Mototaxista negro abaixa as calças para provar que não furtou picanha
Ordenar a retirada de roupa durante abordagem é prática ilegal e vedada pela Constituição Federal
Um mototaxista passou por um constrangimento ao ser acusado de roubar uma peça de carne em um supermercado, localizado no Rio de Janeiro. O caso ocorreu na véspera de Ano Novo, no dia 31 de dezembro.
Na ocasião, Alex Silva Pereira, de 33 anos, foi abordado e acusado por seguranças do local de ter furtado uma picanha. Para provar que não furtou a carne, o trabalhador teve que abaixar as calças.
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O caso ocorreu em uma unidade da rede de supermercados Guanabara, localizada no bairro Penha, na zona Norte do Rio. Em depoimento ao portal G1 Rio de Janeiro, Alex relata sofreu racismo por parte da equipe de segurança da rede de supermercados.
Ele conta que não conseguiu apresentar a nota fiscal da compra porque a abordagem foi muito rápida.
"Chegaram segurando na minha capa de chuva, entendeu? Levantando e falando pra mim: ‘Tira pra fora o que você roubou lá dentro, rapaz, o que tá debaixo da sua roupa aí? Vambora, a câmera já mostrou tudo!’. Aí eu falei: Calma aí, cara, não é dessa forma não, bom dia'”, disse Alex ao G1.
De acordo com o trabalhador, a picanha seria preparada em um churrasco de fim de ano com os colegas do ponto de mototáxi. O mototaxista abriu um processo contra o supermercado pela abordagem constrangedora.
Em esclarecimento prestado nas redes sociais, a rede de supermercados informou que os seguranças não pediram que o cliente retirasse a roupa durante a abordagem. A ação é uma prática ilegal e vedada pela Constituição Federal. No entanto, tão pouco os seguranças impediram que a situação acontecesse.
De acordo com o Guanabara, os funcionários ainda não seguiram as regras adotadas pela empresa de verificação de nota fiscal do cliente e, por isso, foram demitidos.
"Esclarecemos que repudiamos e não toleramos qualquer forma de discriminação e intensificaremos o ciclo de treinamento", pontuou a empresa.