Do cristianismo à Umbanda, como as religiões celebram o Natal?

Ainda que de formas distintas, praticantes de outros tipos de fé, além da cristã, celebram o Natal; entenda

Marcado pela tradicional ceia e pela troca de presentes, o Natal é celebrado nos lares de milhares de pessoas em todo o mundo em 25 de dezembro. A celebração não é comemorada apenas pelos cristãos, mas por pessoas de diferentes tipos de fé, que vêem na data a possibilidade de estar em comunhão com aqueles que amam.

Apesar de terem crenças e formas de entender o plano superior distintas, as religiões e filosofias espirituais que comemoram o Natal mantêm um ponto em comum: todas elas celebram o amor. Seja com gestos de solidariedade, com cultos ou missas em adoração ao nascimento do menino Jesus, a mensagem de fé e esperança propagada pela humanidade no Natal abraça todos aqueles que desejam prosperidade e boas novas tanto ao próximo como para si mesmos.

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Catolicismo

Para os católicos, há toda uma preparação que antecede o nascimento de Jesus Cristo. O padre Ivan de Souza, da Paróquia e Santuário de Nossa Senhora de Fátima, lembra a importância da data, que é marcada pela vinda do Salvador, o Filho de Deus.

“Se tirarmos isso da festa, ela será como qualquer outra, um comes e bebes com presentes etc. Então, o Natal para nós é uma celebração que deve acontecer não só na igreja, mas também na família”, afirma o padre.

Conforme o pároco, as cores são muito importantes na celebração da Igreja Católica. Quatro velas são acesas, remetendo à presença da salvação de Jesus no mundo. Cada uma delas têm uma determinada cor, podendo ser verde, para representar a esperança; vermelha ou rosa, sinalizando a alegria; roxa, para significar a conversão; e branca, como sinal da paz.

É costume dos membros de movimentos e pastorais litúrgicas utilizarem vestes brancas na celebração da missa natalina.

“Fazemos na celebração a procissão com o Menino Deus, pegamos ele do presépio e apresentamos à comunidade. Outra forma de apresentação é com um bebê e um casal, representando Jesus, Maria e José. Assim queremos dizer que toda criança deve ser amada e respeitada, para que todas as crianças possam se identificar com o Menino Jesus”, detalha Ivan.

O padre reitera que o Natal é a celebração da vinda de Jesus Cristo para salvação de toda a humanidade. “O Senhor vem visitar o seu povo para restaurar as famílias, a comunidade e a humanidade, para que possamos ser mais justos, solidários e construtores da paz. Ele armou sua tenda no meio de nós”, diz.

Protestantismo

Nas igrejas evangélicas, a celebração do Natal é realizada com cultos de ações de graça pelo nascimento de Jesus Cristo, o Salvador. Na liturgia do culto, e isso depende de cada igreja, será apresentada uma peça teatral, um jogral ou cantata onde o tema do nascimento do messias é enfatizado assim como a sua missão.

Pastor da Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Brasil no Ceará (IEADBCE), Arlem Couto explica que a data de 25 de dezembro é apenas simbólica para a cristandade. “Porém, abraçamos a ideia de celebrarmos por entendermos que o evento do nascimento é muito importante, pois sem a encarnação do Filho, sua morte e ressurreição não seriam possíveis”, destaca Arlem.

De acordo com o pastor, apesar de nos últimos dez anos uma parcela da cristandade evangélica brasileira, a qual ele denomina de igrejas apostólicas (onde o pastor principal tem o cargo de apóstolo), dar ênfase à ideia de que o festejo do Natal seja uma festa pagã e, por isso, não o celebrar mais, a maioria acompanha a postura dos que testemunharam tal evento registrado no evangelho de Lucas 2:8-20, da Bíblia Sagrada.

Nos referidos versículos, a escritura pontua que o anjo que anunciou o nascimento de Jesus Cristo o fez com grande alegria. A notícia foi celebrada pelo povo de Deus, as potências celestiais e os pastores. “Logo, nós também o celebramos independente de sabermos a data exata do seu nascimento”, diz Arlem.

