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Em documentário, Anitta fala sobre estupro na adolescência: "Faz pouco tempo que parei de achar que isso é culpa minha"

Antes do relato de Anitta, a série mostra que nem a família nem os amigos da cantora sabiam sobre o abuso
10:28 | Dez. 16, 2020
Autor Redação O POVO
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Dona de hits internacionais e seguida por uma legião de fãs, a cantora Anitta estreou nesta quarta-feira, 16, na Netflix sua nova série documental ‘Anitta: Made In Honório’. Com seis episódios, a produção relembra os fatos da vida da cantora desde a infância até o sucesso mundial que tem hoje. Pela primeira vez, ela contou sobre o abuso sexual que sofreu quando tinha 14 anos e como isso a mudou.

(O trecho pode conter gatilhos para pessoas sensíveis ao tema)

O relato acontece ainda no primeiro episódio, sozinha, ela fala sobre como tudo aconteceu, visivelmente emocionada. "Oi, todo mundo. Vamos lá. Nunca expus isso em público. Sempre me coloquei em umas relações meio abusivas. Quando eu tinha 14 pra 15 anos, eu conheci uma pessoa e eu tinha medo dele. Ele era autoritário comigo, falava de forma autoritária. Eu não sei, eu era diferente quando adolescente, não era do jeito que sou hoje em dia", começa ela.

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Em seguida, Anitta conta, com lágrima nos olhos, que convidou por medo o homem para outro lugar. “Ele estava muito muito muito nervoso, muito estressado. Eu estava com bastante medo das reações dele quando tava estressado e eu acabei perguntando se ele queria ir pra algum lugar, só nós dois. Na mesma hora ele parou o estresse dele e perguntou se eu tinha certeza. Falei que sim, mas hoje tenho plena certeza que falei que sim porque eu estava morrendo de medo do estresse dele, sabe?”, refletiu ela.

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Mesmo mudando de ideia, o namorado da época não escutou e continuou com o ato. Ainda aparentando estar abalada, Anitta segue relembrando sobre o caso. "Quando cheguei lá eu realizei que não era certo eu fazer aquilo por medo nem nada. Eu falei que não queria mais, mas ele não ouviu. Ele não falou nada. Ele só seguiu fazendo o que queria fazer. Quando ele acabou, ele saiu, foi abrir uma cerveja, e eu fiquei olhando assim pra cama cheia de sangue”, ressaltou ela, explicando também que nunca contou nada ao público porque se culpava pelo abuso.

A cantora revelou também que tinha medo do julgamento das pessoas. "Faz muito pouco tempo que parei de achar que isso é culpa minha. Faz muito pouco tempo que eu parei de achar que eu causei isso pra mim. Sempre tive medo do que as pessoas iam falar. ‘Como ela pode ter sofrido isso e hoje ser tão sexual, ser tão aberta?’. Não sei. O que eu sei é que peguei isso que vivi e transformei numa coisa pra me fazer sair por cima, me fazer sair melhor”, ainda explicou ela.

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A partir daí, a cantora ressalta que transformou a dor da Larissa, seu nome real, em força para crescer como Anitta. “Pra todos vocês que se perguntam daonde que nasceu Anitta, nasceu daí. Nasceu da minha vontade e necessidade de ser uma mulher corajosa, que nunca ninguém pudesse machucar, que nunca ninguém pudesse fazer chorar, que nunca ninguém pudesse magoar, que sempre tivesse uma saída pra tudo. Foi daí. Eu criei essa personagem aí”, finalizou Anitta, visivelmente emocionada com o relato.

Amigos e família não sabiam

Abrindo esse bloco, a mãe de Anitta e o irmão, Miriam Macedo e Renan Machado, começam falando que nem mesmo eles sabiam sobre a violência sofrida por ela. Miriam afirma que via mudanças na filha, mas achava que se referia a questões da carreira. “Eu via ela triste de vez em quando, via chateada, mas, pra mim, eram as coisas que ela não conseguia”, explicou a mãe.

“Faz muito pouco tempo. Ela chamou eu, meu pai e minha mãe pra conversar. Ela pediu que a gente nem olhasse pra ela. Estava começando a se boicotar, não comer, não estar feliz, criar defesas dentro dela pra suportar esse segredo. Resolveu botar isso pra fora, nos contar”, disse o irmão Renan, lembrando sobre como soube da informação.

Paulo Pimenta, assessor de imprensa da cantora, conta que Anitta ligou para ele em uma madrugada e, chorando, disse que precisava contar algo a ele. "Era por volta das 3h30min da manhã, ela me ligou, e logo que eu falei alô, ela já tava chorando muito, dizendo que precisava me contar uma coisa", revelou ele.

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