Segurança e privacidade em hospedagens: veja como se proteger

Caso recente de casal que encontrou câmera em quarto de resort em PE acende debate sobre segurança e privacidade ao se hospedar. Confira dicas e orientações

Privacidade é um tema custoso ao se falar em hospedagem. A mera concepção de ter a privacidade invadida pode assustar. Casal paulista encontrou uma câmera “espiã” camuflada no quarto de um residencial em Pernambuco, no último dia 16 de janeiro

Para uma das vítimas do caso registrado em Pernambuco, a ocorrência lhe custou a saúde mental. Segundo o advogado do casal, Roque Campos, a mulher é acompanhada por profissional de Psicologia e teme que as imagens sejam divulgadas. E não é preciso ir longe para esbarrar em outros indivíduos desconfiados e inquietos. Mas como garantir segurança e privacidade em hospedagens fora de casa?

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No TikTok — rede social de inegável influência no cotidiano —, vários vídeos, inclusive publicados por comissários de bordo e viajantes frequentes, fornecem “dicas e orientações” para quem se preocupa com a estadia fora de casa. O público preocupado dá corpo aos comentários dos vídeos.

Um exemplo de macete sugerido é colocar uma tábua de passar roupas ou outro objeto semelhante encostado na porta de entrada do quarto alugado. Isso serviria para “alarmar” a possível entrada de invasores. Sobretudo as espectadoras do público feminino podem ser sensibilizadas pelo material.

Como saber se existem câmeras escondidas ao se hospedar?

Confira a seguir orientações de especialistas, viajantes e plataformas de hospedagem:

  • Verifique todos os cômodos, principalmente nas regiões de maior “intimidade” exposta, como camas, closets e banheiros. Diversos objetos podem ajudar a esconder uma câmera, como TVs, aparelhos de ar-condicionado e móveis, entre outros.

 

  • Certos modelos de câmera têm luzes que piscam para indicar que o aparelho está funcionando. Por isso, é importante prestar atenção em luzes saindo de objetos que outrora não as emitiriam.

 

  • As tomadas também precisam de atenção ao se hospedar. Observe se existe algum fio conectado e não é possível identificar para que está sendo usado. Alguns equipamentos podem ser ligados a fontes externas de energia, por isso a importância de checar fios e tomadas.

 

  • O celular pode ser um aliado. A câmera do aparelho, tanto traseira quanto frontal, pode detectar luz infravermelha emitida por câmeras espiãs com visão noturna e/ou detecção de movimentos. A luz flash do smartphone também pode usada para buscar vestígios.
  • Ao se hospedar, não esqueça de solicitar o acesso ao Wi-Fi. A maioria dos modelos de câmeras espiãs precisam de acesso à Internet e podem ser detectadas por aplicativos de smartphone. Um deles, desenvolvido pela empresa FutureApps, está disponível para iOS e Android.

Se encontrar uma câmera espiã durante a inspeção, procure a administração da hospedagem. Também é importante o registro de Boletim de Ocorrência (BO) na delegacia mais próxima. As plataformas digitais, como Airbnb e Booking.com, orientam, ainda, que os hóspedes entram em contato para reportar a descoberta criminosa.

Insegurança em hospedagens está em todo o mundo

Segundo pesquisa feita em março de 2019 Quatro mil homens e mulheres de 18 a 60 anos do Brasil, do México, da Colômbia e da Argentina participaram do estudo. Para fazer parte, era necessário ter realizado, pelo menos, duas viagens internacionais. pela plataforma de reservas Booking.com, cerca de 17% das latino-americanas temem realizar uma viagem sozinhas. Além disso, 38% das entrevistadas nunca executaram um roteiro sem companhia e 16% nem chegaram a matutar a ideia de viajar a sós.

O destino do passeio nem precisa ser internacional para incitar receio. Dados da Associação da Indústria de Viagens dos Estados Unidos (ITA, na sigla em inglês) colocam o Brasil como o segundo país mais perigoso para mulheres viajarem sozinhas, perdendo apenas para a África do Sul.

A artista Julieta Ines Hernández Martinez, de 38 anos, é lamentável exemplo desta realidade. Conhecida como “Palhaça Jujuba”, ela escolheu pedalar sozinha pelo interior do País realizando apresentações a caminho de volta para casa, na cidade de Puerto Ordaz, na Venezuela.

