Ato contra Bolsonaro no Recife é dispersado pela polícia com balas de borracha e gás de pimenta

O momento foi transmitido ao vivo pelas redes sociais de páginas que apoiam o ato, que, até então, acontecia pacificamente, mas que descumpre decreto estadual que proíbe aglomerações

O ato contra o governo de Jair Bolsonaro que acontece na manhã deste sábado, 29, no Centro do Recife acabou em um confronto entre os manifestantes e a força policial. A Polícia Militar de Pernambuco usa spray de pimenta e bala de borracha para dispersar a multidão, e um dos militantes teria sido ferido. O momento foi transmitido ao vivo pelas redes sociais de páginas que apoiam o ato, que, até então, acontecia pacificamente, mas que descumpre decreto estadual que proíbe aglomerações de pessoas devido à crise sanitária causada pela covid-19.

Os policiais montaram uma barricada em cima da Ponte Duarte Coelho, e ainda avançam contra os manifestantes por volta das 12h30, que estão na Rua da Aurora, afastando-se do confronto. Bombas de gás lacrimogênio são lançadas contra os militantes.

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O protesto teve concentração na Praça do Derby, por volta das 9 horas, e conta com a presença de centrais sindicais, movimentos estudantis e sociais e representantes da sociedade civil, que denunciam ações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de sua equipe principalmente durante a pandemia da Covid-19.

O que se observa no ato é o uso massivo de máscaras - principalmente do tipo PFF2/N95, a mais recomendada para vedação contra o vírus, segundo estudo recente da Universidade de São Paulo - e a tentativa de se manter um distanciamento social e fornecer álcool para higienização das mãos. Mas, mesmo assim, aglomerações são registradas. Os militantes carregam bandeiras e cartazes, muitos com os dizeres: "Fora Bolsonaro, Mourão e militares", "Cadê a vacina, Bolsonaro?" e "Não tem vacina? A culpa é dele!". A passeata começou em torno das 10h40.

Além das críticas a Bolsonaro, outras pautas também são trazidas pelo ato, como detalha o representante da Central Sindical e Popular (CSP) Conlutas no Recife, Carlos Elias. "A principal reivindicação é derrubar o governo Bolsonaro e Mourão, mas também é pelo auxílio emergencial para todas as pessoas que estão passando por necessidade, contra a reforma administrativa que vai atacar a saúde e a educação, destruindo serviços públicos, contra as privatizações, contra a destruição do meio ambiente e em apoio à luta dos povos indígenas", explicou.

Ainda, denunciou as medidas tomadas pelo Governo de Pernambuco e pela Prefeitura do Recife. [Estamos aqui para] denunciar também o negligenciamento com as medidas sanitárias tanto no governo Bolsonaro, quanto no governo Paulo Câmara, e aqui, no Recife, do governo João Campos", disse Elias.

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Segundo levantamento da BBC News, o protesto contra o governo Bolsonaro estaria marcado para este sábado em pelo menos 85 cidades brasileiras. Nessa sexta, 28, a 34ª Promotora de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital, com atribuição na Promoção e Defesa da Saúde do MPPE, expediu a Recomendação referente ao Procedimento Administrativo nº 02061.000.268/2020 para a não realização de quaisquer atos que possam vir ocasionar aglomerações de pessoas.

O documento destinava-se aos integrantes das Frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a União Nacional dos Estudantes (UNE), bem como as demais entidades e movimentos sociais que estão convocando e convidando a população para o ato em questão.

Ainda assim, muitas organizações decidiram manter a manifestação. "Fizemos um encontro ontem com todas as lideranças que estão hoje nessa atividade, e agora mesmo estamos seguindo todos os protocolos, existe uma equipe que está fazendo o processo de separar as pessoas e higienizar as suas mãos. A princípio, seria uma caminhada até o centro, mas foi abortada. Não vai ter mais a caminhada, mas sim um ato simbólico envolvendo todas as entidades e movimentos sociais que estão aqui", relatou o diretor da Federação Única dos Petroleiros, Luis Lorenzon.

Horas após a concentração na Praça do Derby, contudo, os manifestantes decidiram sair em caminhada pela Avenida Conde da Boa Vista. A classe dos petroleiros protesta, principalmente, contra as privatizações em curso no país. "Sabemos do compromisso que temos não só conosco, militantes, mas também com a própria população. Dessa forma, queria deixar claro que a gente vem aqui externar a nossa pauta dos petroleiros, e dizer que somos contrários a esse processo de privatização que está em curso no Brasil todo", expôs Lorenzon.

Petrolina

A manifestação também ocorre na Praça Maria Auxiliadora, no Centro de Petrolina, no Sertão do Estado, e vai circular por algumas ruas do Centro da cidade. Segundo os organizadores, há orientações para que os presentes respeitem as medidas sanitárias de proteção à covid-19.

“Estamos organizando três filas, respeitando a distância de 1,5m das pessoas. Temos seis faixas para facilitar a distribuição [dos manifestantes], e durante todo o ato terá distribuição de álcool em gel por nossa equipe de segurança, também estamos distribuindo máscaras PFF2 para pessoas e a equipe de segurança mai estar vigilante para que as pessoas não se aglomerem, retirem ou abaixem a máscara”, explicou Fernanda Vilas Boas, membro da União da Juventude Comunista (UJC).

O ato tem a participação ainda de membros do Diretório Central dos Estudantes da Univasf, União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (UESPE), Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação (SINTEP), Seção sindical dos docentes da UNIVASF (SINDUNIVASF), Sindicato dos Trabalhadores Assalariados Rurais (STAR), Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica (Sinergia), Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf), Associação Raízes, Coletivo Cores, Rua Juventude Anticapitalista, União da Juventude Socialista (UJS) e dos movimentos Olga Benário e Luta de Classes (MLC).

“Estamos defendendo a vida do povo brasileiro. Vemos o que o governo federal, desde o começo, não tem tomado nenhuma medida efetiva contra a pandemia e ainda menosprezou a disseminação do vírus. A situação do país está cada vez pior, com preços altos de alimentos, gás e da gasolina, e com o desemprego se mantendo. Também estamos defendemos a vacinação da população. O vírus não é o único culpado [pelo cenário atual], mas também o governo federal”, disse Bruno Melo, membro da Unidade Popular (UP).

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Katarina Moraes do Jornal do Commercio para a Rede Nordeste

* Com informações da repórter Cinthia Ferreira da TV Jornal

 

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