Conselho Federal de Medicina proíbe uso de anestesia para fazer tatuagem
O texto prevê exceção para casos com indicação médica, como os procedimentos de tatuagem reconstrutiva
O uso de anestesia para a execução de tatuagens foi proibida por uma resolução aprovada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A proibição consta no texto publicado nesta segunda-feira, 28, e já é válida para todo Brasil.
A resolução estabelece que, independentemente da extensão ou localização da tatuagem, os médicos não poderão realizar sedação, anestesia geral ou bloqueios anestésicos periféricos para tatuagem.
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Porém, o texto prevê exceção para casos com indicação médica, como os procedimentos de tatuagem reconstrutiva, a exemplo da pigmentação da aréola mamária após cirurgia de câncer de mama.
Para as exceções, no caso de tatuagens de reconstrução de partes do corpo, a participação do anestesiologista deve seguir critérios rigorosos:
- Procedimento deve ocorrer em ambiente de saúde com infraestrutura adequada;
- deve incluir exames e avaliação pré-anestésica;
- ter monitoramento contínuo;
- ter equipamentos de suporte à vida e equipe treinada para intercorrências.
As anestesias viabilizam as tatuagens de grande extensão corporal, que são normalmente intoleráveis para as pessoas que se submetem ao procedimento.
Um exemplo disso é o caso do cantor Igor Kannário, que tatuou o corpo todo em uma única sessão.
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O relator da resolução, conselheiro federal Diogo Sampaio, justifica que os anestésicos elevam o risco de absorção dos componentes das tintas, conforme apurou a Folha de S.Paulo. Os pigmentos podem conter metais pesados como cádmio, níquel, chumbo e cromo.
"Os ambientes onde as tatuagens são usualmente realizadas com fins não médicos, via de regra, não cumprem tais requisitos, sendo desprovidos das condições materiais e humanas indispensáveis à segurança do ato anestésico", afirma o relator.
Essa prática havia se tornado comum entre influencers e celebridades. Mas a morte do influenciador e empresário Ricardo Maciel Preto de Godoi, 45, em janeiro deste ano, acendeu um alerta sobre os possíveis riscos do procedimento.
Ricardo morreu após passar por uma anestesia geral em um hospital particular de Itapema (SC) para fazer uma tatuagem nas costas.
Segundo Diogo Sampaio, o CFM define as condições mínimas de segurança para o procedimento anestésico.
Além disso, o Conselho determina que essas práticas devem ocorrer exclusivamente em unidades assistenciais de saúde que disponham de infraestrutura adequada para atender imediatamente os pacientes que passarem por eventuais intercorrências.