Em 23 de dezembro do ano passado, Julieta parou de responder mensagens. Em 5 de janeiro, o corpo da artista foi encontrado próximo ao local onde ela se hospedava, no município de Presidente Figueiredo, interior do Amazonas. Um casal, que cobrava R$ 10 para viajantes pernoitarem, foi preso.

Os casos de Julieta e do casal paulista têm uma diferença: só o segundo ocorreu em hospedagem gerenciada por plataforma digital. A neerlandesa Booking.com foi a responsável por conectar os turistas interessados em Pernambuco e o resort onde, mais tarde, foi descoberta a câmera.

“Nossas equipes estão analisando detalhadamente este caso, e a propriedade já está e permanecerá suspensa da plataforma durante a investigação, para que não possa ser reservada pelos viajantes”, afirmou a empresa em nota.

O Booking.com foi questionado por formas de garantir segurança e privacidade de viajantes durante check-in em uma nova hospedagem. Porém, a assessoria informou a impossibilidade de atender à demanda.

Hospedagem segura: o que plataformas e hotéis fazem

A estadunidense Airbnb, outra plataforma de hospedagem com atuação no Brasil, lançou campanha “para ajudar os usuários a se manterem protegidos contra tentativas de fraudes de viagens” na temporada de férias.

Promovida na América Latina, a campanha resultou na divulgação de um infográfico com recomendações ao reservar hospedagens via plataformas.

A plataforma ressalta que, ao efetuar reserva, um cliente recebe “AirCover”, uma espécie de garantia. A ferramenta “inclui proteção de reserva, de check-in e veracidade do anúncio”. Conforme o Airbnb, caso ocorra alguma inconsistência com a compra por parte do anfitrião, o hóspede pode receber hospedagem semelhante ou melhor ou reembolso do valor.

Pensando no contexto local, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Ceará (ABIH-CE), Régis Medeiros, explica que a maioria dos hotéis em funcionamento no Estado possuem sistema de monitoramento por câmeras e fechaduras eletrônicas, isto é, cartões magnéticos.

“Mesmo que o hóspede perca a chave, ninguém sabe de qual apartamento é aquela chave. Se um invasor tentar abrir um apartamento e for o errado, a chave é cancelada automaticamente”, explica o empresário.

A fechaduras eletrônicas “são de muita segurança, além de serem robustas”, complementa ele. Segundo Régis, o equipamento “dá uma peneirada muito forte para que ninguém tenha acesso ao apartamento”.

O presidente da ABIH-CE acrescenta que a organização mantém parceria com o setor de inteligência da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE). Por meio da cooperação, “a ABIH-CE tem acesso a informações e recomendações sobre segurança, inclusive a digital”, finaliza ele.

Hospedagem segura: mais dicas e orientações

Segurança e prevenção nunca são demasiadas e devem começar ainda na escolha do local para se hospedar. Confira mais dicas:

  • Antes de reservar uma hospedagem, procure avaliações na Internet. Se for uma estadia cadastrada em plataforma digital, geralmente clientes anteriores deixam relatos e recomendações. É um passo importante para ter noção do serviço prestado pela hospedagem e da segurança do ambiente. Amigos e familiares também podem ajudar.

 

  • Após fazer check-in, segure a porta do quarto com a mala enquanto verifica todos os cômodos da hospedagem. Procure por câmeras espiãs, confira se o telefone está funcionando e se não há ninguém no local. Se a hospedagem tiver “olho mágico” na porta, pode ser oportuno cobri-lo.

 

  • Durante a estadia, se alguém bater à porta anunciando serviço de quarto ou camareira sem ter sido solicitado anteriormente, ligue para a recepção antes de abrir a porta e confirme que o serviço foi enviado.

 

  • Agora um sucesso no TikTok: existem travas portáteis que podem ser adquiridas e reforçar a segurança da hospedagem. A premissa dos objetos é simples: encaixar na porta e afixar à parede, impedindo a entrada de pessoas externas que possam ter a chave do quarto. Varejistas como Amazon, Magazine Luiza, Mercado Livre e Shopee têm travas portáteis à venda.

 

  • Se não dá tempo comprar uma trava portátil, é possível posicionar objetos pesados, como tábuas de passar roupa, em frente à porta para servir de alerta durante uma invasão.

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