Estudo aponta que três em cada 10 brasileiros são analfabetos funcionais
A pesquisa do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) diz que o mesmo percentual de analfabetos funcionais permanece desde 2018
11:32 | Mai. 12, 2025
Três em cada 10 brasileiros são analfabetos funcionais, o que corresponde a 29% da população brasileira, com idade entre 15 e 64 anos. Entre os jovens (15 a 29 anos) a porcentagem de alfabetismo funcional aumentou para 16%, em comparação ao ano de 2018 quando o índice era 14%.
Os dados são do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), publicado no dia 5 de maio. O grupo equivalente a 29% da população do Brasil é caracterizado por não saber ler e escrever ou por saber tão pouco que acaba não conseguindo compreender pequenas frases ou identificar números de telefones ou preços.
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Conforme os pesquisadores responsáveis pelo estudo, o crescimento do número de jovens alfabetos funcionais pode ter ocorrido por causa da pandemia, uma vez que nesse período as escolas fecharam e muitos alunos ficaram sem aulas.
A pesquisa desta edição do Inaf realizou testes entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, com a participação de 2.554 pessoas de 15 a 64 anos, em todas as regiões do Barsil, para mapear as habilidades de leitura, escrita e matemática dos brasileiros.
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Estima-se que a margem de erro varia entre dois e três pontos percentuais, a depender da faixa etária verificada, considerando um intervalo de confiança estimado de 95%.
A pesquisa classifica as pessoas segundo o nível de alfabetismo, baseado em um teste aplicado a 2.554 brasileiros, que configuram uma amostra representativa da população. A classificação se baseia nos seguintes níveis:
- Níveis mais baixos:
- analfabeto e rudimentar, que correspondem juntos ao alfabetismo funcional.
- Níveis mais elevados:
- Nível intermediário e proficiente, que correspondem ao alfabetismo consolidado.
Apenas 10% de toda a população brasileira está no nível proficiente, que representa o topo do alfabetismo. O indivíduo proficiente elabora textos de maior complexidade com base em elementos de um contexto dado e opina sobre o posicionamento ou estilo do autor do texto.
Esse grupo também interpreta gráficos mais complexos e resolve situações e problemas relativos a tarefas de contextos diversos, com planejamento e elaboração, conforme o Inaf.
Porém, a maior parcela dos brasileiros (36%) está classificada no nível elementar, que compreende textos de extensão média, com pequenas interferências e resolve operações matemáticas básicas como soma, subtração, divisão e multiplicação. Outras 35% estão no patamar do alfabetismo consolidado.
O Inaf aponta desigualdades
A pesquisa também mostra que 7% da população brasileira é analfabeta, destes 65% vivem com renda familiar de até 1 salário-mínimo, e 76% dos analfabetos vivem no interior do País. Mais de 6 a cada 10 analfabetos são negros (63%).
O levantamento indica desigualdade racial ao mostrar que 63% da população negra (pretos e pardos) entre 15 e 64 anos são analfabetos, enquanto entre os brancos o número diminui para 34%.
Com relação à escolaridade dessa população, os dados identificaram que 69% dos pesquisados que nunca estudaram e 59% dos que concluíram apenas até o ensino fundamental são negras, enquanto na população branca os números representam 29% e 38%, respectivamente.
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“A maior parte da população negra está concentrada no nível Elementar de alfabetismo — uma etapa considerada de transição. Esses dados demonstram que, apesar dos avanços e das contínuas reivindicações por políticas públicas mais inclusivas, ainda há um longo caminho a ser percorrido para a superação das desigualdades raciais na educação brasileira”, afirma o relatório da pesquisa.
Em 2024, 41% dos pesquisados que se autodeclaram brancos atingiram o nível de alfabetismo consolidado e entre os negros, essa percentagem é apenas 31%.
Acerca do topo do alfabetismo, 37% dos indivíduos proficientes declaram renda familiar superior a 5 salários mínimos, 52% se autodeclararam brancos, 53% dos indivíduos proficientes são homens e as representam 47% alfabetizados em nível proficiente.
Mas as mulheres são minorias entre os analfabetos funcionais, representando 51% da população, o que reflete sua maior escolaridade quando comparadas aos homens em categorias gerais.