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Bioma Caatinga apresenta diminuição contínua de suas coberturas naturais

A redução no local é vista na vegetação campestre e na vegetação florestal
10:57 | Set. 24, 2020
Autor Marília Freitas
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Marília Freitas Estagiária do O POVO Online
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Tipo Notícia

O bioma Caatinga vem apresentando uma diminuição contínua de suas coberturas naturais devido às ações humanas e climáticas, mostra a pesquisa "Contas de Ecossistemas: Extensão por Biomas" realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira, 24.

O estudo analisou os anos entre 2000 e 2018, contabilizando os períodos com mais intervenções no bioma brasileiro entre os anos de 2000 a 2014, com uma intensificação mais lenta do desmatamento no restante do período analisado. Entretanto, a constante diminuição de suas coberturas já é uma realidade, inclusive, em todos os biomas brasileiros citados no estudo. No caso da Caatinga, a redução é vista na vegetação campestre e na vegetação florestal. A primeira, entre 2000 e 2018, teve sua área reduzida em 26.768 km², enquanto a segunda registrou uma redução de 8.560 km².

O principal motivo para as reduções é o crescimento de áreas de mosaicos, áreas agrícolas e áreas de pastagem com manejo, registradas principalmente entre os anos de 2000 e 2014. Um total de 47,3% das mudanças de uso foram relativas à transformação de vegetação do tipo campestre para mosaico de ocupações A classe de área agrícola foi a que registrou o maior aumento entre as três, com um total de 74,9% de crescimento - em 2000 a área ocupava 7.213 km² do bioma. Dezoito anos depois, esse número passou para 12 612 km².

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O índice também é relacionado com quem ocupa o território brasileiro: os estabelecimentos rurais de pequeno porte utilizam-se do bioma para cultivos de subsistência e outros usos diversificados. Ainda há a ocupação de sistemas agroflorestais - o plantio da agricultura e de florestas em um mesmo ambiente. "Essa é uma das diversas estratégias de adaptação do agricultor às condições edafoclimatológicas do Semiárido", diz o estudo.

As consequências dessa destruição são graves, segundo Oriel Herrera Bonilla, coordenador do Laboratório de Ecologia da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Os recursos para preservação do bioma existem, à exemplo da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Entretanto, a fragmentação dos investimentos gera a não fiscalização da terra e outros fatores que corroboram para a piora do bioma.

"Temos ocnhecimento dos melhores usos das terras, mas temos que desenvolver técnicas adaptadas ao nosso semiárido. Tem sim existido trabalhos, mas são pontuais: começam bem e são esquecidos. Essa falta de fundos econômicos para desenvolver pesquisas faz muita falta. De forma geral, notamos um abandono e esquecimento", comenta.

A combinação das altas temperaturas do mês de setembro com intensidade dos ventos e a vegetação seca tem causado incêndios na Caatinga cearense. Dados da Fundação Cearense de Metereologia e Recursos Hídricos (Funcece) e do Instituto Nacional de Estudos Especiais (Inpe) contabilizaram mais de 250 focos de calor no Estado até agosto desse ano.

Mas não só as causas naturais influenciam no incêndio: segundo o Corpo de Bombeiros de Iguatu, 1% dos registros é de causas naturais, enquanto outros 90% são de natureza criminosa. Outros 9% são ocasionados por imprudência e imperícia no manejo das vegetações - essas citadas pelo estudo. Bioma tipicamente brasileiro, a Caatinga ocupa uma área de cerca de 11% do território nacional. É frequentemente suscetível à desertificação devido às secas que atingem a região.

Metodologia

 

Através da "Contas de Ecossistemas: Extensão por Biomas", o IBGE tem como objetivo avaliar a extensão natural dos ecossistemas brasileiros através dos biomas terrestres: Caatinga, Amazônia, Cerrado, Pampa e Mata Atlântica. Ainda incluem tanto a cobertura original remanescente quando as conversões para uso que ocorreram ao longo do período de 2000-2018.

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