Cartas da família de Juliana Marins expõem dor após morte em vulcão da Indonésia

A jovem brasileira caiu de um penhasco em trilha de vulcão na Indonésia e foi encontrada sem vida depois de dias de buscas. Pai e irmã da jovem escreveram uma carta aberta comovente lamentando a perda

11:29 | Jun. 26, 2025

Por: Alice Barbosa
O pai de Juliana, Manuel Marins, divulgou uma carta aberta de despedida, lamentando a perda e ressaltando o afeto e as recordações com a filha (foto: Reprodução/ @manoel.marins.3)

O sentimento de dor, revolta e impotência dominou as redes sociais após a confirmação da morte da brasileira Juliana Marins, de 24 anos, no vulcão Mount Rinjani, situado na ilha de Lombok, na Indonésia. O pai, Manuel Marins, e Mariana Marins, a irmã da jovem, divulgaram cartas de despedida lamentando a perda e ressaltando o afeto e as recordações com Juliana.

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A publicitária Juliana Marins havia desaparecido durante uma trilha no Monte Rinjani e foi encontrada sem vida dias depois, enquanto aguardava resgate. A família da jovem criou um perfil no Instagram para atualizar amigos e seguidores durante o período de desaparecimento.

Nesse mesmo perfil, a irmã da publicitária, Mariana Marins, descreveu memórias e destacou a personalidade leve e aventureira de Juliana: “você sempre foi a maior parceira do mundo, mesmo sendo avoadinha de tudo, sempre acreditando que todas as coisas sempre iam dar certo. E o pior: elas sempre davam certo!”

“Você sempre esteve comigo em todos os momentos, inclusive nos piores deles. A gente sempre dizia que moveria montanhas uma pela outra, e daqui do Brasil, tentei mover uma lá na Indonésia por você. Desculpa não ter sido suficiente, irmã”, disse Mariana Marins em um postagem nas redes sociais.

Manoel Marins, pai da jovem, também ressaltou traços de personalidade semelhantes, ao dizer que ela “sempre foi muito especial. Sapeca, inquieta, de sorriso lindo e uma imensa vontade de viver intensamente”.

Ele viajou para a Indonésia com a esperança de reencontrar a filha, mas ao chegar ao país recebeu a confirmação da morte da filha.

Depois disso, Manoel escreveu a letra da canção “pedaço tirado de mim”, de Chico Buarque, em uma postagem com a foto de Juliana publicada na noite de terça-feira, 24, no próprio perfil nas redes sociais.

“Você se foi fazendo o que mais gostava e isso conforta um pouco o nosso coração. Fica a sua presença em nossa casa, no seu quarto, no seu lugar preferido no sofá da sala. Fica a sua presença marcante na vida de quem teve o privilégio de te conhecer e de conviver contigo”, escreveu Manoel.

Juliana passou pelos países Filipinas, Vietnã e Tailândia antes de chegar à Indonésia, enquanto fazia um mochilão pela Ásia desde fevereiro.


“Vai ser muito difícil não te ter por perto, irmã. Vai ser muito difícil seguir sem você. A vida vai ser muito difícil sem você”, publicou Mariana.

A morte de Juliana foi confirmada pela família nas redes sociais. Eles agradeceram as orações e ajuda dos voluntários no resgate pela publicitária.

“Somos profundamente gratos aos voluntários que, com coragem, se dispuseram a colaborar para que o processo de resgate de Juliana fosse agilizado. Estendemos nossa gratidão não apenas a eles, mas também a todos que de alguma forma contribuíram para viabilizar esse processo”, publicou a família nas redes sociais.

A operação de resgate da jovem foi dificultado pelas condições meteorológicas adversas do local, falhas em equipamentos (corda curta para a operação). Além disso, relatos inverídicos foram repassados à família.

Julian nasceu no Rio de Janeiro e morava em Niterói, na Região Metropolitana. Era formada em publicidade e propaganda pela Universidade Federal Rio de Janeiro (UFRJ) e atuava como dançarina de pole dance.

Os familiares também expressam a sua indignação à equipe oficial de resgate, que, segundo eles, negligenciaram Juliana. Para a família a jovem poderia ter sido salva se o socorro tivesse chegado a tempo.

Juliana sofreu uma grande negligência por parte da equipe de resgate. Se a equipe tivesse chegado até ela dentro do prazo estimado de 7h, Juliana ainda estaria viva.”

Os indonésios Agam e Tyo participaram voluntariamente das buscas e compartilharam informações em lives nas redes sociais.

Ambos ganharam destaque nos agradecimentos nas postagens da família e entre os brasileiros que acompanhavam a tragédia. Os internautas passaram a chamar Agam de “herói” e “guerreiro”.

Confira a íntegra da carta aberta de Manoel Marins, pai de Juliana:

"Ah, Juju, minha linda, meu tesouro, minha filha, meu amor. Você sempre foi muito especial. Sapeca, inquieta, de sorriso lindo e uma imensa vontade de viver intensamente.

Sempre preocupada comigo e com a Estela. Dizia que iria cuidar de nós na nossa velhice, embora eu lhe dissesse que isso não era necessário, que você deveria viver a sua vida.

No início deste ano nos disse que faria esse mochilão agora enquanto era jovem e nós te apoiamos. Quando lhe perguntei se queria que lhe dessemos algum dinheiro para ajudar na viagem, você nos disse: jamais.

E assim você viajou com seus próprios recursos que ganhou como fruto do seu trabalho. E como você estava feliz realizando esse sonho.

E como nós ficamos felizes com a sua felicidade. Você se foi fazendo o que mais gostava e isso conforta um pouco o nosso coração.

Fica a sua presença em nossa casa, no seu quarto, no seu lugar preferido no sofá da sala. Fica a sua presença marcante na vida de quem teve o privilégio de te conhecer e de conviver contigo.

E, especialmente, no meu coração , no da sua mãe e no da sua irmã. Voa, Juju, voa. Voa para os braços do Pai Eterno que lhe aguarda para te guardar para sempre nos seus braços de amor infinito.

E aqui ficaremos, na certeza de nos reencontrarmos um dia e fazer aquele vôo de parapente que estávamos programando para o seu aniversário.

Lá no céu, o bom Deus há de nos proporcionar isso.
Daqueles que sempre te amaram: papi, mami e Mari".

Veja a íntegra da carta de Mariana Marins: 

"Aos 4 anos de idade, falei pros meus pais que eu queria 10 irmãs. Aos 5 anos, quando você nasceu, não quis mais nenhum, vc já valia pelos 10! Hahaha!

Você sempre foi doidinha de tudo, de ter as melhores tiradas, um humor típico Marins.

Ensinei você a andar de bicicleta, a tocar violão, a gostar de 30 seconds to mars só pra ir ao show comigo.

Você sempre foi a maior parceira do mundo, mesmo sendo avoadinha de tudo, sempre acreditando que todas as coisas sempre iam dar certo. E o pior: elas sempre davam certo!

Você sempre esteve comigo em todos os momentos, inclusive nos piores deles. A gente sempre dizia que moveria montanhas uma pela outra, e daqui do Brasil, tentei mover uma lá na Indonésia por você. Desculpa não ter sido suficiente, irmã.

Do nada me pego pensando no fato de que agora não tenho mais minha madrinha de casamento… ainda bem que eu consegui casar bem antes de você sair de casa pra ir realizar o seu sonho! E ainda bem que vc também amava o amor da minha vida. Era incrível o amor de vocês! Escolhi muito bem né, como você já cansou de me falar.

Outra coisa que tem me incomodado muito é que meus filhos não terão a tia Ju por perto. Seu relógio biológico bateu errado e você - semana sim, semana não - me pedia logo uma sobrinha.

Você seria uma excelente tia. Seus sobrinhos vão saber tudo sobre você. Não se preocupe com isso. Mas eles não terão o privilégio de conviver com você. E isso tem acabado comigo.

Como vou ser velha sem você? Como terei 60 anos sem você do meu lado? Quem usará um gorro de natal comigo em qualquer dia de dezembro?

Inclusive, não sei como serão os natais sem você, irmã. Minha data preferida. Em que você fazia questão de usar um gorrinho junto comigo porque você sabia que eu amava.

Minha irmã gêmea, com 5 anos de diferença, que me amou, me protegeu, me incentivou, me acolheu.

Vai ser muito difícil não te ter por perto, irmã.

Vai ser muito difícil seguir sem você.

A vida vai ser muito difícil sem você".

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