O POVO.
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A Secretaria ainda explica que a interrupção do bombeamento das águas para o Castanhão já era prevista para o segundo semestre deste ano. “A transferência é programada para acontecer sempre no primeiro semestre, visto que as perdas são menores e a eficiência é maior. Trazer água agora ia ser um desperdício, pois os rios que fazem esse caminho até o Castanhão estão secos ou com níveis muito baixos. Além da evaporação, que nessa época é muito maior devido às altas temperaturas”, detalhou.
A pasta ainda informa que foi solicitado ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) o retorno do bombeamento para o início de 2022, a fim de que haja melhor aproveitamento do aporte hídrico extra durante o período chuvoso.
Estado de alerta
Sem a expectativa de novas precipitações até o fim do ano, a SRH manifesta preocupação com a redução progressiva do nível de reserva hídrica do Castanhão. A pasta afirma que o volume atual acende sinal de alerta, já “todo e qualquer cenário abaixo de 30% é considerado crítico”. Por outro lado, descarta, temporariamente, risco de desabastecimento hídrico já que os Municípios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e do Baixo Jaguaribe estão sendo abastecidos por poços artesianos.
Embora amargue baixo nível de aporte, o volume hídrico atual do Castanhão, de aproximadamente 250 milhões de metros cúbicos, é o maior entre os reservatórios cearenses. Em segundo lugar aparece o açude de Orós, com cerca de 210 mi/m³, seguido por Araras (100 mi/m³), Taquara (60 mi/m³) e Faé (40 mi/m³). Os números constam em monitoramento realizado nesta quarta-feira, 29, pela SRH, em parceria com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh) e o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs).