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Reitor da UFCA se emociona ao comentar corte proposto pelo MEC: "É uma situação crítica"

Segundo ele, com outros bloqueios de recursos, o montante chega a 47% do orçamento geral da universidade que foi cortado, o que ele descreve como uma situação crítica.
22:21 | Mai. 03, 2019
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O reitor da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Ricardo Luiz Lange Ness, emocionou-se ao comentar o corte de 30% no orçamento de todas as universidades federais proposto pelo Ministério da Educação. "Se esses bloqueios de fato se efetivarem e essa situação não vier a ser revertida, a situação não só da UFCA mas de todas as universidades do Brasil vai ficar inviável". Ele se emocionou ao comentar a realização do primeiro aluno cego da instituição: "O papel da universidade é transformar a realidade, das pequenas realidades dos indivíduos à realidade da região".

Ricardo concedeu entrevista à rádio CBN Cariri, que também contou com a presença do vice-reitor e pró-reitor de planejamento, Juscelino Silva, e do pró-reitor de administração, Silverio Freitas. Os três explicaram como fica a situação financeira da UFCA após o bloqueio de 30% do orçamento, que foi anunciado pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. Segundo o reitor, a universidade já tinha emendas parlamentares bloqueadas dentro do orçamento que chegavam a quase R$ 10 milhões. "Esse bloqueio ocorrido agora no último dia 30 atingiu R$ 8,6 milhões, o que corresponde a 29,4%, os 30% anunciados na mídia", explanou Ricardo.

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Somando os dois valores, do que já foi bloqueado da Lei Orçamentária Anual (LOA) com o novo bloqueio, 47% do orçamento total da UFCA foi bloqueado, o que equivale a quase R$ 19 milhões.

"A única boa notícia é que os recursos do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) não foram bloqueados. Assistência estudantil que garante auxílios, bolsas para o estudantes carentes que caem dentro do critério do Pnaes, que são aqueles estudantes que vêm de escola pública e possuem renda familiar per capta abaixo de 1,5 salário mínimo, esses não serão atingidos", considerou. O reitor afirmou que cerca de 80% dos alunos vêm de perfil de renda per capta abaixo de R$ 800, mas nem todos recebem auxílios ou bolsas.

Ricardo considerou que a situação se tornou crítica com o novo bloqueio. "A gente vêm desde 2014 convivendo com bloqueios e cortes, mas até agora foram todos administráveis. A gente conseguiu, de fato, avançar apesar dos cortes e bloqueios. Mas, se esses bloqueios de fato se efetivarem e essa situação não vier a ser revertida, a situação não só da UFCA mas de todas as universidades do Brasil vai ficar inviável", afirmou o reitor.

Durante a entrevista, Ricardo Lange Ness comentou as atividades exercidas pela UFCA na região do Cariri, reforçando a importância da instituição. Enquanto falava sobre um vídeo, recebido por ele pouco antes do início da entrevista e que mostrava o primeiro aluno cego da UFCA, do curso de Música, tocando uma partitura em braille, Ricardo ficou com a voz embargada, devido à emoção. "O papel da universidade é transformar a realidade, das pequenas realidades dos indivíduos à realidade da região", pontuou.

"Hoje, o que está posto na mídia é uma desqualificação daquilo que a universidade pública federal tem feito. Não fossem as universidade públicas federais, o nosso país não teria atingido o patamar de hoje ser respeitado na comunidade científica nacional. É o 13º país em número de publicações científicas, produz pesquisas de altíssimo nível. 90% das pesquisas mais importantes no país são feitas nas universidade federais", afirmou ele.

Para o reitor, apesar de existir somente à 6 anos e não ter conseguido dar uma contribuição significativa na área de pesquisas, a UFCA tem transformado as pessoas e a comunidade que alcança. "O tamanho da universidade, embora nova, não é pequeno. A expansão pode ser comprometida com esses cortes. Com isso, a gente conclama a sociedade à se unir conosco nessa luta em defesa da universidade pública, pois o trabalho é feito com muita responsabilidade, feito para a região, para o desenvolvimento do nosso Cariri, pensando em cada cidadão do nosso Ceará e do nosso país", disse.

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