O pastor também afirma que não há necessariamente um costume, tradição ou mesmo ritual a ser realizado por orientação bíblica como regra de fé e conduta no dia do Natal. “Apenas costumeiramente acompanhamos a cristandade de forma genérica, aderindo à data de 25 de dezembro, nos reunimos em família para cearmos e trocamos presentes”, conta.

Por outro lado, Arlem enfatiza a independência e autonomia de cada denominação evangélica no que diz respeito aos símbolos atrelados aos festejos natalinos. “Acredito que o único ponto convergente referentes a símbolos seja a rejeição da figura do papai noel, no geral, usa-se a estrela que guiou os magos, a figura de pastores de rebanhos, e este como parte do conjunto do que popularmente é chamado de presépio”, destaca.

Ele comenta ainda que, nos lares evangélicos, não de forma geral, a árvore de Natal é encontrada com seus enfeites, os pisca-piscas, flocos de neve, os festões (fio com ornamentos) verdes com branco e outros adereços. “Porém este último não podemos dizer que seja uma tradição evangélica, e sim um costume da cristandade de forma geral.”

Espiritismo

Para o Espiritismo, definido por Allan Kardec — importante codificador do espiritismo — como uma ciência que tem por objeto de estudo os Espíritos e sua relação com o mundo material, o Natal não tem nenhuma forma de culto ou celebração especial. O educador e espírita membro do Centro Espírita André Luiz (Ceal Fortaleza), Cícero Margerlânio, pontua que há profundo respeito pelo que a data simboliza para o mundo cristão.

“É tempo de renovação, de celebrar a boa nova, o tempo de paz e a esperança que Jesus, modelo e guia para os espíritas, representa”, afirma Cícero.

Segundo ele, a maioria dos espíritas busca, durante este período, dedicar-se a reuniões com temáticas especiais e trabalhos assistenciais voltados aqueles que estão em situação de vulnerabilidade social. “A melhor forma de celebrar o aniversário de Jesus é buscar seguir os seus ensinamentos, em especial o amor ao próximo e o perdão”, comenta.

Cícero explica ainda que não há simbologias no Espiritismo para o Natal, como para qualquer outra data. “Os grupos espíritas se caracterizam pela simplicidade como forma de acolher todos que nos procuram buscando entender o sentido da existência. Nesse ponto, também usamos Jesus como modelo, pois o seu nascimento deve ser lembrado sempre pela simplicidade”, conclui o membro do Ceal Fortaleza.

Umbanda

Segundo Mãe Tecla do Caboclo Tupinambá, atual presidente da União Espírita Cearense de Umbanda, instituição mais antiga do Estado do Ceará a organizar os terreiros, as celebrações realizadas nos centros umbandistas estão diretamente relacionadas à caridade.

“Para nós, essa é uma data importante, pois os ensinamentos que Jesus Cristo deixou para a humanidade, que é o amor e a paz entre todos os povos, nós, umbandistas, fazemos como um exercício diário dentro dos nossos terreiros, ajudando as pessoas carentes, seja com cestas básicas, com amor e carinho ou ainda com uma palavra amiga. A caridade é nossa maior missão”, pontua a presidente.

Já a comemoração do dia do Natal para os umbandistas assemelha-se às tradicionais festas de fim de ano, com reunião de amigos e familiares em suas casas, celebrando a vida e desejando prosperidade uns aos outros.

“Nós, umbandistas, encerramos os trabalhos no terreiro antes do Natal e só o reabrimos em janeiro. Nesta época do ano, em que todos comemoram o Natal, especialmente os católicos, também comemoramos enfeitando as nossas casas, com a ceia, a árvore, o presépio e as trocas de presentes”, explica.

Mãe Tecla também relembra que o espírito natalino deve se manter vivo, não somente durante a véspera e o dia do Natal, mas durante todo o ano nos corações de todos. “Quando chega esta época do ano, muita gente fala sobre o espírito natalino, mas a verdade é que ele deve sempre existir dentro de nós”, conclui.

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