Justiça quebra sigilo de 233 perfis que acusaram Felca de pedofilia
Em meio a debate de exploração infantil em conteúdos de redes sociais, influenciador foi acusado de pedofilia. Caso tramita na Justiça com acusações de calúnia e difamação
10:00 | Ago. 16, 2025
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) acatou o pedido do youtuber e influencer Felipe Bressanim Pereira, mais conhecido como Felca, para retirar o sigilo de 233 perfis que o acusaram de pedofilia na plataforma X, antigo Twitter. A decisão judicial foi publicada na terça-feira, 12, pela juíza Flávia Poyares Miranda.
Pautando o debate de exploração infantil em conteúdos de redes sociais, Felca publicou no dia 6 de agosto um vídeo intitulado “Adultização” em que denuncia perfis que estariam monetizando com a exploração de menores, como o do paraibano Hytalo Santos.
Por seguir os perfis citados na denúncia com seu perfil público, Felca foi acusado de ser “pedófilo” e “abusador” pelos responsáveis das 233 contas citadas. Agora, o caso tramita na Justiça com acusações de calúnia e difamação.
Influenciador propôs acordo com doação para instituições beneficentes
Felca cita que foi difamado nas redes sociais por pessoas que passaram a dizer que ele era associado ao consumo de conteúdos sexuais envolvendo crianças e adolescentes, além de compactuar com a prática criminosa.
Na decisão, foi determinado que o X forneça informações como os IP’s de acesso dos perfis referente a movimentações feitas nos últimos seis meses. A plataforma deverá fornecer esses dados em um prazo de até cinco dias, senão terá que pagar uma multa diária de R$ 200.
Com as informações adquiridas, Felca pretende responsabilizar os donos dos perfis nas esferas cível, por danos morais, e criminal, por calúnia, difamação e injúria.
No vídeo “Adultização”, ele garantiu que o valor arrecadado nos processos serão doados para instituições de caridade.
Além disso, também avisou aos envolvidos que, caso queiram que o processo seja retirado, devem doar R$ 250 para instituições beneficentes citadas por ele e fazer um pedido de retratação nas redes sociais.
Em nota, seu advogado, João de Senzi, avaliou positivamente a decisão da justiça, informando que até o momento cerca de 80 envolvidos decidiram fazer um acordo.
"As pessoas que fizeram o acordo e já doaram o dinheiro e fizeram uma retratação, não vamos seguir o processo contra essas pessoas. É até provável que elas recebam um e-mail de que o sigilo foi quebrado, mas nós não daremos continuidade no processo contra as pessoas físicas", afirmou.
Advogado de Felca revela que influenciador tem sofrido ameaças
Ainda segundo João de Senzi, devido à repercussão que o vídeo teve, Felca tem sido alvo de ameaças, precisando usar até mesmo um carro blindado e andando acompanhado por seguranças após a publicação da denúncia.
"Há ameaças de vários lados, natural quando se mexe com temas tão sensíveis como é o caso. Como ele tem recebido centenas de ameaças diariamente, estamos esperando a estabilização da repercussão, para que a ocorrência seja registrada contra todas as ameaças em um mesmo boletim, facilitando o trabalho da polícia e evitando que sejam necessárias inúmeras emendas para adicionar novos perfis", disse o advogado.
No entanto, Senzi afirmou que, apesar das ameaças, o desenrolar da denúncia tem sido positivo. Ele diz que Felca “utilizou de toda sua visibilidade para jogar luz em um tema que, mesmo à vista de todos, muitos não viam ou não conheciam”.
Hytalo Santos x Felca: Entenda o caso
Felca citou diretamente Hytalo Santos, que soma mais de 20 milhões de seguidores, e relatou episódios envolvendo a jovem Kamylinha, que teria se aproximado de Hytalo aos 12 anos.
No vídeo, o influenciador aponta que Hytalo teria criado um formato de “reality show” com clima adulto, incluindo conversas sobre relacionamentos e situações sugestivas.
Entre os exemplos, citou uma cena em que Kamylinha dançava sugestivamente com outro menor de idade sob aplausos de adultos, além da exposição de um pós-operatório recente de implante de silicone. A jovem tem 17 anos atualmente.
Após o vídeo e a repercussão, Hytalo foi alvo de medida de busca e apreensão, por determinação da Primeira Vara da Infância e Juventude de João Pessoa, realizada pela Polícia Militar da Paraíba. Foram coletados um computador e aparelhos celulares.
Nesta sexta-feira, 15, Hytalo foi preso em Carapicuíba, na Grande São Paulo, em cumprimento a mandados expedidos pela 2ª Vara da Comarca de Bayeux, na Paraíba. O marido de Hytalo, Israel Nata Vicente, também conhecido como Euro, também foi detido. O Ministério Público da Paraíba (MP-PB) afirmou que já investigava Hytalo desde 2024.